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José Carlos Arthur Junior

Coordenador Técnico do PTSM/IPEF e Sócio-Diretor da Florestar Soluções

Op-CP-27

Recipiente biodegradável para mudas florestais

O êxito no estabelecimento de plantações florestais depende, em grande parte, da qualidade da muda. Esta é conseguida através de um conjunto de técnicas de manejo empregadas durante o processo da sua formação. O uso de recipientes permite melhor controle da nutrição e proteção das raízes, além de facilitar o manejo no viveiro, no transporte e no plantio.

Aintrodução do tubete de polipropileno no início da década de 80 revolucionou os viveiros tradicionais de saco plástico, sobretudo por aumentar os rendimentos operacionais, aumentar a higiene fitossanitária, diminuir a demanda de mão de obra, possibilitar a automação de operações e diminuir os problemas ergonométricos.

No entanto esse tipo de recipiente pode causar restrição radicial, favorecendo o surgimento de deformações, que podem permanecer durante o crescimento das plantas no campo.  O uso do tubete é amplamente difundido em todo o setor florestal. O domínio do processo produtivo, a alta produtividade e os custos atrativos fazem com que os produtores de mudas resistam a trocar o tipo de recipiente.

A baixa degradabilidade no ambiente do polipropileno e as crescentes exigências da comunidade e dos órgãos certificadores de processos e de produtos têm pressionado os produtores de muda a buscar recipientes que se degradem rapidamente no solo.

Os plásticos biodegradáveis possuem propriedades físico-mecânicas semelhantes aos plásticos sintéticos, com a vantagem de se degradarem rápida e completamente por ataque microbiano. Na tese intitulada “Uso de tubete e de minitubete de compósito de polihidroxibutirato (PHB) mais pó de madeira na produção e no plantio de mudas seminais e clonais de eucalipto”, esse tipo de plástico foi testado.

Os resultados demonstraram que o crescimento e a qualidade das mudas produzidas nos sistemas seminal e clonal, com tubetes de polipropileno e de plástico biodegradável, foram semelhantes.

A adequada decomposição do tubete biodegradável foi fundamental para que não houvesse restrição ao sistema radicular, o que foi conseguido calibrando-se a quantidade de pó de madeira adicionado ao plástico e pela manutenção de boas condições microclimáticas no viveiro. Quando a decomposição do recipiente foi excessiva, houve danos ao crescimento da muda e ao sistema radicular, e o manejo dos recipientes no viveiro e no campo ficou mais difícil e inadequado.

O crescimento das mudas seminais e clonais em campo foi semelhante, sem restrição ao desenvolvimento do sistema radicular. Mais informações sobre essa pesquisa encontram-se no link: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-24052011-083039/pt-br.php.

O uso do recipiente biodegradável apresenta várias vantagens: a lavagem e a desinfecção de recipientes são desnecessárias; não há retorno de recipientes ao viveiro, consequentemente, diminuem-se os riscos de contaminação por pragas e agentes fitopatogênicos; o custo de plantio é menor, pois não há necessidade de tirar a muda do recipiente;  normalmente, a necessidade de replantio é menor, devido à proteção do sistema radicular pelo recipiente.  

Uma vantagem de grande impacto para as empresas florestais exportadoras e detentoras de selo de certificação é o crédito recebido pelo uso de recipiente não poluidor e oriundo de fonte renovável. Os recipientes biodegradáveis também apresentam algumas desvantagens. Ainda são mais caros, há aumento da necessidade de compra de recipiente e de estocagem.

A busca por novas tecnologias, que conciliem os aspectos econômicos e ambientais, é fundamental para a garantia da competitividade e da sustentabilidade do setor florestal brasileiro. Investimentos nos setores de pesquisa e de desenvolvimento e a parceria entre universidades e iniciativa privada são fatores fundamentais para a garantia do sucesso. Estão em andamento no País vários trabalhos de pesquisa e de avaliação tecnológica de recipientes alternativos, como a espuma fenólica e os blocos prensados. A tendência de usar algum desses recipientes num futuro próximo é bastante promissora.