O setor florestal brasileiro nunca esteve tão em alta como nos tempos que vivenciamos hoje. Além de ser um agente propulsor de práticas sustentáveis, o setor se beneficia de um negócio que se mantém competitivo economicamente. O cultivo de florestas plantadas para a produção de papel, celulose e produtos derivados vem se demonstrando resiliente e rentável mesmo com as incertezas do cenário macroeconômico, fomentando um cenário de expansões e novos investimentos.
Apesar do cenário positivo que vem se desencadeando nos últimos anos, o setor necessita permanecer vigilante, visto que a produtividade das florestas plantadas e a escassez de mão de obra qualificada se têm apresentado, por sua vez, como fatores-chave e desafiadores para a garantia da competividade no longo prazo.
Diante de todo esse contexto, se fortalece ainda mais a busca constante por alternativas e soluções que suportem o gerenciamento de toda a cadeia, trazendo mais eficiência para as operações, confiabilidade para as tomadas de decisão e a garantia de práticas sustentáveis.
Um forte aliado nesse cenário e que vem sendo aprimorado a cada ciclo é o uso contínuo e eficaz de tecnologias. Seja no campo, através da automação de máquinas e equipamentos, seja nos escritórios com análises avançadas de dados. O uso de ferramentas avançadas de análise de dados já demonstra resultados significativos em garantir um planejamento adequado de recursos no médio e longo prazo. Adicionalmente, destaca-se também a atuação de forma preventiva e, às vezes, preditiva em relação aos diversos ofensores que assolam a produtividade das florestas, por meio de dados provenientes de técnicas de sensoriamento remoto e analytics.
Em tempos de constante transformação no que se refere a tecnologias disponíveis no mercado, nos últimos tempos temos ouvido muito sobre Inteligência Artificial (IA), campo da ciência da computação que busca criar máquinas capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana.
Por meio do processamento e interpretação de um grande volume de dados, este tipo de tecnologia pode auxiliar nas tomadas de decisões complexas e que, muitas vezes, podem ser subjetivas. Cases de sucesso já estão sendo praticados de forma aplicada em toda a cadeia florestal, alavancando as estratégias de redução de custo, ganhos de eficiência operacional e suporte à tomada de decisão.
Destaco alguns exemplos notáveis em diversas áreas do segmento: identificação de mato-competição por imagens de satélite, contagem de plantas por imagens de drone, identificação de florestas com danos com imagem de satélite, modelagem de dados LiDAR para estimativa de volume, câmeras de fadiga para caminhões de transporte de madeira, alertas de ocorrências de fumaça nas florestas por monitoramento de vídeo câmeras.
Outras técnicas de IA podem prever o crescimento da floresta e a demanda de matéria-prima. Modelos de otimização podem melhorar a eficiência do transporte, colheita e alocação de recursos em geral para um planejamento mais assertivo.
A inserção de tecnologias emergentes estão se tornando ferramentas fundamentais para transformar e modernizar o setor. Um ponto importante de todo o processo de transformação é o uso de Inteligência Artificial como o meio e não o fim. O foco principal deve estar concentrado em priorizar entregas que geram valor para o negócio, utilizando de maneira prática, errando rápido e se adaptando de maneira evolutiva.
A execução dessa esteira é complexa e traz inúmeros desafios junto à aplicação. Um dos principais está relacionado com as pessoas envolvidas em toda a cadeia. Estar engajado e direcionado em um mesmo objetivo (curto prazo) e também em um mesmo propósito (longo prazo) certamente é a chave para o sucesso na adoção e criação de inovações em geral.
As pessoas são o elo principal e responsáveis diretas em conectar a tecnologia ao processo/fluxo de trabalho em que estão inseridas. São elas que podem extrair o valor máximo que alguma tecnologia pode entregar. Integrar times com expertise técnica em dados e/ou tecnologias em geral dentro do negócio é uma alternativa que conecta os desafios e aproxima a mudança de cultura organizacional fomentada em toda a cadeia por meio de transformação digital.
Ainda nesse contexto, a escassez de mão de obra qualificada permanece sendo uma questão central. Habilidades como pensamento analítico, aprendizagem ativa e letramento digital serão fatores de sucesso para o futuro do trabalho nos próximos anos (2023-2027), de acordo com o relatório “Future of Jobs Reports” publicado pelo World Economic Forum em 2023.
Agindo hoje e com uma visão de médio e longo prazo, o setor precisa fortalecer ainda mais as iniciativas e programas de capacitação, focados em educação e desenvolvimento dessa mão de obra, no intuito de estar preparada e apta a encarar os desafios sob uma ótica diferente e transformá-los em oportunidades. Certamente haverá uma mudança significativa na forma como executamos hoje nossas tarefas cotidianas.