Secretário da Agricultura do Estado do Paraná
Op-CP-06
Historicamente, a grande contribuição da área florestal na economia paranaense é inegável. Atualmente, mais do que nunca, vislumbra-se uma perspectiva promissora para os cultivos florestais e industriais, sendo o setor do agronegócio o que mais cresceu nos últimos 10 anos, com índice de 112%. A Madeira representa o segundo produto do agronegócio do estado, sendo responsável por 40% das exportações brasileiras de madeira plantada.
Embora tenha área e clima extremamente favoráveis para a sua produção, estudos apontam para a necessidade de plantio anual de aproximadamente 53.000 hectares, para atender à demanda existente no estado, além do que já vem sendo implantado. Isto traz sérias conseqüências socioeconômicas. Este chamado “Apagão Florestal”, configura um cenário crítico para os próximos anos, tanto sob aspectos econômicos, como socioambientais, que variam desde os problemas de desemprego e redução de renda dos trabalhadores, até a forte pressão sobre os já ambientalmente fragilizados remanescentes florestais nativos.
De outra forma, o cultivo florestal, surge com uma real alternativa de equilíbrio ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores e suas famílias. Respeitando-se o enfoque da sustentabilidade, com uma produção florestal, ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável e considerando o contexto da pequena e média propriedade rural e industrial, no tocante à sua própria existência.
Vale lembrar que, no passado, a gestão da área florestal produtiva havia sido ocupado pelo Instituto de Terras, Cartografia e Florestas, vinculado a esta Secretaria, e extinto em 1992, dando origem ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP - vinculado a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, SEMA. A partir daí, constituiu-se um vácuo administrativo, no tocante à política florestal produtiva no estado.
Assim estabelecido, nem na SEMA, nem no IAP e nem, tampouco, na Secretaria de Agricultura, tanto o setor industrial, quanto os agricultores que cultivam a floresta, conseguiram encontrar eco às suas necessidades ou apoio à sua atividade. Entretanto, hoje, são unânimes quanto à necessidade de recuperação deste espaço que se encontrava perdido.
Com o estabelecimento da proposta de transferência da gestão florestal, atendendo-se às reais necessidades, princi-palmente das pequenas e médias indústrias, que geram a maior parte dos empregos da cadeia produtiva e inserção das pequenas propriedades rurais, especialmente aquelas com áreas inferior a 50 hectares, teremos perspectivas vantajosas, tais como:
Geração de Empregos: Para cada 5 hectares de cultivos florestais, são gerados 1 posto de trabalho no meio rural e 3 no meio urbano. Lembramos que o custo para gerar 1 emprego na cadeia produtiva da madeira é de R$ 10.000,00, bastante inferior às outras modalidades.
Aspectos Ambientais: Todo mono-cultivo apresenta impacto ambiental negativo. Contudo, no novo modelo a ser implantado - não de grandes maciços florestais, mas de um mosaico florestal produtivo na paisagem, ou seja, uma grande área dividida em um grande número de propriedades, o impacto ambiental negativo pode ser minimizado, utilizando-se áreas sub-utilizadas nas propriedades rurais. Outros ganhos ainda podem ser relacionados, como a Captura de CO2, reequilíbrio microclimático, maior controle da erosão e menor pressão sobre os remanescentes florestais nativos.
Economia Rural: O modelo de mosaico florestal produtivo, com florestas conduzidas para uso múltiplo (energia, processos e desdobro), apresentam custo bastante inferior, ficando em torno de R$ 1.700,00 por hectare, proporcionando uma taxa interna de retorno média de 38%, conferindo maior renda aos agricultores e suas famílias.
Neste modelo, colocando a atividade florestal madeireira a serviço do desenvolvimento rural e urbano, ganhos na equidade de divisão de renda e elevadas taxas de retorno econômico e sustentabilidade da produção são garantidos e necessários. O Estado do Paraná torna então explícito seu interesse no desenvolvimento e na sustentabilidade do setor.
A transferência das atribuições governamentais e sua gestão, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos para a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, visando à expansão da base florestal produtiva sustentável, não é um simples rearranjo, mas uma atitute política com reais compromissos com o futuro.
Para tanto, já estamos agindo. Unimos todas as Secretarias de Estado envolvidas e convidamos outras entidades representativas do setor para, em conjunto, avaliarem e proporem alternativas para a constituição de uma política de expansão da base florestal produtiva sustentável. Esta ação obteve grande êxito e culminou numa proposta institucional, balizada por 3 diretrizes básicas, pois isto não se realiza com discursos, nem com palavras:
1º: Constituição de uma estrutura oficial na SEAB, como Fórum para a discussão e gestão da política florestal do estado, encarnando o cultivo florestal como qualquer outra atividade agropecuária;
2º: Desenvolvimento de um programa de expansão da base florestal produtiva sustentável, com vistas aos próximos 100 anos e à integração de grande número de propriedades rurais à cadeia produtiva da madeira;
3º: Estabelecimento de sistemas de parceria governo-iniciativa privada.
Esperamos, assim, estar indo ao encontro das expectativas da agricultura e do setor produtivo florestal do estado, principalmente ao se lançar, neste grande desafio, a possibilidade de conciliação da produção com o meio social e ambiental. É uma questão de se acreditar e encontrar parcerias que se disponham a enfrentar juntos os desafios e as responsabilidades. Este é o caminho que estamos abrindo no Paraná, desejando ser exemplo para o Brasil.