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Wellington Cesar Cunha Cardoso

Coordenador de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sylvamo do Brasil

OpCP80

A sustentabilidade das certificações florestais
A crescente preocupação com o meio ambiente e a conservação dos recursos naturais impulsiona a demanda por produtos de origem sustentável. Para assegurar e comprovar a sustentabilidade, a certificação florestal surgiu como uma ferramenta eficaz, a fim de promover a gestão sustentável das florestas, oferecendo, assim, garantias ao consumidor sobre a origem ambientalmente correta dos produtos de base florestal.
 
O mercado internacional demanda produtos de origem sustentável, certificados e com rastreabilidade comprovada. O Brasil, por ser um dos líderes em exportações de celulose no mundo, está nos holofotes do mercado consumidor, necessitando, assim, de comprovações e evidências a respeito das boas práticas ambientais aplicadas no manejo florestal.

Esse protagonismo é uma oportunidade de solidificar o papel do Brasil frente ao mundo, não somente como fornecedor de matéria-prima, mas como setor líder em produção sustentável, com práticas reconhecidas, rastreáveis e certificadas. Assim como a crescente demanda por sustentabilidade, os padrões de certificação florestal se desenvolveram ao longo dos anos para abranger as mudanças climáticas e mitigar impactos negativos ao meio ambiente.

Os padrões robustos e rigorosos para a gestão e manejo florestal garantem que a produção de árvores e seu manejo sejam realizados de forma ambientalmente responsável, socialmente justa e economicamente viável. O setor brasileiro é responsável por aproximadamente 10,6 milhões de hectares de florestas certificadas, segundo a Indústria Brasileira de Árvores - IBÁ.
 
O princípio número 1 dos padrões de certificação é um dos mais importantes, pois é neste princípio que se constata a conformidade com as leis regionais, estaduais, federais e internacionais pertinentes ao negócio florestal. Esse princípio atesta que toda a empresa certificada está em conformidade com as leis e que segue todas as regras ambientais, sociais e econômicas para poder exercer o manejo florestal certificado.

Por se tratar de uma certificação, anualmente o sistema é checado e validado, auxiliando, assim, no cumprimento legal das legislações aplicáveis. Essa validação dos requisitos legais garante ao setor transparência e rastreabilidade, comprovando ao consumidor final que o produto consumido não contribui para o desmatamento ilegal e que é proveniente de um manejo florestal sustentável, que promove a conservação das florestas e a manutenção da biodiversidade.

Uma das vantagens que a certificação trouxe para o setor florestal foi o apoio ao conhecimento. Os esquemas de certificação promovem, por meio de um de seus princípios, o monitoramento da biodiversidade e a implementação dos dados obtidos com esses monitoramentos. Buscamos na Sylvamo, durante esse processo, além de conhecer melhor a floresta nativa, também entender como as plantações florestais se conectam com os remanescentes florestais vizinhos, criando assim os famosos corredores ecológicos.

Esses corredores são essenciais para a manutenção da fauna, proporcionando o fluxo de animais entre os fragmentos florestais nativos e habilitando a disseminação de sementes entre eles. Dentro desse monitoramento, conseguimos evidenciar espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, as quais necessitam de novas ações para sua viabilidade e manutenção ao longo do tempo. Explorando o lema “Conhecer para Conservar”, quanto mais informações se possui sobre os remanescentes florestais nativos e como eles se conectam com as florestas plantadas, melhores são as ações em prol da sua restauração e conservação ambiental.
 
De posse dos dados de monitoramento, as empresas certificadas possuem uma tarefa desafiadora: desenvolver e ampliar ações em busca da restauração e conservação florestal. Segundo a IBÁ, o Brasil tem cerca de 6,9 milhões de hectares de área conservada. Dentro dessas áreas, cerca de 195 mil hectares foram caracterizados como Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVC), denominação usada por esquemas de certificação para valorizar a importância excepcional de atributos ambientais voltados à conservação da biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Essas AAVCs são monitoradas anualmente pelas empresas certificadas, garantindo a conservação dos atributos excepcionais identificados, proporcionando assim sua proteção e sustentabilidade ao longo do tempo.

Outro ponto de destaque da influência das certificações é o grande desenvolvimento das pautas sociais. A responsabilidade social com os trabalhadores envolvidos no manejo florestal, sejam eles próprios ou terceiros, e a responsabilidade de garantir boas condições de trabalho, saúde, segurança e zelo pelos direitos humanos são alguns dos grandes marcos alcançados pelo setor. As pautas sociais também abrangem as comunidades locais, sejam elas detentoras de direitos ou não.

A certificação endereça um maior cuidado e destaque para as comunidades próximas às áreas de manejo florestal, a fim de garantir que essas comunidades sejam mantidas ao longo do tempo, por meio de um engajamento culturalmente apropriado, bem como assegurar que seus direitos sejam mantidos e que o manejo florestal seja um parceiro, caminhando junto rumo à sustentabilidade.

A certificação florestal trouxe ao longo dos anos melhorias na forma como as comunidades vizinhas interagem com as áreas florestais, desenvolvendo ações no âmbito econômico e educacional. Os padrões para o manejo florestal exigem que empresas certificadas priorizem a contratação de funcionários nas regiões das atividades de manejo florestal, possibilitando, assim, mais empregos para a região e consequentes melhorias na economia local.

Durante anos, esses funcionários da comunidade desempenhavam funções mais operacionais. A certificação também buscou melhorar esse ponto, incluindo em seus padrões a ampliação de ações sociais e educacionais voltadas para as áreas onde as florestas estão situadas, proporcionando aos trabalhadores locais oportunidades para desempenhar funções mais administrativas no manejo florestal.

Muitas vezes, a certificação foi interpretada como geradora de maior complexidade nos processos florestais, uma forma criteriosa de fazer o que já vinha sendo feito antes. Entretanto, essa complexidade também pode ser definida como melhoria contínua, aprimorando os processos desempenhados dentro do manejo florestal sustentável, os quais influenciam diretamente os trabalhadores, a comunidade, a legalidade dos insumos florestais, a rastreabilidade da madeira, o mercado consumidor e a conservação ambiental das florestas nativas.

A melhoria contínua está no cerne de toda empresa certificada, que, a cada ano, passa por auditorias para comprovar a conformidade com os padrões de certificação e busca soluções inovadoras para as não conformidades encontradas durante o processo. Esse “pensar fora da caixa” agrega valor ao manejo florestal, garantindo um processo equilibrado 
e sustentável para as futuras gerações.