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Mário Higino Leonel

Diretor da MHLeonel Participações

Op-CP-09

O Brasil das oportunidades em florestas

O Brasil, por sua extensão territorial, estabilidade política e condições naturais, é berço para enorme variedade de investimentos florestais e agroindustriais. Ao lado dos 475 milhões de hectares de florestas naturais, as plantações de eucalipto e pinus somam 5,4 milhões de hectares, com elevados níveis de produtividade, que suprem uma diversificada cadeia de produtos de classe mundial, como celulose, papel, painéis, móveis, compensados, produtos siderúrgicos e insumo energético para estabelecimentos industriais, comerciais, agrícolas e domésticos, além de produtos não madeireiros.

A tecnologia alcançada pela nossa silvicultura, resultante de décadas de investimentos em pesquisas; a criatividade empresarial, a gestão responsável e a capacidade organizacional do setor privado conferem competividade aos produtos brasileiros. A importância do setor de florestas plantadas é traduzida por indicadores expressivos. O valor bruto da produção é de US$ 25 bilhões, as exportações anuais somam US$ 8 bilhões e a balança comercial é superavitária.

A cadeia produtiva gera 1,7 milhão de empregos diretos e indiretos no campo, nas fábricas e nas comunidades, no entorno dos empreendimentos; o efeito-renda gera mais um milhão de empregos; os cofres públicos recolhem US$ 4 bilhões anualmente, em impostos e tributos; o Índice de Desenvolvimento Humano cresce nos municípios com atividade florestal, dinamizando economias regionais e consolidando arranjos produtivos As plantações florestais reduzem a pressão sobre florestas nativas.

Nas unidades de manejo, as áreas de preservação são resguardadas e enriquecidas, formando mosaicos que asseguram biodiversidade, solo e água sendo conservados pela adoção de procedimentos operacionais, fundamentados na ciência e no planejamento ambiental do uso da terra. A silvicultura ocupa e recupera áreas degradadas, ou exauridas por usos anteriores.

Um hectare de floresta plantada no Brasil produz até 300 metros cúbicos de madeira em 7 anos, 10 vezes mais do que no hemisfério norte, onde a maturação é de 80 a 100 anos. É inegável a vocação do Brasil em se tornar um dos mais importantes players do comércio mundial de produtos florestais, cujo mercado global, segundo a FAO, é de US$ 330 bilhões/ano.

Neste cenário, o Brasil participa timidamente, com apenas 3%, embora o segmento de celulose branqueada de fibra curta detenha a liderança no mercado internacional. Projeções indicam demanda crescente por produtos de florestas plantadas. Até a década passada, os 200 milhões de hectares dessas florestas, no mundo, supriam 35% da madeira industrial consumida globalmente; hoje, essa participação é de 50%.

Paralelamente ao aumento da demanda mundial, observa-se a transferência do centro de gravidade do negócio florestal para o hemisfério Sul, fenômeno este vinculado ao crescimento dos mercados emergentes e à produção de produtos florestais competitivos, com altas taxas de rentabilidade e de retorno. O comércio mundial de produtos florestais cresce a taxas superiores à produção e os custos da madeira e dos produtos industrializados na Europa e na América do Norte já tornam inviáveis várias fábricas naquelas regiões.

Os Estados Unidos, por exemplo, desde 2001, importam mais produtos florestais do que exportam. A disponibilidade de terras degradadas (mais de 100 milhões de hectares), o domínio tecnológico em todos os elos da cadeia produtiva e os crescentes mercados doméstico e internacional criam oportunidade para o Brasil atrair investimentos e se consolidar no cenário mundial.

Estima-se que até 2015 os investimentos no setor florestal brasileiro alcancem US$ 20 bilhões, para atender aos programas de expansão das indústrias de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, madeira processada, painéis e móveis. Nos últimos anos, apenas o setor de celulose e papel investiu, em média, US$ 1 bilhão por ano, em conformidade com o seu plano de alocar US$ 14,4 bilhões, no período entre 2003 e 2012.

Até 2002, o Brasil plantava apenas 300 mil hectares por ano; em 2006, foram plantados 627 mil hectares; uma resposta ao risco de escassez de madeira industrial. É possível e desejável plantar mais; o país tem condições de dobrar a área florestal plantada de modo sustentável, sem competir com áreas agrícolas, promovendo maior inclusão social, via programas de fomento, e induzindo desenvolvimento regional, com reflexos sociais e econômicos positivos.

Pelas características da atividade - capital intensivo e maior período de maturação do investimento, quando comparada a outras atividades econômicas, tornam-se necessárias políticas públicas e privadas de longo prazo. É necessário criar um ambiente realmente favorável para os investimentos. Uma fábrica que irá operar daqui a sete ou oito anos necessita plantar hoje.

O Brasil consumiu no ano passado 150 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto e de pinus; em 2015, consumirá mais de 220 milhões de metros cúbicos. A madeira será produzida nos pólos tradicionais (regiões sul, sudeste e sul do nordeste), bem como em novas fronteiras, como as regiões centro-oeste, metade sul do Rio Grande do Sul, norte e centro-norte da região nordeste. Ao setor privado, caberá dar seqüência ao planejamento ordenado da produção sustentável, adotando medidas que eliminem o risco de escassez de madeira e assumindo, cada vez mais, ações integradas, focando novas demandas e desafios.