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Raul Kriedte

Gerente de Marketing da Andreas Stihl Motosserras

Op-CP-06

A evolução da colheita e do transporte exige capacitação, produtividade e eficiência operacional

A realidade da cadeia de produção florestal brasileira vem mudando muito nestes últimos anos e a nossa capacidade de inovação está sendo continuamente colocada à prova. Dessa forma, ações rápidas serão necessárias para adequação às novas exigências do mercado. O Brasil já tem, sem dúvida, grande importância no cenário florestal mundial.

Essa situação apresenta potencial tendência de crescimento, com o incremento da produção e da competitividade, desde que se respeite particularidades, como a extensão territorial, a topografia, as variações climáticas e edáficas, entre outras. Além desses aspectos, é fundamental citar a aplicação de novas tecnologias nas diferentes etapas e processos, que compõem o ciclo de produção florestal, entre os quais o processo da colheita.

A colheita, de forma geral, compreende um conjunto de operações realizadas no maciço florestal, seja ele plantado ou nativo, com o objetivo de preparar e transportar a madeira, até o local de seu processamento. As principais operações pertinentes ao processo da colheita são: a roçada pré-corte, o corte, a extração e o transporte. Dentro dessas etapas, podem existir sub-operações, como: desgalhamento, descascamento e seccionamento.

Hoje, no Brasil, temos aproximadamente 5,2 milhões de hectares de florestas plantadas (eucalipto, pinus e outros) e 88,9 milhões de florestas nativas (total geral). É notório que os sistemas de colheita, em ambos os casos, encontram-se em patamares diferentes, e isso merece ser comentado. É inegável que os maiores avanços tecnológicos mecanizados, na área de colheita, ocorreram nas florestas plantadas, não só na colheita especificamente, mas também nos tratos culturais, que resultam numa maior eficiência de todo o processo de produção da madeira.

Podemos destacar, as técnicas de preparo de solo e plantio e manutenção da floresta, que também tiveram grandes avanços, através de equipamentos manuseados somente por um operador, como os novos perfuradores de solo para plantio, que substituem o enxadão, ao mesmo tempo que favorecem o desenvolvimento inicial das plantas.

A evolução tecnológica é uma realidade nas máquinas utilizadas na colheita mecanizada da madeira, mas também ocorreram avanços recentes nas atividades de pré-colheita, sendo muito significativas as roçadas pré-corte, executadas com roçadeiras laterais, operadas por um único trabalhador florestal, que facilitam o trabalho de deslocamento na floresta, otimizando a produtividade e a qualidade da atividade, eliminando o sub-bosque dos povoamentos.

O tipo de colheita a ser efetuada em uma determinada área vai depender, entre outros fatores, da topografia e da finalidade de uso da madeira: celulose, carvão, energia ou madeira sólida. Uma vez que, para cada finalidade e situação, pode ser adotado um sistema diferente, com combinações de máquinas, em função de cada circunstância.

Uma tendência cada vez mais forte nas grandes empresas é o estabelecimento de parcerias com pequenos produtores, através de programas de fomento florestal, o que, mais tarde, no momento da colheita, geralmente resulta num sistema semi-mecanizado, porque as áreas de menor dimensão não comportam os sistemas de colheita empregados nas grandes empresas e maciços florestais plantados. Por outro lado, deve-se também mencionar a evolução que ocorre na colheita em florestas nativas, que corresponde aos avanços tecnológicos ocorridos nas motosserras, skidders e tratores de esteiras, ainda limitados pelo tamanho das árvores e conceitos de manejo sustentável.

Em contrapartida, no planejamento e na execução das tarefas de colheita, houve um grande avanço, através da utilização de equipamentos eletrônicos, como GPS e programas de processamento de dados, mapeamento da extração, derrubada direcionada, planejamento das estradas e ramais de arraste, de acordo com as árvores a serem exploradas, seleção de árvores matrizes, treinamento e utilização de mão-de-obra especializada.

Esses aspectos viabilizam a redução significativa do impacto da atividade de colheita na floresta nativa, tornando o sistema de manejo rentável e sustentável. Na colheita efetuada há alguns anos atrás, a produtividade não era alta e o impacto ambiental era muito grande, tanto nas florestas nativas, como nas florestas plantadas. Devemos ressaltar que os avanços nas questões ambientais, em ambos os casos, com a adoção de novas tecnologias e com a capacitação dos trabalhadores, têm reduzido os danos ambientais.

Os aspectos que influem na logística de movimentação e do transporte florestal são os custos, as condições topográficas, volumes, dimensões e finalidade da madeira a ser deslocada. Ainda determinam os tipos e combinações de maquinários a serem utilizados, uma vez que todo o sistema de transporte dependerá de estudos de custo e produtividade.

Hoje, já é utilizado no Brasil o sistema de extração por torres e cabos de aço, que é recente e exemplifica bem os avanços nesse setor. Um fato que merece reflexão é a velocidade com a qual os avanços tecnológicos chegaram e foram introduzidos no setor florestal, sem respeitar o ritmo natural de adaptação do homem e do meio ambiente. Devemos considerar ainda que, embora estejam disponíveis diversas tecnologias, o homem desempenha papel fundamental para que as futuras gerações possam usufruir dos recursos e belezas naturais, aliados aos benefícios tecnológicos do desenvolvimento.