Me chame no WhatsApp Agora!

Jorge Roberto Malinovski

Professor de Métodos Silviculturais e Sistemas de Colheita de Madeira da UF do Paraná

Op-CP-03

Colheita de madeira: sua história e rumos

A história mostra-nos a evolução de métodos e conceitos relacionados com a extração de madeira no Brasil. Nestes 30 anos que labuto nesta área, sou testemunha ocular das inovações que ocorreram, assim como seus desafios para o futuro. Lembro quando começaram, com maior intensidade, os desbastes em plantações de pinus e cortes rasos em eucalypto, entre os anos de 70 e 80.

Época aquela em que, por seqüência natural de trabalhos em florestas nativas, as operações de corte e extração, também em reflorestamentos, eram chamadas de exploração florestal. Termo este que conseguimos mudar para colheita somente em 1992. Mas, por que esta mudança de terminologia foi importante? Justamente para separar as atividades em florestas nativas, das florestas plantadas, e demonstrar que colheita serve para definir atividades, onde se tem domínio do processo produtivo, ou seja, conhecemos o que vai acontecer durante uma rotação e procuraremos manter a produtividade futura dos povoamentos.

Naquele tempo, em qualquer inovação difundida, pensava-se em redução de custos por atividade parcial, que seja: corte, extração, carregamento ou transporte de toras. Nesse período, a vedete da colheita foi a introdução da moto-serra, que chegou a ser chamada de dama da mecanização. Nos dias de hoje, a colheita faz parte da cadeia produtiva da madeira, a qual é definida como negócio, e não como atividade parcial isolada. A colheita de madeira no Brasil tem evoluído em todo espectro de atividade.

Salientando que, neste contexto, evolução pode ser definida como mudança de um estágio, visando avanços em diversos sentidos. No caso atual, o que se visa é um ganho de rendimento e qualidade, na busca de redução de custos, melhores condições de trabalho e competitividade a nível internacional.

No Brasil de hoje, talvez a matriz de produção de madeira buscada pelas empresas possa ser descrita como: produzir madeira com planos adequados de silvicultura e manejo, dentro dos parâmetros de sustentabilidade ambiental, obtendo satisfação social e viabilidade econômica. Assim, temas como meio ambiente, critérios de certificação, etc., são de grande importância na definição dos sistemas de colheita de madeira, máquinas e equipamentos a serem utilizados.

Em breve retorno à introdução de novas tecnologias no Brasil, em máquinas e equipamentos, pode-se observar que existiu e ainda existe a busca contínua na inovação, e presenciamos, entre a década de 90 até 2005, a existência de um GAP tecnológico, que ocorreu mais fortemente no início da importação de máquinas de alta performance.

Este GAP foi o resultado da falta de treinamento adequado da maioria dos operadores, pois era comum que eles não conhecessem o potencial técnico das máquinas e assim não podiam produzir de acordo com a potencialidade dos equipamentos. Hoje, temos uma drástica redução deste GAP, devido, principalmente, à implantação de centros de treinamento e maior profissionalização das empresas atuantes no setor.

A busca de equipamentos compatíveis com as necessidades das plantações florestais brasileiras, levou as empresas florestais a buscarem no mercado, basicamente, máquinas e equipamentos de alta performance para dois sistemas de colheita de madeira, e hoje, a maioria delas usufruem dessa tecnologia, ou seja, sistema de tora curta (cut to lenght) e sistema de tora comprida ou fuste (tree lenght).

Maiores rendimentos, custos mais baixos, segurança nas operações, menor dependência de mão de obra e das condições climáticas, refletindo autonomia e redução de dependência para abastecimento com matéria-prima, são as grandes vantagens buscadas pelas empresas e oferecidas por esses sistemas mecanizados. Cabe também salientar mudança na forma de trabalho das empresas, no tocante à colheita e transporte de madeira, que ocorreu após o período das reengenharias, nas empresas do setor.

O que se observou foi a introdução gradual da terceirização nas atividades florestais. A meta das empresas fornecedoras de serviço pode ser caracterizada como reduzir custos de produção com a manutenção da qualidade e garantia de abastecimento. Onde se fixou, alguns pontos principais, tais como: transferir responsabilidades; reduzir corpo de trabalhadores; custos e investimentos e aumento da disponibilidade financeira.

A terceirização parece um caminho sem volta, onde o grau de profissionalização dos prestadores de serviço está sendo cada vez mais exigido, porém, hoje, têm-se dúvidas da forma de sua continuidade, isto porque existem interferências governamentais, no sentido de definir atividade fim e, assim, algumas empresas são obrigadas a retroceder nesse processo.

Entendo que situações como esta podem comprometer o futuro da terceirização e o Brasil entrará na contramão da história, pois nos países desenvolvidos que conheço, isto não ocorre, pelo contrário, o que existe cada vez mais é a descentralização de serviços. Voltando à colheita e ao transporte de madeira, entendo que as empresas podem ter diferenciais importantes, não só inerentes a máquinas e equipamentos, mas sim em outros fatores que influenciarão positiva ou negativamente seus custos e garantias de abastecimento.

Neste contexto, cito o macro e microplanejamento, de onde se deve planejar, executar e controlar as atividades; a qualidade da rede viária, que dará suporte para manter sistemas operacionais mais quentes e a logística das operações, que têm como funções fundamentais minimizar custos e maximizar resultados de processos, adequando-os a níveis desejáveis de produtividade, qualidade e custos, dentro da cadeia produtiva da madeira.