Gerente Executivo da Randon Veículos
Op-CP-06
A exemplo do que já ocorreu com grãos e com a cana-de-açúcar, nosso país encaminha-se de forma segura e consistente, para assumir uma posição destacada no mercado florestal mundial. Fatores climáticos e o baixo valor das terras tornaram nosso país um alvo de investidores internacionais. Estamos nos preparando para o desenvolvimento pleno de nossos recursos florestais.
Nossas florestas de rápido crescimento e nossa jovem indústria de papel e celulose, com tecnologia atualizada, têm propiciado, ao Brasil, grande competitividade no mercado mundial, graças aos menores custos do mundo, por tonelada produzida de madeira oriunda de florestas plantadas. Já temos cerca de 6 milhões de hectares de plantios comerciais, destinados à madeira serrada, celulose e carvão. Grandes projetos estão em curso no RS, BA, PR e MT, somando investimentos acima dos US$ 10 bilhões.
Cerca de 100 milhões de toneladas de madeira, oriunda de florestas plantadas, são consumidas anualmente em nosso país. A vantagem competitiva que as florestas brasileiras propiciam, graças à rápida maturação, 7 anos, precisa ser mantida e ampliada, pois, em contrapartida, temos altos custos de capital e sérios problemas de logística.
A utilização de transporte fluvial ou trem, para movimentação de madeira, é ínfima, privilegiando o transporte por rodovia, mais caro, por natureza, e agravado, nos últimos anos, pela precariedade de nossas rodovias. Cientes de que as iniciativas dos governos na melhoraria das condições de nossas vias de escoamento de produção, quer sejam rodovias, ferrovias ou hidrovias, tendem a apresentar soluções de maturação longa, os consumidores de madeira têm procurado manter os custos de transporte de toras em níveis razoáveis.
A terceirização das atividades de transporte de toras é uma realidade no setor florestal, tendo sido feita com especialistas. Por isso, os fabricantes de equipamentos para transporte de toras foram instados a oferecerem soluções criativas, legais, que permitissem um menor número de viagens, operação noturna e maiores velocidades médias.
Rapidamente, evoluímos do transporte de toras em caminhões com carroceria, 10 toneladas por viagem, para composições de reboques e semi-reboques, especialmente projetados para 50 toneladas de carga, de forma segura, assegurando redução de custos, impedindo a saturação das rodovias e melhorando a relação combustível/tonelada transportada.
Se na atividade de transporte em rodovia da matéria-prima madeira, as soluções afloraram na velocidade em que o mercado demandou a atividade precedente, a colheita das árvores sofre pelo amadorismo e improvisação. O primeiro passo para a colheita, a derrubada das árvores, tem como ferramentas principais o homem e a motosserra.
A operação é manual, tem baixo rendimento, inferior a 20m³/dia, depende da luz do dia e das condições climáticas. A retirada das árvores processadas da área de corte, realizada de forma mecanizada, utiliza caminhões, tratores agrícolas adaptados e também equipamentos específicos. O custo unitário da colheita equipara-se ao transporte em rodovia, perto dos R$20,00 por tonelada.
O valor total do abastecimento de matéria-prima para as indústrias florestais aproxima-se de R$ 4 bilhões anuais. Os sistemas de colheita e baldeio de árvores nos grandes produtores mundiais, Canadá, EUA e Escandinávia, evoluíram, a partir da década de 50, buscando a mecanização intensiva, eliminando a motosserra, e utilizando equipamentos especificamente projetados para arraste ou baldeio das toras.
No Brasil, os baixos salários pagos aos trabalhadores rurais e os altos custos de investimento em equipamentos importados determinaram uma complexa e diversificada sistemática operacional de colheita e baldeio. Cada empresa adotou sistemas próprios, aproveitando recursos disponíveis na região de atuação. Como resultado, ao contrário do transporte em rodovia, um sem número de equipamentos fizeram-se necessários, com baixos volumes de produção, criando-se uma indústria de equipamentos florestais brasileiros, que se atrelou à área agrícola, bem maior e mais definida.
País de contrastes, ao lado do improviso, grandes empresas brasileiras, principalmente na área de celulose, adotaram as tecnologias de colheita de seus concorrentes no exterior. Os baixos volumes de aquisição forçavam a importação de harvesters, skidders, forwarders e impediam o estabelecimento de uma verdadeira e completa indústria de equipamentos florestais no Brasil.
Hoje, já fabricamos no Brasil harvesters, de pequeno porte, forwarders e timber haulers, com tecnologia comparável aos equipamentos importados. Porém, entendemos que a presença dos importados é relevante e tem contribuído para a mudança de paradigmas. Acreditamos que a mecanização das atividades de colheita é um processo em expansão e irreversível, pois os custos de mão-de-obra tendem a crescer, ao mesmo tempo em que a oferta é decrescente. O mercado de equipamentos florestais, nos próximos anos, deverá apresentar um forte crescimento, pela necessidade de renovação de frota e de adequação de custos. Estaremos preparados para produzi-los aqui no Brasil.