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Celso Edmundo Bochetti Foelkel

Consultor e Escritor Especialista em Florestas

As-CP-14

O papel do papel

Entre erros e acertos, entre avanços e retrocessos, entre picos e vales, a humanidade vai caminhando em direção ao seu futuro. Vivemos atualmente uma perigosa e singular busca por prosperidade. Cada cidadão passou a acreditar que, para ser próspero, feliz e poderoso, ele precisa ter bens materiais que sejam admirados pelos demais. Por isso mesmo, essa época passou a ser denominada de era da “sociedade de mercado”, em que quase tudo se apoia na produção e no consumo de mercadorias.

Infelizmente, esse tipo de prosperidade afeta demais os recursos do planeta, pois as reservas naturais são finitas, mas os sonhos das pessoas por prosperidade mercadológica não o são. O papel, um dos produtos mais consumidos pela sociedade, não tem como missão conferir mais ou menos poder aos que o possuem. As pessoas não se tornam mais poderosas ou prósperas que as vizinhas se tiverem muito mais papel armazenado em seus lares.

Entretanto o consumo do papel dá mais felicidade às pessoas de forma indireta, na forma de consumo de papéis para fins sanitários e higiênicos, em livros, revistas e jornais, em rótulos e embalagens de produtos comprados, etc. A sociedade é tão integrada ao papel que nem se dá conta das quantidades desse produto, que consome diariamente, em seus mais variados tipos.

As pessoas, definitivamente, estão sempre tendo contato com papéis, e isso poderia alavancar formas inusitadas de comunicação em massa. O papel é um produto natural, renovável, reciclável, biodegradável, incinerável e ainda tem muitos outros atributos favoráveis à natureza. Entretanto, como qualquer outro produto industrial, ele consome quantidades importantes de insumos químicos, energia, água e ocupa terras para plantações florestais. Também se geram poluentes hídricos, aéreos e resíduos sólidos para serem tratados e dispostos de formas adequadas, com mínimos impactos ambientais.

Os processos de produção de celulose e papel evoluíram bastante, favoravelmente, nas últimas duas décadas. Foram avanços significativos na redução de consumos de matérias-primas, insumos e geração de poluentes. As principais forças motrizes para esse melhor desempenho do setor estão associadas às certificações florestal e ambiental, legislação e licenciamento ambiental, avanços científicos e tecnológicos, responsabilidade empresarial corporativa, forças de mercado e busca de uma imagem mais positiva em relação à sociedade, à mídia e às entidades ambientalistas.

Apesar dos grandes avanços, existe ainda um longo caminho a ser percorrido pelo setor de celulose e papel, já que a busca por sustentabilidade é algo que nunca termina. A cada dia, teremos um novo futuro a nos desafiar e a exigir mais ações pelas práticas de sustentabilidade. Por essa razão, existe muita responsabilidade e, ao mesmo tempo, muitas preocupações em relação ao futuro do setor que produz e comercializa celulose e papel.

A responsabilização se revela na contínua busca da melhoria ambiental e social, enquanto as preocupações se atrelam a não perder ou não desperdiçar as conquistas socioambientais já atingidas (certificações, imagem, licenciamentos, melhores práticas, indicadores de desempenho, diálogos, transparência, respeito, compromissos, etc.).

Talvez, no momento atual da humanidade, o que mais poderia ajudar a minimizar os impactos desse consumismo desenfreado da sociedade de mais de sete bilhões de habitantes seria uma campanha global pelo consumo consciente. Mesmo que essa ação venha a causar diminuições em produções e vendas em função dos menores desperdícios pela sociedade, isso seria paulatino e perfeitamente absorvível pela economia das nações.

Considero, até certo ponto, irracional e também irresponsável acreditar que os crescimentos dos PIB’s das nações possam se manter positivos entre 2 a 10% ao ano. Algo vai faltar (água, energia, alimentos, terras aráveis, etc.), e isso pode ser logo, impactando empresas, cidadãos, ecossistemas e suas relações. Quase todos perderão – os poucos que ganharem acabarão por terem sucesso de curto prazo.

Por isso mesmo, amigos, está na hora de uma ampla campanha por ecoeficiência e pelo consumo consciente, que poderia começar pelos nossos lares, empresas, escolas, bairros e, por extensão, migrar para toda a sociedade. O papel poderia desempenhar um papel relevante nesse processo. Ele transfere mensagens a praticamente qualquer cidadão do planeta, que venha a usar papel.

Por isso, em qualquer campanha global que se quiser promover para se ter um planeta Terra melhor e mais sustentável, o papel, em quaisquer de seus tipos, poderia ajudar a comunicar mensagens e ensinamentos para as pessoas. Através de maneiras simples e eficientes, a indústria que fabrica e utiliza o papel poderia ser ferramenta vital nos processos de educação da sociedade para um mundo com melhores características de sustentabilidade.

Essa é, definitivamente, uma enorme força que o papel tem e que ainda não está sendo aproveitada. Que tal começar a fazer? Seria bom que isso acontecesse logo, pois se torna cada vez mais urgente trabalhar a sustentabilidade não apenas em nível de empresas e governos – mas, principalmente, no nível de cidadãos.