Diretor Florestal da Satipel
Op-CP-16
Certamente, esta é uma notável questão. Notável não significa elitista ou esquisito. Nem bonito ou feio, grande ou pequeno. Pode ser qualquer uma dessas coisas. É apenas algo sobre o qual é relevante discutir, dividir e aprender. Dentre todas as mudanças que se observam no mundo, a conscientização e a mobilização das pessoas diante das questões sociais e ambientais do planeta constituem uma das mais salutares conquistas da sociedade moderna.
Reconhecer e aplicar essas novas dimensões institui a sustentabilidade como efetivo alicerce norteador das estratégias de sobrevivência e sucesso de um negócio. A meta do desenvolvimento sustentável requer capacidade de pensar e operar, tendo em conta, e em conjunto, dimensões econômica, social e ambiental, sem predominância de uma sobre as outras.
Isso significa pensar e atuar com base na transversalidade. Trata-se, como discorre o Prof. Fernando Almeida (Coppe/UFRJ), de um conceito proveniente do domínio ambiental, pois a observação dos ecossistemas mostra que neles não há lugar para ações estanques e segmentação, já que, na natureza, todos os processos são interligados. Opondo-se à fragmentação, a transversalidade nos dá uma visão mais ampla e adequada da realidade, indicando o caminho da continuidade.
O último anuário da Abraf destaca a evolução e profissionalização do setor de florestas plantadas. Esse setor já se apresenta como um dos mais importantes da agricultura brasileira, somando cerca de 6,5 milhões de hectares plantados e 5,7 milhões de hectares de florestas nativas protegidas, representando relevantes biomas nacionais. A cadeia produtiva que tem por base as florestas plantadas gera, aproximadamente, 4,7 milhões de empregos.
No período de 1999-2008, o número de postos de trabalho cresceu 145%. Ao longo dos últimos 20 anos, verifica-se consistente investimento em pesquisa, infraestrutura, colheita, transporte florestal, indústria e plantios. O investimento previsto para os próximos 5 anos ultrapassa R$ 16 bilhões. A evolução da produtividade das florestas plantadas saiu, em 1980, de 25 m3/ha/ano para 55 m3/ha/ano, em 2010.
Os programas de fomento florestal, responsáveis por extensão tecnológica, integração e desenvolvimento agrícola regional, já perfazem uma área plantada superior a 530 mil ha, envolvendo quase 25.000 beneficiários. Nos últimos anos, os programas de responsabilidade social desenvolvidos pelas empresas do setor têm proporcionado expressivos investimentos anuais, beneficiando, anualmente, mais de 1,5 milhão de pessoas em regiões com significativas deficiências socioeconômicas.
Esse é um dos setores que lideram ações de certificação ambiental no país, apresentando 5,2 milhões de hectares certificados pelo FSC, selo de certificação florestal mais disseminado no mundo, e 1 milhão de hectares certificados pelo Cerflor/Inmetro, reconhecido pelo PEFC - Programme for the Endorsement of Forest Certification schemes.
Definitivamente, citando o Prof. Stape (Esalq-USP), a produtividade, per si, deixou de ser o único fator a ser analisado numa decisão estratégica de grandes empreendimentos, sendo de alta relevância, na sociedade atual, o know-how e o embasamento científico dos manejos adotados, de forma que, nas sociedades local e internacional, haja transparência das práticas de manejo e seus controles, bem como das inter-relações sociais.
Exatamente por isso, os maciços de florestas plantadas assumem status de um “ecossistema”, demandando ativo conhecimento, além da produção de madeira, também do uso dos recursos naturais de que necessita ou influencia, como água (regime de vazão e qualidade), solo (conservação e potencial produtivo), biodiversidade (no contexto de conservação e preservação) e progresso econômico e social (educação e inclusão). As evidências demonstram que a expansão florestal está cada vez mais apoiada nos conhecimentos científicos sobre “ecossistemas” de plantações florestais e suas inter-relações ambientais e sociais.
A “expansão das florestas plantadas” tem caracterizado meio ambiente, num primeiro momento, invocando uma série de premissas associadas à produtividade florestal, mas se seguindo, imediatamente, os aspectos da sustentabilidade econômica, ecológica e social do empreendimento, dentro das particularidades de cada região. Integrar as três dimensões da sustentabilidade tem sido uma dificuldade visível em todos os segmentos e esferas. Apesar da evolução já alcançada, permanece o desafio de reconhecer que o status assumido pelas florestas plantadas requer plena ciência de que competição e cooperação devem andar juntas.