Me chame no WhatsApp Agora!

Ingrid Saur

Diretora da PenzSaur

Op-CP-06

O transporte florestal e a logística brasileira

Estamos, constantemente, diante de novos desafios, buscando, através de feiras, seminários, conferências e trocas de informações com nossos parceiros nacionais e internacionais, mais conhecimentos, que nos permitam melhorar a movimentação e o transporte de todas as riquezas produzidas no Brasil. Muitas são as variáveis que precisam ser analisadas, quando elaboramos um projeto que visa reduzir, ao máximo, os custos de movimentação e transporte na cadeia produtiva.

Na maioria das vezes, começamos com o estudo de logística dentro das nossas empresas, investindo na mudança de layout, em máquinas, processos, controles e no treinamento das equipes. Investimos também em softwares de gestão, que nos permitem rastrear, com segurança, toda a cadeia de abastecimento da fábrica. Parcerias com transportadoras e o acompanhamento das entregas são pontos determinantes no atendimento ao cliente.

Com base nos dados divulgados na I Conferência de Infra-Estrutura Logística, precisam ser investidos 40 bilhões de reais, por ano, para eliminar os entraves à competitividade. O setor rodoviário, que transporta a maioria das cargas no país e fatura o equivalente a 6% do PIB, emprega, diretamente, 3,7 milhões de pessoas, e responde por 66% do consumo nacional de combustível.

O transporte rodoviário de cargas representa quase a metade dos custos logísticos do país, que estão estimados em 12% do PIB, segundo o Coppead-UFRJ. Nos Estados Unidos, o gasto das empresas com logística equivale a 8,2% do PIB. A produção ferroviária, medida em TKUs (tonelada por quilômetro útil), cresceu 62%, de 1997 a 2005, segundo o ANTF, o que significa 6,2% ao ano, o que equivale a mais de três vezes a evolução do PIB, no mesmo período.

Um dos entraves do setor é o custo do frete ferroviário, além dos gargalos que precisam ser eliminados, tais como: 824 focos de invasão de área de domínio; 424 invasões consolidadas; 12.400 passagens de nível; trechos concebidos para a economia do século 19, com rampas elevadas e pequenos raios de curva, que restringem a capacidade e a produtividade das ferrovias; problemas na travessia das áreas urbanas.

Na análise dos nossos portos, um caminhão esperando para descarregar no porto tem um custo médio de US$ 100 ao dia. Em média, uma carreta passa 1,5 dia na fila. Com uma carga de 30 ton, um caminhão parado acarreta perda de US$ 5 por tonelada. O custo médio do transporte de cargas no Brasil é de US$ 25 a US$ 30 por tonelada, a cada 1200 km, enquanto nos Estados Unidos fica em torno de US$ 10 a US$ 11, por tonelada.

Segundo a ANTP, os portos privados movimentam mais de 600 milhões de toneladas anuais, o que representa um aumento de 73%, em relação a 1993, com investimentos que superam os US$ 2 bilhões. Enquanto os países desenvolvidos consideram a atividade portuária como negócio, aqui o governo aumenta a interferência estatal.

Para piorar, não existe uma diretriz, um plano diretor para os portos, cada ministério tem entendimentos diferentes sobre a administração dos portos e o resultado disto é a paralisação do país, a cada greve deflagrada. Este cenário está completamente fora do contexto de um país que precisa crescer. O que precisamos fazer para que o governo e os políticos compreendam que o fator preponderante na cadeia produtiva de qualquer produto depara-se com a falta de investimentos de infra-estrutura logística, na morosidade dos órgãos governamentais, na altíssima carga tributária e nas taxas de juros absurdas, diante do índice inflacionário e do crescimento do PIB?

A Saur tem 80 anos e está há, aproximadamente, 40 anos produzindo equipamentos, que auxiliam e otimizam o transporte interno nas empresas. Estamos presentes nos principais portos e terminais de carga e descarga, nas centrais de recebimento de grãos, nas fábricas de celulose e papel, nos centros de distribuição, nas fábricas de bebidas, nas locadoras de equipamentos, entre outras empresas.

Iniciamos a nossa produção, de equipamentos, ligados ao mercado florestal, em julho de 2000, através de uma parceria com a austríaca Penz Kranbau. O restrito conhecimento da Saur no mercado florestal limitou as vendas nos dois primeiros anos do projeto. A tropicalização do projeto passou pela análise criteriosa dos componentes e, principalmente, das técnicas de solda e usinagem.

Implantamos um centro de desenvolvimento de projetos novos e inovações e uma unidade para montagem e testes de cilindros e componentes hidráulicos. Para colheita florestal em lugares de difícil acesso e com maior declividade, implantamos, no Brasil, o sistema de transporte, através de cabos aéreos. Este sistema já está operando na Berneck de Curitiba e tem se mostrado eficiente, pois permite maior aproveitamento da área, com a redução das estradas de acesso, além de minimizar sensivelmente os danos ao solo, permitindo o replantio imediato.

Em termos de produtividade, temos dados estatísticos do equipamento modelo K-300, que transporta 3.072 metros cúbicos, em 22 dias de trabalho, ocupando cinco pessoas. Tenho notado, nestes seis anos de presença no mercado florestal brasileiro, que o nível de exigência dos clientes tem se aprimorado, pois todos estão em busca de melhores máquinas, mais tecnologia, atendimento pós-vendas e seriedade na negociação. Diante do mercado extremamente competitivo que estamos vivendo, cabe a cada empresa inovar os processos internos e externos, investir em máquinas que atendam às exigências da floresta e no treinamento dos colaboradores. Sem dúvida nenhuma, este é um grande desafio, considerando a realidade brasileira.