É impressionante a veracidade do dito popular “vivendo e aprendendo”. E não é diferente na silvicultura.Após mais de 40 anos plantando eucalipto, reunimos um grupo de “cabelos brancos e sem cabelos” para, num compromisso assumido na mesa de um bar, fazermos as melhores florestas de eucalipto das que já havíamos feito até então.
Compromisso assumido, mãos à obra. Planejamento, estudos, análises, negociações, enfim, tudo meticulosamente analisado e pensado com toda nossa experiência e seguindo as melhores práticas silviculturais. Nada de exageros... Um feijão com arroz. E a história se repetiu, porém, com uma maior preocupação, as pessoas precisavam fazer a diferença. Treinamento, treinamento, treinamento de todo o pessoal, boa remuneração e foco muito grande e rigor na qualidade, visando obter uma excelente floresta plantada de eucalipto. E assim está acontecendo.
Já passamos da época em que a implantação de uma unidade industrial processadora de madeira contabilizava em seu projeto 90% de madeira própria em terras adquiridas ou arrendadas. As mudanças no mercado financeiro também estabeleceram mudanças no setor florestal, e a madeira, que, antes, tinha preços aviltados decorrentes de incentivos fiscais e de plantios sem fonte consumidora, entrou também como uma opção no mercado financeiro. Madeira a preço de madeira, remunerando investimentos de longo prazo.
Mais do que nunca, o silvicultor, aproveitando das expertises do mercado financeiro, aprimorou controles, afinou planejamento e otimizou o retorno do investimento, trabalhando muito com redução de custo da madeira em pé. Fico a imaginar as dificuldades que dois grandes mestres, José Luiz de Magalhães Neto e Walter Suiter Filho, enfrentavam na década de 1970, para controlar investimentos e custos com as pouquíssimas ferramentas de controle da época.
Hoje, mais do que nunca, o mercado oferece inúmeras ferramentas de controle além daquelas personalizadas, que são simples, práticas, amigáveis e eficientes. Os controles, praticamente online para o universo florestal, passaram a ser um aliado de primeira linha, auxiliando, em muito, as tomadas de decisões e afinando prognoses volumétricas e financeiras.
Madeira é o produto do negócio florestal, onde o nível profissional e o mercado fazem a diferença, que resulta em retorno financeiro favorável ao investidor. É bem significativa a presença de investidores no negócio florestal e, com certeza, o mercado norteará novas evoluções.
É preciso ficar atento! É preciso atualizações! Também é preciso saber aplicar com muito profissionalismo o que há de melhor no mundo que é a silvicultura brasileira, sem nunca esquecer que pessoas precisam ser treinadas, respeitadas, remuneradas, além de cobradas na qualidade dos serviços realizados.
O sucesso de um projeto florestal não está restrito apenas à silvicultura. Um projeto florestal da atualidade contempla a vontade política da região onde será implantado, a viabilidade das licenças e das autorizações, o envolvimento das comunidades do seu entorno, que também precisam ganhar com o projeto, a sua certificação, que, inclusive, se constitui uma segurança a mais para o investidor, além de infraestrutura, para que a madeira chegue ao centro consumidor a valor competitivo, ou seja, um contexto complexo e necessário.
As oportunidades de crescimento do negócio florestal nas regiões produtoras de madeira são evidentes. Regiões não tradicionais também já apresentam alguma potencialidade. Para o sucesso continuado das regiões tradicionais, bem como para que novas fronteiras se firmem como potenciais para o negócio florestal, mais do que nunca, a pesquisa florestal precisará marcar sua presença. Clones potenciais, práticas silviculturais, mecanização competitiva, otimização no uso de insumos, inovações, enfim, uma série de quesitos devem e precisam estar nas mãos do silvicultor.
Para tal, o investimento e a inteligência precisam ser muito bem aplicados nos dias atuais, para que novas gerações mantenham o status do Brasil como o país da melhor silvicultura de floresta plantada de eucalipto do mundo. Ainda vamos aprender muito no negócio florestal e poder aproveitar, sabiamente, da sombra produzida pelas florestas plantadas.