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Marcelo Santos Ambrogi

Diretor de Operações Florestais Weyerhaeuser Solutions

Op-CP-35

Indicadores para a tomada de decisão

Para tratar deste assunto, temos que olhar a silvicultura através de diferentes aspectos, que, de forma resumida, seriam o estratégico, o econômico-financeiro e o operacional. Não se pode, é claro, esquecer-se dos aspectos ambientais, trabalhistas e sociais, mas, neste artigo, focaremos os três primeiros. 

O que caracteriza um bom indicador é a possibilidade de ser usado para gerenciar, aprender e melhorar. Um indicador, para ser usado em tomadas de decisão, é baseado em bons controles, e bons controles são definidos de forma a serem poucos e precisos. Isso pode requerer uma grande quantidade de dados, mas que devem ser bem tratados.  Bem tratados significa que sejam bem capturados, armazenados e, principalmente, verificados.

Um bom indicador pode ser mal interpretado. Daí ser bem compreendido, passa por preparar as pessoas, treinar e dar experiência. Percebo bastante, nos cursos que fazemos junto com a Fupef da Universidade Federal do Paraná, que alguns indicadores de alto nível, ou seja, os que resumem uma série de controles para serem produzidos, podem ser interpretados de diferentes formas, de acordo com a experiência do profissional. Parece lógico, mas, em algumas empresas, essa percepção não é avaliada.

Silvicultura é um investimento e não uma despesa. Como investimento, é aprovado baseado em várias premissas, mas três delas são básicas: valor a ser investido, representado pelos custos de silvicultura, proteção, gerenciamento que são aplicados para desenvolver o produto (madeira), o volume que se espera produzir e por quanto se espera vender ou qual o maior custo esperado. Estão aí, basicamente, os três maiores indicadores de tomada de decisão da silvicultura. Poderiam ser mais precisos, como custo da tonelada de celulose por hectare, custo por volume de lâminas por hectare, e assim vai.

Poucas empresas controlam os investimentos em silvicultura como um projeto de investimento. Principalmente as integradas. O controle é o do orçamento do ano. As pessoas da silvicultura olham o inventário como um número médio global, não se interessando muito por números específicos. Grande erro.

O dinheiro investido na silvicultura deve dar retorno para que o negócio continue prosperando. Essa é uma lógica básica. Quando nos esquecemos disso, os maus resultados aparecem, e o “clima” paga a conta. Portanto olhar pela parte financeira a silvicultura como um projeto de investimento seria uma primeira forma de definir seus indicadores de tomada de decisão.

Mas vamos lá, qual é a meta da silvicultura? Quem já trabalhou comigo sabe o que vou escrever em seguida. Recebi, muitas vezes, a resposta de um programa de silvicultura baseado no número de hectares que devem ser plantados. A minha resposta sempre foi: “Você tem a responsabilidade de entregar, daqui a 6 anos, por exemplo, 500 mil m3 no mínimo. Se conseguir plantar em 1 hectare, para mim está ótimo”. Ou seja, se planta para produzir madeira e não hectares. Sendo assim, todo silvicultor deveria ter no criado-mudo ao lado da cama um inventário florestal detalhado e um controle de investimento por talhão.

Tendo em mente que estamos trabalhando para produzir um volume definido de madeira em um certo período de tempo, é mais fácil definir outros indicadores de decisão importantes. Aqui vai uma nota. Muitos projetos de investimentos em silvicultura que não estão vinculados a uma demanda fixa de volume no tempo acabam não enxergando os benefícios de um bom controle de eficiência e eficácia operacional e até mesmo no inventário florestal. Para mim, um grande erro.

Pense nisto: inventário florestal qualitativo e quantitativo não é custo, é a ferramenta básica para um gestor florestal. Ir ao campo também. Existem, hoje, vários processos e ferramentas para realizar controles operacionais, com um caminho para a silvicultura de precisão. O que eu poderia resumir é que os indicadores para decisão para a silvicultura poderiam ser resumidos em alguns grupos:
• Indicadores da Produção Operacional: qual a produção em hectares esperada versus a realizada. Pode ser consolidada ou dividida em grupos de atividades. Depende do nível de delegação que existe em uma empresa. De certa forma, é um indicador de eficácia.
• Indicadores relativos à Qualidade Operacional: buscam
confirmar a eficiência em se aplicar o pacote tecnológico disponível, no nível operacional. Busca eficiência operacional.
• Indicadores dos Processos Operacionais: indicam se a produção e a qualidade estão sendo atingidas, através dos processos de gerenciamento definidos na empresa e descritos nos seus manuais.
• Indicadores de Despesas e Investimento: Previsto versus realizado no ano (orçamento) e Previsto versus Realizado em relação ao projeto florestal (análise de investimento).
• Indicadores da Produção Florestal: Dentro desses indicadores, estão aqueles que indicam eficácia dos processos, tecnologia, qualidade das operações na transformação do objetivo do investimento, ou seja, um bom plantio com a produção esperada. Estão aqui incluídos os levantamentos de sobrevivência, inventários qualitativos, inventário florestal contínuo, inventário florestal pré-corte e o volume entregue para consumo ou venda.

É importante dizer que não adianta ter um excelente controle de qualidade operacional se não resultar em uma boa floresta. Não adianta ter um ótimo inventário florestal se ele ficar dentro da gaveta ou computador e/ou apenas for utilizado pela equipe de planejamento. Indicadores e ferramentas são feitos para agir. Seja de imediato ou como um aprendizado para a mudança.

A experiência de alguns anos trabalhando é que existem empresas bem balanceadas entre controles, indicadores e recursos para avaliar e tomar decisão. Essas empresas estão aprendendo e melhorando. Existem outras, com muita tecnologia, controles e indicadores, mas com poucos profissionais com experiência suficiente para avaliar o que têm e retirar disso decisões importantes para empresa. Essas estão rasgando dinheiro. E existem aquelas que possuem o mínimo do mínimo e consideram que quem investe nisso é louco e pouco esperto. Essas estão em voo cego.