Professores da UFPR - Universidade Federal do Paraná
Op-CP-19
A engenharia florestal no Brasil teve seu início formal em 1960, quando, então, criou-se a primeira Escola Nacional de Florestas e teve sua primeira turma formada em 1964, totalizando 19 engenheiros florestais. Daí para frente, os cursos se proliferaram e, consequentemente, os profissionais formados. Até 1970, eram 283; em 1980, já existiam cerca de 2.000 profissionais formados em nove instituições. Esse aumento é contínuo e se prevê que, hoje, no Brasil, formaram-se cerca de 13.000 profissionais, em mais de 57 instituições, de norte a sul do País.
Neste ano, a profissão completa 50 anos de existência, e os desafios de modernidade, adequação e novas oportunidades de trabalho também foram se organizando no decorrer do tempo. No início, as áreas mais disputadas estavam relacionadas com inventário e manejo de florestas nativas e organização de plantações florestais, principalmente as financiadas pelos incentivos fiscais.
Nesse caso, a primeira geração de engenheiros florestais teve grande participação no processo. Com a integração das florestas plantadas com os recursos advindos dos incentivos fiscais e novos investimentos, criaram-se, no Brasil, diversos novos campos para os engenheiros florestais, que tiveram principalmente de se adequar a uma nova realidade de mercado competitivo, inclusive com outras profissões.
Dessa forma, a segunda geração necessitou de conhecimentos mais diversificados, integrando, além daqueles técnicos e de conceitos básicos, outros relacionados principalmente com a gestão de pessoas, administração, informática, sustentabilidade ambiental, viabilidade econômica de processos, etc.
Outros, inclusive, necessitam de conhecimentos sobre mercados internacionais, pois trabalham e vivem situações de competitividade frequente neste mundo globalizado. Mas entendemos que estamos iniciando uma terceira geração de engenheiros florestais no Brasil, pois, com cinquenta anos de profissão, essa nova fase já está em curso.
Se, por um lado, a primeira geração foi aquela que pode ser chamada de empreendedora/sonhadora, pois, até os idos de 1990, a sociedade pouco sabia da profissão e era comum perguntar o que fazia o engenheiro florestal, a segunda geração pode ser chamada de estabilizadora da profissão, pois realmente foi nessa fase que ela ficou conhecida e reconhecida pela sociedade e empresas.
Já esta terceira geração, que se inicia, tem vários outros desafios, pois, além da manutenção dos conhecimentos técnicos, de transferência de responsabilidades, da sucessão em cargos de alto nível, também deve, com competência, galgar novos postos de trabalho. Hoje, pode-se dizer que se tem engenheiros florestais em altos postos, basicamente em quatro setores: ensino, pesquisa, cargos executivos em empresas e político.
Se, por um lado, no início, eram poucos profissionais, hoje, há um número respeitável, que, com qualidade, está alcançando, cada vez mais, o reconhecimento empresarial e da sociedade. Com o aumento gradativo do número de cursos no Brasil, hoje com 57 reconhecidos pelo governo federal e vários outros em vias desse reconhecimento, a profissão se espalhou e, consequentemente, passou também a fazer parte de forma mais diversificada em vários setores da economia e sociedade brasileiras.
No contexto das novas gerações de engenheiros florestais e seus desafios em comandar as ações para o futuro, é muito importante se integrarem as experiências dos antigos e atuais profissionais, pois os princípios não mudam, mas a velocidade da informação sim. Hoje, com a informatização, torna-se muito mais fácil a comunicação, que deve ser integrada com a conectividade entre pessoas, setores e mercado.
Os profissionais florestais do futuro terão como desafio o conhecimento do “negócio florestal” e não simplesmente de setores da cadeia produtiva da madeira, ou seja, devem ser muito mais “ecléticos” do que os atuais. Deverão tratar com todos os setores da sociedade, tanto produtivo quanto ambiental, de forma a gerir a atividade para manter a “sustentabilidade da produção” integrada com a “sustentabilidade do meio ambiente”, mas de forma “economicamente viável”.