Diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas - IEF
Op-CP-04
Historicamente, o plantio de florestas no Brasil não se fez de forma diferenciada das outras culturas agrícolas, principalmente nas questões ambientais. Utilizando o mesmo sistema tradicional de uso e ocupação do solo, como nos ciclos da cana-de-açúcar, do café e da pecuária, as plantações de eucalipto foram realizadas de forma extensiva, não respeitando as áreas de preservação permanente e as reservas legais das propriedades rurais, estabelecidas na legislação.
Em Minas Gerais, notadamente no período dos incentivos fiscais, cerca de 2,5 milhões hectares de eucalipto foram implantados, na sua maioria, na região norte mineira e no vale do aço, sem o menor planejamento e estudos dos impactos ambientais provocados pelas técnicas utilizadas. É importante observar, também, que a forma como essa atividade se desenvolveu, proporcionou um rumo muito singular à pesquisa florestal, fazendo com que o Brasil possua, hoje, a maior base tecnológica do mundo em reflorestamento com o eucalipto.
No entanto, devido a essa prioridade, a pesquisa sobre as espécies nativas praticamente não existiu, deixando um vácuo de informações sobre nossos ecossistemas florestais. Só na Mata Atlântica, por exemplo, são conhecidas quase trezentas espécies por hectare. E, com certeza, várias dessas, se devidamente estudadas, podem ter o mesmo potencial de produtividade que o eucalipto.
Não podemos deixar de registrar, também, a evolução da silvicultura, principalmente em Minas Gerais, no que tange aos aspectos ambientais e sociais. Dentre as atividades agrossilvopastoris, a silvicultura tornou-se a que mais buscou corrigir os erros do passado visando, gradativamente, recuperar as APPs, integrar e averbar as áreas de reserva legal e promover, nos novos plantios, os devidos estudos de viabilidade econômica, ambiental e social.
Dentro dessa nova concepção de trabalho, o fomento florestal é um grande gerador de benefícios, envolvendo todos estes aspectos e fazendo com que esta modalidade de abastecimento transforme-se numa parceria entre os produtores rurais, os empresários e as mais diferentes esferas de governo. Dentre os fatores positivos, os que mais se destacam, quanto às vantagens econômicas, são:
Já em relação aos ganhos ambientais, desde que observadas as técnicas adequadas de plantio e exploração, podemos destacar:
Quanto aos aspectos sociais, podemos considerar:
Ao longo dos anos, o estado de MG, através do Instituto Estadual de Florestas, vem desenvolvendo, de forma empírica, as atividades de fomento à produção florestal, participando de vários programas, em parceria com o Governo Federal, dentre os quais se destacaram o Repemir e o Prodemata, bem como com os Governos Municipais, através de convênios com as prefeituras e com entes privados, como a Cenibra, em vigor há mais de vinte anos e, recentemente, através de convênios com a Aracruz, o Grupo Arcelor e, o mais volumoso deles, com a Asiflor, Associação das Empresas Siderúrgicas para o Reflorestamento.
Também foram executados projetos com organismos internacionais, como o Proflorestas, com recursos do Banco Mundial, nas décadas de 80 e 90 e, atualmente, através do Promata, em parceria com o banco alemão KFW, especificamente para as regiões de mata atlântica. Em 2003, com o intuito de estabelecer uma estratégia bem definida para os programas de fomento, para otimizar as ações e em busca de alcançar resultados que promovam a sustentabilidade social, ambiental e econômica, o IEF criou, em sua estrutura, três linhas de trabalho que, apesar de diferenciadas quanto aos objetivos, integram-se de forma a possibilitar sua aplicação conjunta, até dentro de uma mesma propriedade: