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Luiz Antonio Nunes de Melo, Manaus

Engenheiro Florestal do Ibama

Op-CP-03

Formação de brigada: nova arma de combate aos incêndios florestais

Os incêndios constituem-se numa das maiores ameaças aos reflorestamentos e às florestas nativas do planeta. Por isto, é necessária a implantação de eficientes sistemas integrados de proteção contra incêndios florestais, tanto em florestas produtivas, como em Unidades de Conservação. Esta necessidade é ressaltada pela dificuldade econômica e física para manter baixos os níveis de combustíveis acumulados, em áreas de florestas nativas ou reflorestadas de forma a minimizar o risco de propagação de um incêndio.

O conhecimento do mecanismo da ignição e da propagação do fogo é fundamental para o planejamento das operações de prevenção, combate e extinção dos incêndios florestais. Os combustíveis florestais são fundamentais para a ocorrência e propagação dos incêndios e é o único elemento componente do triângulo do fogo, que pode ser controlado pelo homem.

As previsões dos incêndios florestais não podem estar somente ligadas às condições meteorológicas do momento. Para entender o comportamento de um incêndio florestal, é necessário ter o pleno conhecimento das particularidades dos combustíveis presentes. Não há como se fazer estimativas do comportamento dos incêndios florestais, sem considerar as características físicas e químicas dos combustíveis que irão determinar, desde a ignição, o seu comportamento posterior, a energia liberada e, por fim, a dificuldade de controle e da extinção dos mesmos.

A quantidade e qualidade de informações, relacionadas ao material combustível em florestas nativas, são muito limitadas. Estas informações são, porém, importantes para a redução do risco de ocorrência de incêndios, para o planejamento do controle de incêndios florestais e para se atingir outros objetivos previstos no Plano de Proteção Florestal das Indústrias de Base Florestal e nos Planos de Manejo das Unidades de Conservação.

Embora um inventário seja a forma mais precisa de quantificação do combustível florestal, o tempo despendido na sua realização é muito longo, o que inviabiliza sua utilização nos casos em que o incêndio já iniciou e pretende-se estimar a intensidade do fogo. Todos nós sabemos que as indústrias de base florestal precisam manter, dentro de um raio que seja julgado econômico, em terras próprias ou de terceiros, o seu suprimento futuro de matéria-prima: as florestas nativas ou áreas reflorestadas.

Esta é uma regra imposta no Art. 19, da lei n° 4.771 / 65 – Código Florestal. Essas florestas devem estar encapsuladas dentro das mais rígidas regras de proteção, em especial contra os incêndios florestais, são a razão da existência da indústria. No momento em que levamos dezenas de anos impondo tratos silviculturais em reflorestamento e aplicando técnicas de manejo, sob regime de rendimento sustentado em florestas nativas, o fogo pode exterminar em horas o trabalho lento de suprimento, e pior, ficando sem condições de abastecer a indústria.

E essa nossa ineficácia deve ser corrigida, não só com o treinamento de bombeiros militares, que foram especialmente preparados para o combate de incêndios urbanos, mas com a criação de brigadas de incêndio florestal, onde os brigadistas deverão ser capitaneados por profissionais da área de engenharia florestal e seguidos, principalmente, por agricultores, pessoas de lida no campo.

E neste momento devemos manter treinadas, capacitadas e munidas de equipamento de prevenção e combate aos incêndios florestais, as brigadas de incêndios florestais, aptas a promoverem a queima controlada, em áreas suscetíveis a incêndios, em especial, o sub-bosque dos reflorestamentos, com redução das acículas e galhos por derrama natural, ao longo dos aceiros externos e, principalmente, áreas alvo de incendiários.

Não basta apenas extinguir incêndios florestais, há de se promover palestras, encontros, congressos e treinamentos aos vizinhos lindeiros à propriedade, com o objetivo de aproximar, levar técnicas de queima controlada e, principalmente, auxiliar na defesa da área, tida como reserva de suprimento. Da mesma forma, as Unidades de Conservação federal, estadual ou municipal, em especial as de proteção integral, devem manter as brigadas treinadas e equipadas, em estado de alerta, enquanto perdurarem os riscos na sua fase de Alto Risco.

A tecnologia hoje desenvolvida fornece, com muita propriedade, os graus de riscos de incêndios florestais, baseado na umidade relativa do ar, precipitação pluviométrica e a velocidade do vento, e esses resultados podem ser levados às placas de informação de riscos de incêndios florestais, instaladas nas Polícias Rodoviária Federal e Estadual, mas, infelizmente, esse equipamento só está sendo utilizado no Estado do Paraná.

E seu manuseio é simples: o patrulheiro ou militar recebe a informação da instituição responsável pelo cálculo do risco e muda a seta indicativa, instalada na placa. Isto posto, as empresas, responsáveis por povoamentos de alto risco, como os reflorestamentos, sabedores dos riscos iminentes, promovem um sobreaviso a todos brigadistas e parceiros lindeiros, que ficam em alerta máximo na prevenção e combate dos incêndios florestais.

Entendemos como brigadas de incêndio florestal um grupo de pessoas que receberam treinamento para o combate ao fogo, por instituição ou pessoas especializadas, e estejam munidos de equipamentos básicos de combate. Cada brigada, por razões de ordem prática, deve ter, no máximo, 20 homens, e nunca menos que 7 homens. “A melhor forma de combater incêndios florestais é a prevenção.”