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Nilton Cesar Fiedler

Professor de Colheita e Transporte da UF do Espírito Santo

Op-CP-20

Tendências e perspectivas do transporte de madeira no Brasil

Nos últimos anos, o transporte de madeira no Brasil experimentou períodos de muitas mudanças que contribuíram significativamente para o seu aperfeiçoamento e profissionalização. Há um forte predomínio no País de utilização do modal rodoviário, apesar de, cada vez mais, diversas empresas realizarem o transporte florestal em ferrovias e hidrovias fluviais e marítimas.

O setor florestal como um todo se especializou muito e tem buscado, em todas as suas operações, a redução de custos, melhoria da qualidade e maximização dos rendimentos. As operações de colheita e transporte de madeira são as mais dispendiosas de todo o processo produtivo e necessitam de um planejamento minucioso das etapas do processo.

Portanto, toda a logística operacional deve ser criteriosamente planejada, pois os gargalos na cadeia de produção podem parar uma fábrica. Os executores da colheita e transporte devem conhecer perfeitamente o processo e trabalhar continuamente com estudo de tempos e movimentos, e análise de custos e rendimentos.

Isso facilitará a análise da demanda, definição de turnos, análise dos custos, cálculo da eficiência operacional e disponibilidade mecânica.
Além disso, estratégias devem ser usadas, como a manutenção de estoques na fábrica e no campo, corte de áreas de mais fácil acesso nos períodos chuvosos e cascalhamento de pontos críticos nas estradas.

Para o transporte de madeira originada de talhões muito inclinados, deve-se analisar a viabilidade de uso de veículos de menor capacidade de carga até um pátio intermediário para então fazer o transbordo da madeira para uma composição veicular de maior capacidade. Isso possibilitará um menor investimento em um elevado padrão de estrada nessa área declivosa.


Existe uma tendência lógica no setor de opção por veículos de maior capacidade de carga. Isso exige dos fabricantes maior tecnologia no processo de fabricação, aliando elevado desempenho, rusticidade para trafegar em estradas de terra, facilidade de manobras, elevada força de tração, eficiência no consumo de combustível e preço compatível.

Para conquistar e manter o mercado e obter boa competitividade, as empresas florestais brasileiras têm se preocupado muito com a otimização do processo produtivo. Assim, os altos investimentos em mecanização da colheita e transporte exigem processos otimizados, extremamente bem planejados.

Alguns modelos de gerenciamento não são mais aceitáveis, como a opção por manutenção corretiva dos maquinários, aquisição de maquinários complexos e caros sem justificativa de demanda contínua, transporte de madeira sem a secagem adequada, filas de veículos aguardando carregamento no campo ou descarregamento na fábrica, utilização de rotas sem planejamento prévio do fluxo e sentido carregado/vazio, estradas sem projeto adequado para o tipo de veículo utilizado, comprimentos de tora fora do padrão e operadores e motoristas sem treinamento e comprometimento adequados.


Por outro lado, a exigência de otimização, qualidade, produtividade, menor custo nunca poderá ser completamente implementada sem que haja preocupação com a ergonomia do maquinário e do processo produtivo e a segurança dos trabalhadores. Para viabilizar os elevados investimentos, manter as certificações conquistadas, os gestores da área de colheita e transporte de madeira têm que buscar e exigir dos parceiros o comprometimento com o abastecimento contínuo das fábricas aliado com a elevada qualidade do trabalho, a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores.

Dessa forma, as empresas terceirizadas devem absorver o clima organizacional do sistema produtivo, para também garantir a sustentabilidade dos seus empreendimentos. Essas são tendências que, felizmente, não têm volta e estão levando o setor florestal brasileiro a ser cada vez mais competitivo em nível global.