Me chame no WhatsApp Agora!

Emilio Sabetta Junior

Diretor Comercial da John Deere

Op-CP-06

O dinamismo do cenário florestal, sob a ótica de um fornecedor de equipamentos

Não é nenhuma novidade para aqueles que participam diariamente do negócio que a taxa de crescimento do setor florestal no Brasil, em decorrência dos altos investimentos no setor de papel e celulose e de produtos acabados de madeira, é substancialmente maior que a taxa média de crescimento dos vários segmentos econômicos do país.

A motivação para estes investimentos está diretamente vinculada ao conceito do aproveitamento e maximização de uma das principais vocações do Brasil, suas excepcionais condições climáticas. Seria fantástico se todas as vocações básicas do país recebessem o mesmo tipo de atenção e comprometimento com seu desenvolvimento. Certamente, não estaríamos observando as infindáveis discussões que ora preenchem grande parte dos noticiários, sobre as perspectivas de crescimento da economia brasileira.

Contrariando muitas opiniões de economistas e empresários e considerando que o setor florestal alimenta um dos principais segmentos exportadores do país, a retração do câmbio, ao longo dos últimos anos, não foi capaz de diminuir o ritmo dos investimentos no setor. Muito pelo contrário, foi nos últimos anos que as decisões da implantação das expansões das plantas existentes e da construção de novas plantas foram tomadas.

Alguns fatos do setor dispensam números para comprová-los, pois são de notória visibilidade. Limito-me aqui a dar uma opinião simplesmente baseada em minhas observações. Os fatos aos quais estarei me referindo ocorreram num intervalo de tempo de não mais que 10 anos. Era muito comum clientes visitarem operações florestais em outros países. Havia grupos visitando o Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia, Chile, para citar os mais freqüentes. Muito foi aprendido.

 De como fazer, mas, principalmente, de como não fazer. Desenvolvemos aqui no Brasil nossa própria cultura e metodologias de colheita florestal. Hoje, visitamos menos do que somos visitados. Várias operações são marcos de eficiência e custo, para muitas empresas internacionais. O segmento pulou etapas importantes. Nesse período, passamos do conceito full tree de colheita de eucalipto, com descascamento manual ou através de máquinas portáteis, para o conceito cut-to-length, com total descascamento no campo, através do próprio cabeçote.

Não quero dizer que o sistema full tree não seja adequado em muitas situações. Muito pelo contrário. Esse fato é um importante parâmetro da medida da velocidade de absorção de novas tecnologias. Para se ter uma idéia, o sistema cut-to-length ainda sofre enormes restrições nos Estados Unidos, mesmo em operações onde ele seria o mais adequado e econômico.

Mais que isso, onde aplicado, ele não apresenta os parâmetros de eficiência aqui obtidos. Para melhor ilustrar este cenário de desenvolvimento, há dois parâmetros importantes. Coloquemo-los um em cada ponta de uma cadeia de fatos. Em uma das pontas, colocaria o incremento de produtividade anual das plantações de eucaliptos. Os ganhos de produtividade obtidos, através de clones geneticamente desenvolvidos, superam quaisquer expectativas: de uma média de 25 m3/ha/ano, 10 anos atrás, para a média atual de 50 m3/ha/ano. Isso quer dizer que, em um único hectare, colhe-se hoje quase o mesmo que se colhia há 10 anos em dois hectares.

Hoje em dia, em média, uma máquina processa (corta, desgalha, descasca e segmenta em toras) aproximadamente duas vezes mais árvores que há 10 anos. O resultado desse avanço é que hoje se pode utilizar, em situações topográficas idênticas, um número três vezes menor de máquinas para produzir o mesmo volume. Embora essa seja uma conta resultante de uma situação ideal, ela não deixa de ser realística. Este é um ganho fantástico em qualquer setor.

Entre esses dois extremos importantes, podemos citar outros fatores que assumiram também a condição de críticos na busca da sustentabilidade desses ganhos em longo prazo, nas operações florestais mecanizadas no Brasil. A alta capacidade de absorção de tecnologia de ponta, em curto espaço de tempo, somente foi possível por meio de investimentos substanciais em treinamento de pessoal. Conseqüentemente, veio a implementação de processos em todos os elos da cadeia produtiva.

A utilização intensiva das máquinas, em dois ou três turnos, durante anos ininterruptos, permitiu que se domasse o tempo e se antecipasse eventos mecânicos, que somente seriam observados após um período muito mais extenso, em outros países. Deste fato, resultaram conhecimentos de manutenção de grande importância.

Hoje, no Brasil, conseguem-se índices de disponibilidade mecânica altíssimos para os níveis de utilização existentes. Como conseqüência, veio a valorização da mão-de-obra e uma maior inclusão social. É interessante notar também que tudo isso ocorreu, concomitantemente, com grande entendimento e respeito ao meio ambiente. Do ponto de vista dos fornecedores de equipamento de colheita florestal, a rapidez com que esse crescimento desenrola-se, resulta em desafios fascinantes, que se constitui nas premissas básicas para o planejamento de nossas empresas.

Do ponto de vista profissional, é gratificante fazer parte de um segmento tão dinâmico. Sabemos muito claramente que o segmento florestal continuará nessa busca incessante de maior produtividade e de metodologias específicas para as condições brasileiras. Os fantásticos ganhos obtidos não são, de nenhuma forma, sinais de que se esteja entrando num ritmo menos intenso. Ou acompanhamos o ritmo ou vamos ter que tocar em outra banda. Esta é reservada e fechada aos competentes, aos profissionais, aos compromissados e comprometidos. Não há espaço para aventureiros.