Diretor da EAZ Participações
Op-CP-08
A globalização vem transformando a realidade do planeta, em diversas esferas. No âmbito empresarial, seu traço distintivo é a busca incessante por redução de custos, conjugada com a melhoria da qualidade e, logicamente, da produtividade. Buscar oportunidades globais tornou-se uma questão de sobrevivência. E já não basta uma economia baseada apenas em baixo custo.
É preciso mostrar competitividade, seja nos produtos, seja no ambiente de negócios. Diversos segmentos da indústria vêm crescendo em produtividade e ampliando suas margens de lucro, na medida em que descobrem vantagens competitivas em países que não os de origem e nos quais podem atuar, mediante suas filiais e parcerias. É assim que grandes corporações passaram a atuar num cenário de gestão, em nível global.
No setor florestal, mais especificamente na indústria de celulose e papel, não é diferente. Nos últimos anos, assistimos o movimento de grandes fusões e ampliações de empresas, para crescerem de forma coordenada e atenderem aos apelos mundiais pela preservação ambiental. Isso inclui a preocupação com a origem do insumo básico do setor, ou seja, as florestas plantadas para fins industriais.
Torna-se elemento imprescindível para as empresas, a localização de suas áreas florestais em regiões em que seja possível seu cultivo, aliado à preservação ambiental, e ainda ajudando a proteger recursos naturais não renováveis e proporcionando oportunidades de emprego e de geração de renda. Nesse contexto, o Brasil é o destino onde o custo de produção de florestas para fins industriais apresenta-se como dos mais atraentes.
Descobriu-se no país um conjunto de vantagens competitivas, representadas por condições climáticas que favorecem o rápido crescimento das espécies cultivadas para esse fim, além do esforço permanente no desenvolvimento de modernas técnicas silviculturais e de manejo florestal. Essa soma de vantagens tornou o país um destino preferencial na mira dos grandes produtores de celulose, além de oferecer às empresas brasileiras condições de penetração no mercado global.
Os investimentos realizados pela indústria brasileira de celulose e papel tornaram o país o maior produtor mundial de celulose de fibra curta de mercado. Desde 1990, a produção nacional passou de 1,4 para 7,7 milhões de toneladas/ano, superando, nesse tipo de celulose, a produção dos Estados Unidos. Tomando por base os indicadores da produção mundial de celulose de mercado, entre 1990 e 2005, é possível acompanhar a crescente participação do produto brasileiro.
Em 1990, a América Latina foi responsável pela produção de 1,3 milhão de toneladas desse tipo de celulose, representando uma participação de 11,8% no mercado mundial. Do total latino-americano, o Brasil participou com 72%. Passados 15 anos, a produção latino-americana de celulose de mercado atingiu 6,8 milhões de toneladas, representando 30,1% da oferta mundial, dos quais a produção brasileira contribuiu com 89%. E, para 2011, a projeção para a América Latina é de 47% do mercado mundial.
Outro dado que reforça a posição de destaque na performance florestal brasileira está ligado à produtividade das espécies plantadas. No caso da celulose de fibra curta de mercado, seu insumo básico é a madeira de eucalipto, oriunda exclusivamente de florestas plantadas, em áreas anteriormente degradadas. Pois, no Brasil, cuja área cultivada com a espécie totaliza 1,6 milhão de hectares, a produtividade média registrou um crescimento de 34,5%, no período entre 1990 e 2005, atingindo um rendimento médio de 39 m³/hectare/ano.
Some-se a isso, a preocupação do setor em garantir a sustentabilidade de seus processos. A indústria brasileira de celulose e papel possui a maior área de florestas certificadas entre os setores de base florestal no país, com cerca de 1,5 milhão de hectares. A certificação assegura a procedência legal, social e ambientalmente adequada da matéria-prima florestal, de acordo com as normas internacionais.
Vale ainda lembrar que esse cultivo é um importante aliado na luta contra o aquecimento global, pois as florestas também ajudam no seqüestro de carbono. Além disso, as empresas do setor são responsáveis pela recuperação e preservação de 2,6 milhões de hectares de recursos florestais, que abrangem a totalidade das áreas de preservação permanente e de reserva legal, excedendo o exigido pela legislação ambiental brasileira.
A conjugação desses fatores, mais os resultados consistentes que o setor tem apresentado, ano após ano, na balança comercial brasileira, e o respeito que seus produtos conquistaram no mercado internacional, reafirmam a vocação brasileira para assumir a liderança no segmento florestal. O setor de celulose e papel já se encontra reconhecido como altamente competitivo no cenário global.
Resta, ao país e ao governo brasileiro, entender esse processo, acompanhar as conquistas efetuadas e capitalizar a oportunidade representada pelos novos investimentos produtivos, que aqui desejam se instalar. Trata-se também de proporcionar os recursos necessários em infra-estrutura e de promover a desoneração tributária sobre a atividade produtiva, de modo que o país possa aproveitar integralmente e no longo prazo os benefícios gerados por uma atividade que agrega um indiscutível diferencial: a preservação ambiental.