Me chame no WhatsApp Agora!

Júlio César Tôrres Ribeiro

Presidente da Cenibra

OpCP79

Mecanização: questão estratégica para competitividade
Não cabe aqui a discussão dos motivos, mas a escassez de mão de obra é um fato, e o setor florestal não ficou imune a esta realidade. A grande expansão de áreas de florestas cultivadas para atendimento a novos empreendimentos industriais por si só já gera a necessidade de entrada de milhares de novos profissionais no mercado a cada ano. 
 
As empresas precisam desenvolver estratégias eficazes de recrutamento e retenção de talentos, oferecendo condições de trabalho atrativas, oportunidades de crescimento profissional e um ambiente de trabalho saudável e seguro. Além disso, é fundamental promover a capacitação contínua dos empregados por meio de programas de treinamento e desenvolvimento. A formação profissional é essencial para acompanhar a velocidade da mecanização florestal.

A introdução de novas tecnologias e a automatização de processos exigem que os trabalhadores adquiram novas habilidades e conhecimentos. Programas de formação e qualificação profissional, como o curso de operação de máquina de plantio mecanizado oferecido pela Cenibra, são fundamentais para preparar os trabalhadores para essas mudanças.
 
Além disso, a formação humanizada, que inclui o desenvolvimento de competências interpessoais como comunicação, liderança e resolução de conflitos, é essencial para essas mudanças. A transformação no mercado de trabalho deve ser orientada pela substituição de tarefas repetitivas e pela criação de funções que exijam competências além do conhecimento técnico. Portanto, investir na formação dos empregados em áreas técnicas e interpessoais pode ser um diferencial competitivo significativo.

Na prática, mesmo considerando o empenho das empresas em grandes projetos de formação e treinamento de profissionais, não se tem conseguido equilibrar esta equação. A demanda por profissionais tem crescido, enquanto a oferta não acompanha esse ritmo, e isto é verificado desde as funções mais simples até as de grande nível de especialização. 

Este cenário complexo gera a necessidade de investimentos robustos em mecanização das atividades florestais para diminuir a demanda de novos profissionais e garantir o crescimento orgânico das áreas de florestas cultivadas.

Nos últimos 20 anos, vivenciamos a consolidação da mecanização da colheita florestal, substituindo as atividades de colheita com motosserra por máquinas florestais desenvolvidas especialmente para esse fim, trazendo maior segurança, eficiência, produtividade e diminuindo significativamente a necessidade de pessoas.

Foi um processo estruturado com o desenvolvimento de vários equipamentos e intensivo em treinamento e formação de operadores e pessoal de manutenção. Na silvicultura, não observamos a mesma velocidade de mecanização, apesar de várias iniciativas individuais e em conjunto das empresas. E quais as razões para este atraso?

A mecanização da silvicultura envolve a utilização de máquinas e equipamentos para realizar atividades florestais, como preparo de solo, plantio, adubação, irrigação e pulverização. O desafio é alinhar custo, pessoal e soluções tecnológicas adequadas e eficientes. A mecanização reduz os riscos associados às tarefas manuais, diminui o tempo necessário para a realização das atividades e contribui para uma gestão eficiente das florestas. No entanto, como ficam os custos?

As características específicas de cada local, como relevo, solo e clima, geram diferentes demandas de etapas de manejo e frequência de manutenção. Talvez este seja um importante dificultador no desenvolvimento de máquinas de plantio padronizadas e que possam ser utilizadas em qualquer local independente dos critérios acima. O resultado disso é a necessidade de máquinas adaptadas a cada realidade com maiores tempos de desenvolvimento e custos elevados.

Máquinas avançadas e especializadas representam investimento substancial para as empresas, o que muitas vezes torna a mecanização inviável sob o ponto de vista econômico quando comparada com a utilização de mão de obra, até então disponível no passado recente.

Além das máquinas, é essencial desenvolver implementos adequados para cada etapa de manejo e padronizá-los. Outro fator importante que impacta fortemente os custos de mecanização na silvicultura é o regime de trabalho em somente um turno diurno. Na prática, investe-se em equipamentos de milhões de dólares para se trabalhar efetivamente cerca de 6 horas por dia. 

O desafio e o paradigma a ser vencido é a execução das atividades de silvicultura em pelo menos 2 turnos e, idealmente, em 3 turnos, no que chamo de silvicultura 24 horas. Isto é algo que perseguimos na Cenibra e permitirá a redução do número de equipamentos necessários para menos da metade, otimizando custos de toda a cadeia produtiva. 

Todos os fatores acima podem ter contribuído para a lenta adoção da mecanização na silvicultura, uma realidade que precisa mudar e rapidamente. 

Dentre as ações imediatas, considero que as parcerias existentes entre empresas e as universidades para desenvolvimento de equipamentos mais flexíveis e adaptáveis aos diferentes cenários são um passo importante para superar essas dificuldades. A cooperação internacional também precisa ser mais bem explorada, permitindo o intercâmbio de tecnologias e práticas de manejo florestal.