Me chame no WhatsApp Agora!

João Fernando Borges

Diretor Florestal da Stora Enso Divisão América Latina

Op-CP-23

A indústria florestal e a bioenergia

Gerar energia é fundamental e imprescindível para o desenvolvimento dos países. Atualmente, os combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás –, respondem por mais de 80% das fontes de energia mundial. Esses combustíveis têm predominado desde que o petróleo passou a ser explorado em escala industrial, há cerca de 100 anos. Até então, a madeira era o principal combustível mundial.

O cenário atual é de crescente demanda de energia – principalmente nos países em desenvolvimento –, aumento de preços com o fim do petróleo “fácil” e sua volatilidade associada às crises internacionais, questões de segurança energética, mudanças climáticas, política agrícola e industrial dos países e consumidores verdes.

O futuro da bionergia e biocombustíveis será determinado por forças de peso. As regras dependerão de acordos internacionais, da legislação dos países e do desenvolvimento dos mercados. Qualquer que seja esse futuro, o certo é que haverá uma demanda crescente por bionergia e bioprodutos. Nessa perspectiva, a indústria de base florestal tem claras vantagens competitivas para ser protagonista nesse desenvolvimento.

A utilização de biomassa está na base dos processos de produção da indústria florestal – colheita e logística utilizadas na indústria de produtos de madeira, de celulose e papel ou de energia –, que se integra perfeitamente com os processos de produção de bioenergia e biocombustíveis.

As bioportunidades para a indústria florestal estão:
1. na produção de biomassa, como madeira energética, resíduos e pellets;
2. na  geração de energia e calor, substituindo combustíveis fósseis ou expandindo a capacidade de geração de sites já instalados;
3. na produção de biocombustíveis, convertendo biomassa em combustíveis líquidos; e
4. na  produção de bioquímicos e biopolímeros. Os dois primeiros segmentos já estão no estágio comercial. A produção de biocombustíveis de nova geração deve se tornar comercial nos próximos dois ou três anos.

Químicos baseados em lignina, polímeros e outros produtos estão em fase de desenvolvimento e devem tornar-se comerciais nos próximos anos. Nesse cenário, a Stora Enso tem a visão de, em 2020, desenvolver negócios expressivos na área de bionergia e assumir uma posição de liderança na produção e utilização de biomassa.

Para isso, o grupo já vem desenvolvendo parcerias na área de bionergia e biorefinaria, utilizando seu parque de fábricas de celulose e papel na Europa. Em 2007, a empresa de refino e desenvolvimento de mercado para combustíveis de baixa emissão Neste Oil e a Stora Enso criaram a NSE Biofuels Oy, uma joint-venture 50/50, para desenvolver tecnologia e produção de combustíveis líquidos renováveis.

A primeira etapa foi a construção de uma planta piloto de 12MW em 2007, junto à fábrica da SE em Varkaus, Finlândia. Em 2010, o consórcio iniciou o estudo de impacto ambiental para a construção de uma biorefinaria na Finlândia, em Porvoo ou Imatra, com capacidade prevista de 200 mil t/ano de diesel renovável de alta qualidade a partir de biomassa de madeira.

A decisão de investir numa planta em escala comercial ainda não foi tomada pela NSE. A cadeia de produção – da matéria-prima, tipo de biomassa de madeira e todo o processo para obtenção da parafina adequada ao refino para óleo diesel –, tem sido testada na planta piloto de Varkaus. Um dos benefícios desse projeto será permitir, ao longo do ano, o uso mais eficiente da geração de calor na biorefinaria.

O grande desafio para o consórcio NSE Biofuels é a conversão de biomassa de madeira em combustível líquido de alta qualidade. Não há dúvida de que, para a indústria de base florestal, as oportunidades em biorefinaria e bioenergia são reais e muito significativas. O estágio atual das tecnologias disponíveis recomenda que, para controlar os riscos envolvidos, deve-se avançar passo a passo.

Consórcios (JV) como a NSE Biofuels Oy têm ótima perspectiva no desafio de desenvolver tecnologia para a produção de combustíveis líquidos a partir de biomassa, porque juntam a experiência de grupos que têm experiência na obtenção, uso e logística de biomassa e no processo industrial de produção de combustíveis e no mercado.

O desenvolvimento de tecnologia bem como a infraestrutura e gestão da matéria-prima são essenciais para a viabilidade dos biocombustíveis e da bionergia. Nem todos os mercados potencialmente rentáveis significam milhões de toneladas... ou serão rentáveis necessariamente só na escala de milhões de toneladas.