Professores de Colheita Florestal e Ergonomia na UF de Viçosa
Op-CP-06
Para cada metro cúbico de madeira recebida na indústria ou outro local de consumo, cerca da metade de seu valor tem origem nos custos de colheita e transporte. A pesquisa - principalmente a aplicada - tem contribuído para diminuição dos custos, aumento do valor da madeira e maior produtividade, segurança e bem-estar dos trabalhadores, na colheita florestal.
Na indústria, tecnologia, métodos e técnicas estão em constante mudança, sendo necessário, nesse novo contexto, pesquisar as operações florestais, para identificar novas oportunidades, com o objetivo de manter ou melhorar os resultados financeiros, ambientais, humanos e de qualidade. Novas tecnologias e técnicas de mecanização, de geoprocessamento, de humanização do trabalho e de tratamento dos fatores ambientais, permitirão que a indústria obtenha maior valor dos produtos da floresta, com custo reduzido.
Portanto, é necessário que as empresas e instituições de pesquisa, públicas e privadas, esforcem-se, no sentido de dar prioridade à pesquisa no setor. Discussões em todo o mundo têm demonstrado que, além dos estudos mais tradicionais, relativos à árvore, solo e clima, há necessidade de estudos visando otimizar a interação segurança, ergonomia e produtividade do trabalhador.
A experiência tem mostrado que, embora haja alto grau de mecanização ou de tecnologia de colheita florestal, a produtividade não é otimizada, se o fator humano não for levado em consideração. A grande diversidade de sistemas, métodos e técnicas de colheita expõe as pessoas a, desde trabalhos fisicamente pesados, com baixo esforço mental, até aqueles com altas exigências mentais e operações leves, porém com alto grau de repetitividade.
Portanto, é necessário planejar o trabalho, para otimizar as relações ser humano-sistema-máquina/ferramenta. Um bom planejamento, economicamente viável, necessita de resultados de pesquisas, dos diferentes fatores que afetam a colheita florestal, como os humanos, mecânicos, edáficos, climáticos, topográficos, florestais, ambientais, etc.
Nota-se que os fatores humanos, muitas vezes, não são considerados prioritários, em termos de pesquisa; parece que há nítida prioridade para os outros fatores. Contudo, dado o interesse particular de algumas empresas e as exigências da legislação do trabalho, dos sindicatos e de órgãos certificadores, a demanda por estudos relacionados com o ser humano tem crescido; isso, com certeza, colocará o setor em um novo patamar, em todos os aspectos.
No Brasil, o desenvolvimento da tecnologia de colheita, aliado ao desempenho humano, devem levar em consideração os seguintes pontos: aumento da população e da demanda para produtos da madeira; diminuição das florestas naturais e suas restrições legais e naturais, para realização de uma colheita sustentável; necessidade crucial de harmonia entre a produção florestal sustentável e um ambiente saudável; falta de programas de ensino especializados em Engenharia de Colheita Florestal, tanto em nível médio, de graduação, como de pós-graduação; e falta de pessoas treinadas e com habilidades para conduzir planos de colheita e executar operações, utilizando modernas tecnologias, levando em consideração o meio ambiente e os aspectos técnicos, econômicos e sociais.
Nas operações de colheita florestal, tanto sem tecnologia apropriada, como com moderna tecnologia, a saúde e o desempenho do trabalhador podem ser conseguidos pelo: estabelecimento de políticas, normas ou rotinas de trabalho; levantamento e análise dos riscos; e busca de soluções, implementação e acompanhamento dos resultados dessas soluções.
Outras oportunidades podem ser criadas, quando os avanços no manejo florestal, na engenharia de colheita florestal e no processamento da madeira são integrados. As máquinas de colheita podem ser equipadas com sensores compatíveis com os da indústria. Informações coletadas na floresta poderiam ser utilizadas nos processos de tomadas de decisões na indústria ou em decisões necessárias ao manejo da floresta.
Isso resultaria na melhoria da eficiência das operações, na melhor utilização dos recursos florestais e dos produtos, bem como da qualidade, do meio ambiente e das condições de trabalho. Embora os harvesters, forwarders, skidders, slashers, debarkers, proces-sors, delimbers, yarders, etc. tenham tido um período bem longo de desenvolvimento, ainda existem muitos pontos de aperfeiçoamento (tanto nos aspectos mecânicos, automação, robotização, controle remoto, transmissão de dados em tempo real, etc. como nos aspectos ergonômicos) ou mesmo de redesign.
Por exemplo, no Brasil há falta de yarders (guinchos florestais/sistemas de cabos), próprios para operações de extração de madeira de plantações florestais, em terrenos montanhosos. A adaptação das máquinas importadas ainda não teve o sucesso desejado, embora as empresas tenham realizado testes com várias marcas e modelos.
Os impactos da tecnologia na colheita de madeira têm proporcionado ganhos significativos para empresas, funcionários e para a sociedade como um todo. Contudo, ainda existem enormes possibilidades de inovações tecnológicas para o setor, tanto aproveitando o conhecimento já existente, como aqueles que, com certeza, serão desenvolvidos.
O Laboratório de Ergonomia Florestal da UFV - Universidade Federal de Viçosa, tem trabalhado em parceria com empresas e com a SIF - Sociedade de Investigações Florestais, para levar benefícios dos resultados da pesquisa em ergonomia e em novas tecnologias de colheita para um novo patamar, mais promissor para o setor florestal brasileiro.