Professores de Controle de Incêndio Florestal da UF-Paraná
Op-CP-14
As áreas de plantações florestais têm se expandido muito nas últimas décadas, impulsionadas pela demanda, cada vez maior, por produtos florestais. Essas extensas áreas estão sob contínuas ameaças de agentes causadores de danos, como pragas, doenças, estiagens, inundações e incêndios. A proteção florestal é, portanto, um dos mais importantes aspectos a ser tratado dentro das atividades silviculturais, considerando-se a proteção da planta em todas as fases de sua vida, até mesmo antes de serem plantadas, representando até 90% de toda atividade silvicultural.
Depois do povoamento ter sido estabelecido, os incêndios florestais constituem-se na principal e mais freqüente ameaça, com potencial de destruição total de uma floresta, dependendo das características ambientais, da espécie em questão e do manejo adotado. A silvicultura preventiva é uma das formas de prevenção mais adotadas nas áreas de florestas plantadas em todo mundo, com o objetivo de reduzir o risco e os danos causados pelos incêndios.
Silvicultura preventiva é o manejo de plantações florestais ou florestas nativas, com o propósito de modificar a estrutura do material combustível disponível, a fim de satisfazer os objetivos da proteção contra os incêndios, associando esta proteção ao melhoramento da produção e à qualidade do ambiente. O objetivo é modificar a estrutura da massa florestal, para dificultar a propagação do fogo, através da sua diversificação, da quebra da continuidade linear dos combustíveis no seu perímetro ao longo de estradas, divisores de água, assim como conservando ou favorecendo a alternância das espécies.
A diversificação da massa florestal deve ser feita respeitando-se a paisagem e as características da região, assim como os habitats da vida silvestre nela incluídos. Todos os métodos de controle de incêndios estão baseados na eliminação ou redução de, pelo menos, um dos elementos do triângulo do fogo. Uma das formas mais efetivas de prevenir a ocorrência e propagação de incêndios é a atuação sobre os combustíveis florestais, alterando as características que favorecem a combustão, tais como quantidade, teor de umidade, continuidade, arranjo e compactação.
O manejo do material combustível é, portanto, o ponto fundamental da silvicultura preventiva. Existem quatro maneiras básicas de modificação e tratamento de combustíveis florestais:
Eliminação: consiste em eliminar o combustível presente na área ou alterar seu potencial de crescimento. Pode-se alcançar este propósito através de queima controlada ou uso de herbicidas;
Reordenação: consiste na modificação da estrutura da vegetação no terreno, visando reduzir o risco de incêndio, através da alteração na continuidade horizontal ou vertical do combustível, por meio de podas e desbastes e redução do tamanho dos resíduos, para promover uma decomposição mais rápida;
Translado: retirada do combustível da área para utilização como lenha e carvão ou simplesmente a sua eliminação;
Conversão: modificação da cobertura vegetal do povoamento, mediante uso de espécies menos inflamáveis, intercalando espécies coníferas e folhosas, estabelecendo cortinas de vegetação com espécies que dificultem a propagação do fogo.
Existem diversas técnicas ou procedimentos que podem ser usados no manejo dos combustíveis. A definição da técnica mais adequada a ser empregada vai depender das características da área florestal, da finalidade dos plantios e dos recursos disponíveis. As principais técnicas de manejo dos combustíveis nos cultivos florestais são: construção de aceiros, uso de herbicidas, manejo silvo pastoril, queima controlada, poda, desbaste, compactação, fragmentação e diversificação de vegetação.
A construção e a manutenção de aceiros são as técnica mais conhecidas e adotadas nas plantações florestais. Entretanto, a diversificação da vegetação, alternando espécies de diferentes níveis de inflamabilidade, é uma técnica que vem demonstrando ótimos resultados na proteção contra os incêndios e também na melhora do habitat para a fauna silvestre.
A adoção das técnicas de silvicultura preventiva em um povoamento florestal aumenta a margem de segurança contra a ocorrência e propagação de incêndios florestais, principalmente nas áreas de interface entre os plantios florestais e as áreas urbanas. Portanto, são importantes aliadas no planejamento da proteção contra incêndios. No entanto, por si só, não substituem um bom sistema de proteção, ou seja, as técnicas de silvicultura preventiva devem fazer parte do sistema e não o substituir.