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Luiz Fernando Schettino

Subsecretário da Coordenação das Unidades de Pesquisas do Ministério da Ciência e Tecnologia

Op-CP-09

Ciência e tecnologia na floresta Amazônica

A Amazônia, pela importância ambiental e socioeconômica de suas florestas, devido à sua enorme biodiversidade, pela influência que exerce no clima planetário e pelas possibilidades futuras para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do Mundo, constitui-se numa região vital para o país investir em  desenvolvimento científico e tecnológico - e é o que o governo brasileiro vem fazendo.

E não é por outra razão que o conhecimento científico e o desenvolvimento de tecnologias apropriadas para essa região, em todos os seus aspectos, torna-se fundamental. O Ministério da Ciência e Tecnologia, através do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007, vem promovendo cerca de 80 ações em todos os estados da Amazônia Legal, quer através de convênios com universidades e centros de pesquisa, quer através de quatro de suas unidades de pesquisa: IDSM - Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, MPEG - Museu Paraense Emílio Goeldi, e INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Essas ações englobam projetos científicos e tecnológicos, fortalecimento da infra-estrutura de pesquisas e formação de recursos humanos. Alguns desses projetos congregam esforços de várias instituições, a exemplo do LBA - Programa de Pesquisas sobre Interações Biosfera-Atmosfera na Amazônia, o PPBio - Programa de Pesquisa em Biodiversidade, e a Rede Geoma - Rede de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia.

Essas ações já estão consolidadas no Plano de Ações do MCT 2007-2010, em fase final de elaboração, como uma das principais linhas estratégicas para o desenvolvimento de pesquisas no país, e fortalecidas no PPA 2008-2011, do Ministério. O MPEG, instituição de pesquisas científicas da Amazônia, atua  nas áreas de ciências humanas, botânica, zoologia, ecologia e ciências da Terra. Além de cursos de pós-graduação, mantém um Núcleo Regional no sul do estado: a Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã.

Outras iniciativas recentes de agregação de competências, visando a gestão de recursos de informações sobre biodiversidade, vêm surgindo, como o avanço do conhecimento sobre ecologia e composição química de espécies e de potenciais produtos que possam ser benéficos à sobrevivência e melhoria das condições de vida da população.

O INPA atua, sobretudo, nas áreas de ecossistemas amazônicos, e mantém vários cursos de pós-graduação. Suas pesquisas florestais concentram-se em quatro grupos de estudos: fenologia de espécies florestais; auto-ecologia de espécies florestais; viveiros e produção de mudas; e manejo e plantios de espécies florestais nativas e exóticas.

Hoje, as pesquisas que envolvem intervenções na floresta primária são realizadas na Estação Experimental de Silvicultura Tropical. Um dos resultados das pesquisas realizadas foi a constatação de que a floresta residual da exploração realizada começa a responder, positivamente, três anos após a intervenção, e o ciclo de corte para a Amazônia tem que ser de 40-50 anos.

O IDSM é, entre os institutos de pesquisa do MCT, na Amazônia, o mais novo e está qualificado como Organização Social, situando-se na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, na porção central do estado do Amazonas. Seu trabalho inclui áreas de pesquisa da biodiversidade e extensionismo, junto às comunidades onde interage. Em especial, trabalha com manejo florestal comunitário, com base na forma de uso tradicional dos recursos florestais e na disponibilidade dos estoques.

O sistema de manejo adotado é o policíclico, com ciclo de corte de 25 anos. Colaboram para que haja responsabilidade das comunidades locais com a exploração racional da floresta. O INPE, por sua vez, embora não trabalhe diretamente com espécies florestais, tem um importante papel com relação à floresta amazônica, na medida em que desenvolve, entre tantos outros estudos, o importante Programa de Monitoramento Ambiental da Amazônia (satélites) e de queimadas e prevenção de incêndios florestais.

Graças a esse programa, tem sido possível acompanhar a evolução dos desmata-mentos, subsidiando os planejamentos governamentais que visam contê-los, em especial na região amazônica. O LBA é uma das maiores experiências científicas do mundo na área ambiental, tendo sido viabilizado em 1998, através de acordos internacionais, com financiamento das principais agências de fomento nacionais (CNPq, Finep, Fapesp), e internacionais,  como a NASA e a National Science Foundation, da Comissão Européia, o Instituto Interamericano de Pesquisas sobre Mudanças Globais - IAI, além de organismos de países da Bacia Amazônica.

Mais de 280 instituições de pesquisas participaram dessa fase, mobilizando mais de 2.000 pesquisadores, dos quais cerca de 1.200 brasileiros. Uma segunda fase do LBA, com recursos exclusivamente nacionais, está se iniciando, visando o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares dos ecossistemas amazônicos, sua interação com o sistema climático e os impactos das mudanças do uso e cobertura da terra no clima regional e global.

O PPBio objetiva o mapeamento da distribuição da biodiversidade na parte ocidental da Amazônia brasileira, a partir de informações obtidas tanto de inventários estruturados, quanto de coleções biológicas, tendo sido formalmente iniciado em 2004, estando hoje sob a coordenação do INPA, com participação de dezenas de outras instituições de pesquisa e pesquisadores.

A Rede Geoma tem por finalidade desenvolver modelos computacionais, capazes de analisar e prever a dinâmica espaço-temporal dos sistemas ecológicos e socioeconômicos, em diferentes escalas geográficas na Amazônia. Entre seus objetivos específicos estão a análise das relações entre mudanças do uso da terra e os sistemas de produção da Amazônia, o desenvolvimento de modelos para subsídio, a escolha de áreas para conservação da biodiversidade na Amazônia e a avaliação dos impactos da dinâmica de uso do solo da região, sobre as bacias hidrográficas locais.

Em suma, apoiar e desenvolver ciência e tecnologia para conhecer, proteger e utilizar racionalmente a floresta Amazônica, com inclusão social, fazem parte dos crescentes esforços governamentais, para que, no longo prazo, as demandas da sociedade,  de forma sustentável e com base em conhecimento sólido, sejam atendidas. É isso que o MCT está promovendo, entre muitas outras ações em ciência e tecnologia.