Diretor da Tecma
Op-CP-15
O setor florestal é um dos mais organizados da agricultura brasileira. Investimentos vultosos, feitos por poucas empresas. Poucos decidindo sobre o destino de muitos. Os serviços manuais são substituídos por máquinas. Sou favorável. É inevitável! Em outros países aconteceu antes. Em 1987, na Suécia, vi uma das pessoas mais gabaritadas que conheço operando um forwarder.
Antes, ele treinava operadores e mecânicos. Comprou a máquina já depreciada pela indústria. Dela tirava seu sustento. Perguntei espantado por que ele parava às 14h00? Resposta lógica. Cairia em outra faixa de imposto de renda e não compensaria trabalhar mais. Legislação impondo limites no serviço. Vi na área florestal pessoas analfabetas ganhando dinheiro como empreiteiros, ao lado de outras com grande conhecimento sem trabalho. Não subestimo competências.
Recompensar a ignorância? Tem algo errado! Alguém está fazendo alguma coisa errada. Conduzindo mal. Ou será que ninguém está conduzindo? Conhecimento custa para a sociedade e precisa ser aproveitado com responsabilidade e inteligência. Recentemente, uma reportagem na BBC News anunciava um sistema que transmite por rádio os movimentos definidos pelo operador da primeira máquina, para uma frota sem ninguém no volante.
Será a possibilidade de formação de enormes comboios de caminhões ou tratores preparando solo, por exemplo. Máquinas repetem, automatizam, mas não criam. Com tristeza, vi um município do estado de São Paulo, perdoem omitir o nome, transformar-se em um dos maiores pólos de desemprego do estado.
Antes, agricultura exuberante, agora serviços de plantio e colheita de eucalipto totalmente mecanizados. Operações agrícolas semestrais passaram para operações florestais a cada sete anos. Movimento 14 vezes menor. Pense. Calcule o impacto social! Vi a pobre cidade do interior do Paraná, Telêmaco Borba, transformar-se em pólo de tecnologia.
Exportação de trabalho agregado a produtos de eucalipto. Passou a ser uma das maiores arrecadadoras de ICMS do estado. Tudo isto em menos de 10 anos. Alguém arquitetou e fez isto. Atraiu e incentivou o trabalho, alavancado pelo mais importante deles: o empreendedorismo. Sinta o que pode ser feito para benefício de todos!
Outras atividades da economia ensinam que leiloar não é a melhor forma de comprar. Já descobriram que manter fornecedores competindo entre si também não. Descobriram que a integração da cadeia produtiva (Fornecedor-Empresa-Cliente), possibilitando planejamento e racionalização no tempo é melhor. Premiar o conhecimento útil em benefício de todos estimula sua obtenção e aplicação.
Uma usina do interior de São Paulo inovou, terceirizando toda atividade agrícola para seus ex-funcionários mais graduados. Apoia o grupo com compra conjunta e outras atividades inteligentes. Em três anos, a cidade de Lençóis Paulista não é a mesma. Visível desenvolvimento. Ganhos inquestionáveis para a usina. Alguém arquitetou e fez isto. Existem três formas de comprar serviços: como empregado, autônomo ou empresa prestadora de serviços.
Alguém sintetizou de forma brilhante. São colaboradores! Vejo esta ideia sair pela boca de pessoas importantes. Infelizmente, nem todas atêm-se ao significado que inspira. Principalmente as que podem fazer algo pelo país. Não são cobrados por isto. São cobrados por resultados imediatos. Muitos pensam apenas em garantir seus empregos agora.
É obvio que a empresa precisa de resultados. Mas, só isto? Onde tem uma fábrica, tem e terá uma comunidade. Fazendo o que? Como a empresa pensa em relação aos seus colaboradores do presente e do futuro? Que critérios usa para se relacionar com a comunidade da qual depende?
Não inventaram uma forma de automatizar e substituir características humanas fundamentais: querer, sentir, pensar, aprender coisas novas, ou seja, criar! Também não mecanizaram o reconhecimento das necessidades humanas, formas de identificá-las, de transformá-las em desejos, enfim, de motivar.
Floresta traz algo diferente de outras atividades: exige visão e planejamento de longo prazo. Formar uma pessoa demora mais do que uma árvore. Temos que deixar nosso feito para nossos descendentes. Errado querer colher tudo que plantamos.
Até hoje diretores não souberam criar e gerir forças políticas. Quando faremos nossa jurisprudência florestal? Empresas têm dinheiro para formar lideranças que defendam os interesses da cadeia produtiva florestal. O retorno é garantido. Alguém se habilita?