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João de Almeida Sampaio Filho

Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo

Op-CP-15

Florestas plantadas: um futuro de oportunidades

O Brasil é um dos maiores produtores e grande consumidor mundial de produtos de origem florestal. Setores estratégicos da economia brasileira como a siderurgia, a indústria de celulose, papéis e embalagens, e a construção civil são altamente integrados ao setor florestal. É importante distinguir que, em nosso país, existem dois grandes “Brasis” florestais: o das regiões ainda com fronteiras agrícolas inexploradas, onde predominam as florestas nativas, como a Amazônia, com 350 milhões de hectares, e as regiões mais tradicionais, onde as atividades agro-silvo-pastoris estão estabelecidas há muito tempo e em que predominam as florestas plantadas com mais de 6 milhões de hectares ou 0,2% do território nacional.

O potencial dos mercados florestais no Brasil decorre do aumento do padrão de consumo das populações urbanas, que pressiona a demanda por papel, metais e energia. Sobre esta última, uma crise latente continuará pesando sobre os setores dependentes de combustíveis fósseis, conferindo papel ascendente à biomassa na matriz energética.

Além disso, a queima de combustíveis fósseis tem aumentado continuamente o teor de CO2 na atmosfera, contribuindo para o agravamento do efeito estufa, que poderia ser atenuado pela fixação desse gás excedente sob a forma de fitomassa florestal. Como pano de fundo, as pressões ambientalistas têm levado a uma legislação mais conservacionista.

Todos estes elementos podem se traduzir tanto em crescente pressão sobre os recursos florestais brasileiros, como em uma oportunidade para o seu desenvolvimento. Existe, cada vez mais, consciência pública de que os produtos florestais têm mais vantagens em relação aqueles materiais que eventualmente podem substituí-los (cimento, plásticos, metal, borracha sintética), já que são renováveis e eficientes do ponto de vista energético e suas produções, de forma responsável, favorecem o meio ambiente.

Para o setor agrícola, os resultados são expressivos: a incorporação à produção de terras degradadas, contribuindo para o aumento e para a diversificação da produção local e da industrialização regional da matéria-prima produzida. O potencial econômico da atividade fica ainda mais evidente, visto que esta pode ser estendida a quase todas as propriedades rurais do país. No estado de São Paulo, podemos alcançar um dos melhores rendimentos na silvicultura.

As condições ecológicas paulistas e brasileiras favorecem uma alta produtividade florestal: 30 t/ha/ano, a baixos custos de plantio, exploração, transporte e mesmo de operações portuárias. Com isto, o Brasil é, reconhecidamente, uma referência no setor de celulose e papel.
Os custos de produção das empresas setoriais estão entre os menores do mundo, porque são baseados em florestas plantadas de alto rendimento. Mais de três décadas de investimentos em pesquisa genética permitiram ao eucalipto brasileiro estar pronto para o corte em um tempo muito menor do que em outros países.

A farta disponibilidade de terras cultiváveis e o clima favorável completam a lista das principais vantagens competitivas do país, que ocupou a quarta posição mundial como produtor de celulose, com 12,8 milhões de toneladas no ano passado. Uma análise do cenário atual do mercado brasileiro de papel e celulose mostra que a indústria brasileira está se voltando cada vez mais para a produção de celulose e, ao seguir esse caminho, alinhamo-nos a uma tendência mundial de especialização regional como um caminho para o futuro dos países e blocos econômicos.

No entanto, o país apresenta, ainda, sérias deficiências com relação a informações, modernização da legislação e implantação de certificações, que poderiam subsidiar a tomada de decisões tanto em relação às políticas públicas, como em projetos da sociedade civil e iniciativa privada. Deve-se, portanto, continuar avançando na melhoria da legislação vigente, principalmente no aprimoramento do Código Florestal, na ampliação das linhas de financiamento específicas, nos incentivos ao pequeno produtor e na condução eficiente de políticas para a área florestal, a exemplo do que está ocorrendo no estado de São Paulo com a parceria pública-privada, para a implantação do Sistema Estadual de Informações Florestais. Desafios e oportunidades caminham juntos, não seria diferente no setor florestal. Ao enfrentar os primeiros, já estaremos no cultivo do futuro.