Coordenador de Florestas da Emater no Paraná
Op-CP-04
No Paraná, diretrizes de uma nova política florestal produtiva para o desenvolvimento do setor, adequado às diversas regiões do estado, vêm sendo implementadas visando o atendimento à demanda por produtos de origem florestal e futura expansão das atividades industriais da cadeia produtiva da madeira, aliada à geração de empregos, renda e qualidade de vida, tanto na zona rural, como urbana.
A madeira representa o segundo produto de exportação no agronegócio do estado. O PR é responsável por 40% das exportações brasileiras de madeira plantada, é grande produtor de derivados e gera mais de 300 mil empregos no setor. Embora tenha área e clima extremamente favoráveis para a produção de matéria-prima, trabalhos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, no ano de 2.005, apontavam para a necessidade de plantio anual de aproximadamente 53 mil hectares de florestas, para atender a demanda existente no estado, além do que já vem sendo plantado.
Os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria de Agricultura, em 15 das 20 regiões do estado, indicam que os efeitos do déficit de matéria-prima de origem florestal já são sentidos pela base industrial, em aumentos significativos nos preços da matéria-prima utilizada. A crise na oferta de madeira, para todos os setores, indiscriminadamente (energia, madeira serrada, painéis, etc.), já é observada, com o encerramento de atividades de um grande número de empresas de base florestal.
Mesmo com a criação de mecanismos que propiciem o incremento da área florestal plantada, o equilíbrio entre oferta e demanda somente poderá ser restabelecido a partir de 2021, haja vista o tempo exigido pelo cultivo florestal para produção de madeira com qualidade industrial e comercial. Caso não se desenvolvam tais mecanismos, cujas eficiências já foram comprovadas em projetos pilotos conduzidos pela SEAB, através da Emater e indústrias do setor, os impactos da falta de madeira serão fortemente verificados na área econômica, social e ambiental, com a redução da produção industrial, aumento do desemprego e pressões sobre os remanescentes florestais nativas.
Tendo-se em vista que o cultivo florestal, para o futuro, deve ser sustentável, ou seja, ambientalmente equilibrado, socialmente justo e com viabilidade econômica, trabalhos direcionados à implantação de sistemas de produção, que considerem os três fatores simultaneamente, em pequenas e médias propriedades rurais, vêm sendo implementados, pois os custos da equidade dos três fatores, no caso da agricultura familiar (dominante nestes estratos de área), são bastante reduzidos, quando comparados aos custos das grandes empresas.
Tal cenário projeta uma oportunidade favorável à madeira produzida em sistemas que possam dar respostas a esse novo enfoque da produção. Esta nova visão deve contemplar aspectos racionais de uso e manejo dos recursos disponíveis. Como por exemplo, a introdução do componente florestal nos sistemas típicos de produção e utilização de sistemas agrossilvipastoris, proporcionando: incremento de produtividade agropecuária, madeira de alta qualidade, melhoria ambiental, proteção contra adversidades climáticas, manutenção e recuperação de recursos naturais, além de incrementos significativos na renda das propriedades rurais.
Nesse enfoque, outros pontos serão afetados positivamente, como: manutenção/geração de empregos, disponibilidade de recursos futuros, desenvolvimento de indústrias do setor e acesso a novos mercados, dentre outros. Com relação à área produtiva primária, observa-se em todo o estado uma mudança de direcionamento de atividades dos produtores rurais que, preocupados com a atual situação (meio ambiente e suporte técnico-econômico de suas propriedades), buscam alternativas de uso dos solos.
Nesse contexto, nota-se que o maior problema refere-se ao uso inadequado de tecnologias ou modelos de produção, causando sérios problemas ligados, principalmente, à erosão/exaustão dos solos, com declínio da fertilidade e de características físico-químicas. O uso impróprio de áreas, com restrições em sua aptidão agrícola, após a utilização em plantio de culturas anuais, acarreta a utilização das mesmas como pastagens, com baixíssima capacidade de suporte, e devido a fatores anteriormente citados, demonstram a inviabilidade de sua utilização intensiva, sendo favorecidas pelo componente florestal ou sistemas agroflorestais.
Outro fator observado é o diminuto investimento no setor da produção, em função da descapitalização dos produtores e falta de linhas de crédito adequadas para a introdução da atividade e falta de capacitação dos produtores. O desenvolvimento sustentável do PR não será alcançado se for buscado de uma forma parcial. É necessário discutir a integração entre as atividades rurais.
Não se pode desenvolver projetos isolados da pecuária, da agricultura ou da silvicultura. A realidade tem nos mostrado a fragilidade da sustentabilidade destas propostas. É preciso garantir a manutenção da capacidade dos recursos para as próximas gerações e, nesta ótica, o cultivo florestal é extremamente relevante, quando integrados aos sistemas de produção desta ou daquela região.
A base para o desenvolvimento está na integração dos componentes pecuário, agrícola e florestal, de maneira a contemplar as questões pertinentes à mitigação de seus impactos no meio ambiente, permitindo a máxima biodiversidade possível, o uso adequado do solo e a conservação da água. O efeito da floresta produtiva para a sustentabilidade é inegável.
O governo do PR, assumindo seu papel frente às necessidades do setor, tem desenvolvido ações para soluções dos problemas apresentados, iniciando com a transferência da área de produção florestal da Secretaria do Meio Ambiente para a Secretaria de Agricultura e a implantação do Programa Florestal Produtivo Madeireiro (PFM100), que pretende atingir uma área, em cultivos florestais, de 2 milhões de ha, nos próximos 20 anos. Para tanto, as ações em fomento florestal são de relevante importância.