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Amaury Paulo de Souza e Luciano José Minette

Professores de Colheita Florestal e Ergonomia na UF de Viçosa

Op-CP-03

Sistemas de colheita de madeira de plantações florestais

O setor florestal tem contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil, graças, principalmente, à produção de conhecimentos científicos e tecnológicos pelas universidades, instituições de pesquisas e empresas. A produção de madeira de qualidade para celulose depende desses conhecimentos e do ótimo funcionamento das diferentes etapas de produção da madeira, desde a seleção da área para plantio, a produção de mudas, a implantação florestal, os tratos culturais, o manejo florestal biológico e econômico-administrativo, a colheita, até o transporte final.

Esse sistema produtivo deve merecer fundamental apoio de todas as demais áreas que compõem a ciência florestal, como a genética, a biotecnologia, a ecologia e o meio ambiente, os recursos humanos, etc. Como componente desse sistema produtivo, destaca-se o sistema de colheita florestal (incluindo o transporte), que, por sua vez, tem, em geral, os seguintes componentes principais: Corte florestal, Extração da madeira, Carregamento de veículos, Transporte principal e Descarregamento na fábrica.

Os insumos operacionais do sistema variam, desde a mão-de-obra, ferramentas e máquinas como motosserra, tratores agrícolas e caminhões adaptados, bem como aquelas mais sofisticadas, como harvesters, feller-bunchers, skidders, forwarders, yarders, carregadores e descarregadores florestais e os veículos de transporte rodoviário.

O enfoque sistêmico dado à colheita florestal contribui para um melhor planejamento e execução das operações, com visível diminuição de custos, aumento de produtividade e melhorias dos aspectos ambientais e sociais. O conhecimento da teoria de sistemas e aplicação de seus princípios é importante para as empresas, no entanto, tem-se observado que muitas delas os ignoram, talvez por desconhecerem seus benefícios teóricos e práticos, o que pode acarretar erros que, às vezes, são de correção difícil ou de alto custo.

Isto acontece porque a operação de colheita pode se desenrolar de maneira empírica, o que não poderia acontecer, por exemplo, numa indústria espacial ou aeronáutica. Na construção de um sistema, deve-se levar em consideração suas principais características, que são: a existência de componentes que se interagem; a existência de pelo menos um objetivo comum; a otimização do sistema não pode ocorrer simplesmente otimizando os componentes, uma vez que o sistema deve ser otimizado como um todo e, nesse caso, seus componentes também serão otimizados; a existência de planejamento, controle e avaliação; e a consideração da influência de outros sistemas existentes, internos ou externos.

Nas grandes empresas, os sistemas mais recentemente adotados são altamente mecanizados, tornando-se de crucial importância o estudo dos sistemas de trabalho, dado o montante de investimento exigido. Os estudos necessitam incluir o ser humano, ou seja, o trabalhador, para que ele tenha noção precisa de como suas tarefas/atividades encaixam-se nestes sistemas.

Felizmente, as companhias têm investido também no ser humano, que atua nos vários componentes do sistema, não somente para se tornarem mais competitivas, mas para atenderem aos critérios de certificação e também à legislação trabalhista e às exigências da sociedade quanto à responsabilidade social. No passado, a grande maioria das operações em todos os sistemas de colheita era realizada manualmente, com a motosserra para o corte, e mecanicamente, com tratores agrícolas ou caminhões adaptados, para a extração.

Porém, ainda em menor escala, estes mesmos sistemas são empregados, geralmente, por prestadores de serviços, em terrenos montanhosos. O trabalho é pesado, em condições insatisfatórias, podendo causar fadiga, acidentes e doenças ocupacionais. A introdução das inovações tecnológicas advindas da mecanização tem contribuído para a melhoria das condições de trabalho das pessoas. A utilização de máquinas resultou em novos sistemas de colheita, alta produtividade, diminuição do índice de acidentes, serviço leve e, em geral, melhor condição de trabalho.

Porém, vários trabalhadores começaram a queixar-se de outros problemas de saúde, como dores nas articulações, pescoço, ombros, costas, braços, antebraços e mãos. Segundo observações, isto pode ser resultado de trabalho repetitivo, posturas forçadas, falhas no projeto das cabines, assentos, controles e instrumentos do painel.

O setor florestal está em expansão em todo o País. Estima-se que estão sendo plantados mais de 500 mil hectares de florestas por ano, perfazendo uma área total de plantações superior a 5 milhões de hectares. Esses números precisam ser ampliados para atenderem à crescente demanda dos mercados nacional e internacional.

Portanto, pode-se considerar que a indústria, além de outros, depara-se com os seguintes principais desafios: aumentar o volume de madeira disponível, com implantação de florestas altamente produtivas; introduzir sistemas de colheita altamente mecanizados, tanto em áreas planas, quanto em montanhosas, com a utilização de sistemas de cabos; propiciar ao operador as melhores condições de trabalho possíveis, para melhoria da saúde, do bem-estar, do conforto, da segurança, da satisfação e do desempenho dos mesmos; introduzir sistemas que minimizem os impactos ao meio ambiente; fazer avaliação dos atuais sistemas de toras curtas, cut to length, toras compridas, cavacos e árvores inteiras, com vista a buscar um sistema ótimo, para cada situação empresarial.