Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental
Op-CP-10
Uma das maiores preocupações com o desenvolvimento regional, na Amazônia, tem sido a utilização desorganizada e desprovida dos cuidados com a sustentabilidade ambiental, social e econômica dos empreendimentos, que utilizam seus recursos naturais para a geração de emprego e renda na região.
As ações governamentais, ao longo dos últimos anos, vêm sendo fortemente monitoradas e influenciadas por stakeholders, inclusive de escala internacional, que consideram a Amazônia como um dos últimos ambientes naturais a serem preservados para as gerações futuras, e com grande importância na manutenção da qualidade de vida do planeta.
Como criar um modelo de desenvolvimento regional capaz de gerar emprego e renda, com responsabilidade social, sustentabilidade ambiental e um mínimo de impactos sobre esse ecossistema, é o grande desafio amazônico. Afinal, essa é uma necessidade da região, atualmente, com uma população de cerca de 25 milhões de habitantes, a maioria consciente da sua necessidade de sobrevivência, com qualidade de vida.
O que se discute, neste momento no ambiente institucional, são as alternativas economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis de promoção deste desenvolvimento, com a participação de indústrias, produtores rurais, empresas florestais, mercado financeiro, universidades, entidades empresariais, organizações de produtores rurais, governo e políticas públicas capazes de transformar intenções, em ações concretas de desenvolvimento.
Neste sentido, a abordagem de clusters vem se apresentando como um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento regional, com base na indústria de produtos madeireiros e não-madeireiros, capaz de possibilitar a competição global das empresas do setor, geradoras de produtos da floresta e outros derivados da madeira, o que implica na mudança estratégica das empresas, com a utilização de meios capazes de identificar, no ambiente, oportunidades de negócios globais.
Para isso, é necessário um maior conhecimento das diferentes cadeias produtivas de base florestal, formadas pela vasta rede de agentes geradores de produtos florestais e demais derivados da madeira, no setor primário da economia. As cadeias produtivas de base florestal, no Brasil, representam alternativas econômicas importantes para a geração de emprego e renda, inclusive com a possibilidade da participação de um número excepcional de pequenos produtores rurais nesta atividade econômica, em diferentes regiões do país, em sistemas de integração com outros agentes, em cadeias produtivas já consolidadas, ou em processo de consolidação, como é o caso de muitas cadeias de diversos produtos madeireiros e não-madeireiros na Amazônia.
As ações governamentais, regulatórias e de legislação, em apoio ao desenvolvimento econômico e regional, vêm tomando importância crescente, para diferentes setores da economia, em razão dos esforços do governo no apoio ao crescimento de clusters industriais, com potencial para o desenvolvimento de determinadas regiões, o que no Brasil vem sendo denominado de Arranjos Produtivos Locais, APLs.
A abordagem de cluster tem como foco o estudo dos aglomerados, formados por diferentes indústrias, para a obtenção de um produto final em uma determinada região geográfica, possibilitando a identificação dos fluxos de bens e serviços dos setores envolvidos, considerando uma visão ampla das cadeias produtivas, desde as fontes de matéria-prima, até o consumidor final, além de outros agentes e empresas correlatas.
É uma ferramenta importante para descrever um sistema produtivo e servir de base para a análise estratégica, além de representar um instrumental, da maior importância, no apoio a programas de desenvolvimento regional, e também para analisar o posicionamento estratégico dos atores envolvidos nas cadeias que compõem o cluster, subsidiar a definição de políticas para o setor industrial, e estratégias para a articulação da cadeia produtiva.
Por outro lado, os clusters consolidados, possibilitam o alcance da competitividade industrial, facilitada em razão do alto grau de produtividade, gerada nesses aglomerados, fortemente influenciada pelas condições do ambiente empresarial local, vinculado aos diferentes clusters. Isso é conseguido em razão do aumento da produtividade das empresas sediadas no âmbito do cluster; da indicação da direção e do ritmo da inovação, que sustenta a produtividade futura; e pelo estímulo propiciador de formação de novas empresas, sendo a inovação mais visível nesse ambiente, o que estimula novos adotantes das tecnologias geradas, pela proximidade de fornecedores e empresas envolvidas.
No caso da utilização de matérias-primas de origem madeireiras e não-madeireiras, para as diferentes indústrias de base florestal ou de recursos naturais da Amazônia, é importante para a implantação de políticas de desenvolvimento regional, conhecer, por um lado, as empresas em processo de conformação industrial que, inicialmente, se estruturaram para operar nos mercados local e nacional, mas que estão em busca de posicionar os diferentes estados da Amazônia, como importantes produtores e exportadores de produtos de origem madeireira e não-madeireira, em escala mundial.
Estudos exploratórios, já identificaram que o sistema produtivo regional configura-se no entorno da exploração de matérias-primas de base florestal, com características de APLs, que podem viabilizar e fortalecer a inserção competitiva global de diversas indústrias de base florestal. Dessa forma, a abordagem dos APLs pode representar um instrumento da maior importância para o desenvolvimento regional, com a possibilidade de fortalecer arranjos produtivos em pontos estratégicos da Amazônia, contribuindo fortemente para o desenvolvimento sustentável da região.