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Francisco Martins de Almeida Rollo

Gerente de Sustentabilidade da Suzano

OpCP74

Compromisso para renovar a vida
Coautora: Tathiane Santi Sarcinelli, Consultora de Meio Ambiente Florestal

Em 2021, a Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, assumiu 15 compromissos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Com esses compromissos, a empresa visava ampliar seu papel na cadeia de valor e na sociedade para promover mudanças significativas em sua forma de produzir, consumir e se relacionar com o mundo.
 
Alinhado ao ODS 15 – Vida Terrestre, o Compromisso “Conservar a Biodiversidade” visa conectar, até 2030, 500 mil hectares de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade nos biomas Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica. Serão três corredores ecológicos planejados para conectar os principais fragmentos de vegetação nativa da base florestal da Suzano com as demais áreas de conservação de propriedades particulares e Unidades de Conservação, abrangendo cinco estados – Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Pará.

O Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do mundo e sofre com intensa pressão antrópica, como desmatamentos e incêndios em áreas naturais. Essas atividades levam à fragmentação e degradação da vegetação nativa e à redução da biodiversidade, com consequências não só para o equilíbrio biológico, mas também para os sistemas produtivos. Isso porque a simplificação da biodiversidade reduz os serviços ecossistêmicos prestados por ela, como polinização, regulação do ciclo da água e do clima, entre outros, impactando também a vida humana.

Por isso, queremos ser parte da transformação dessa realidade e assumimos tamanho compromisso. Os corredores ecológicos têm a função de aumentar a conectividade da paisagem e a área de vida disponível para as espécies. Isso melhora as condições ambientais e permite que as funções ecológicas e os serviços ecossistêmicos sejam mantidos e restaurados, aumentando a resiliência das comunidades de fauna e flora e também dos sistemas agrários em face às mudanças climáticas e atividades antrópicas.

Temos trabalhado desde 2021 com diversos atores ligados ao tema da biodiversidade, como institutos de pesquisas, organizações não governamentais nacionais e internacionais e parceiros privados, para desenvolver o planejamento estratégico das ações a serem realizadas ao longo dos anos.

Com apoio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), a primeira versão do traçado do corredor foi definida considerando rotas de menor distância e menor resistência da matriz entre fragmentos prioritários para conservação, gerando assim corredores mais efetivos para o aumento da conectividade da paisagem. A extensão dos três corredores planejados é de mais de 1.000 km, com largura variando de 60 a 500 metros, a depender da adesão e interesse de produtores rurais que serão engajados.

Sabendo que a natureza não reconhece limites entre propriedades, os corredores passam tanto por áreas da base florestal da Suzano como também por fazendas vizinhas com produção agrícola diversa e sem relação com a companhia, ampliando ainda mais o desafio.

Cerca de 60% da área dos corredores está em fazendas da empresa e os 40% restantes pertencem a mais de 500 propriedades e assentamentos rurais de diversos portes, formando um mosaico que integra áreas legalmente protegidas, em diversos estágios de conservação, e áreas consolidadas, com diversas culturas agrícolas (pastagem, cana, eucalipto, entre outras).

Para o alcance do seu compromisso, a Suzano está atuando estrategicamente nos pilares Conectar, Engajar e Proteger, compondo seis linhas de ação:
1. implantar corredores de biodiversidade na escala da paisagem, conectando os fragmentos prioritários para a conservação, incluindo a restauração ecológica das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL) de propriedades da Suzano e seus vizinhos, bem como o monitoramento dessas áreas e da biodiversidade com DNA Ambiental (eDNA) e de insetos (iDNA), armadilhas fotográficas e gravadores autônomos;
2. implementar modelos biodiversos de produção em áreas fora de APP e RL sobrepostas ao corredor e que possuem importância chave para a conexão dos fragmentos nativos. Esses modelos buscam tornar a paisagem mais permeável para a fauna e flora, mantendo a produção agrícola e econômica de forma sustentável e serão delineados conforme o perfil dos proprietários rurais;
3. estabelecer modelos de negócio que gerem valor compartilhado para as pessoas, agregando valor à floresta em pé e aos manejos produtivos sustentáveis;
4. aliviar pressões antrópicas à biodiversidade, combatendo a degradação ambiental, como incêndios florestais, desmatamento e caça aos animais silvestres;
5. conservar populações de primatas ameaçados e palmeiras, espécies cuja proteção abarca a proteção de inúmeras outras espécies;
6. criar redes de Unidades de Conservação, implantando novas unidades em áreas privadas e fortalecendo UCs públicas já existentes.

O compromisso de biodiversidade será um grande desafio e demandará a formação e o fortalecimento de parcerias locais, regionais e mesmo globais, visando suporte para sua execução, validação e financiamento. Há uma série de benefícios legais e ambientais que os proprietários rurais poderão obter ao aderir ao compromisso e participar da conexão ecológica da paisagem. Com essa atuação externa, a Suzano pretende servir como uma alavanca para impulsionar a restauração ecológica em seu território de atuação, trazendo alternativas mais sustentáveis, conectando áreas prioritárias para conservação e atuando conjuntamente com atores locais e regionais.

Nossos agradecimentos a todas as equipes da Suzano e aos parceiros que trabalham para concretizar esse sonho e compromisso.