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Floriano Barbosa Isolan

Consultor Florestal

Op-CP-04

Fomento florestal integrado na busca da eco-eficiência

O Brasil vive um momento ímpar no cenário mundial. Detentor de uma das maiores florestas tropicais do mundo, e com menos de 6 milhões de hectares de florestas plantadas, atrai as atenções dos investidores internacionais da cadeia produtiva de base florestal, especialmente as indústrias de celulose e papel.

Essa conquista é fruto da sua expertise no setor, desde a pesquisa e ensino, produção de mudas de qualidade, plantios, manejo, extração e transporte da madeira, alta produtividade da madeira, respeito aos ecossistemas e às leis ambientais, certificação florestal, desenvolvimento social e cultural nas regiões de atuação das empresas. Solo, clima e logística também são favoráveis.

Sem dúvida, em poucas décadas, o Brasil tornar-se-á um dos maiores produtores e exportadores de celulose do mundo. Devido à sua especificidade, o leque das habilidades necessárias para a atividade florestal é muito amplo, demandando mão-de-obra, desde a mais simples, até a mais sofisticada. Para os técnicos do setor florestal, com o advento dos Incentivos Fiscais, na década de 70, plantou-se pouco mais de 3 milhões de hectares de florestas, porém, foi a base da indústria de celulose do país.

Observamos agora que, em mais três décadas, não chegou nem a dobrar aquele número inicial. Atualmente, o Brasil não alcança 1% de seu território coberto com florestas plantadas. Mantido o cenário favorável, nos próximos 10 ou 15 anos, o Brasil deverá dobrar sua área plantada com espécies de rápido crescimento, atingindo 1,5 a 2 % de sua cobertura territorial.

Para os leigos, pode parecer muito pouco, afinal os países na América do Norte (Canadá e Estados Unidos), Ásia (China, Japão) e Europa (Finlândia) possuem 30 a 60% do seu território coberto por florestas plantadas. Porém, no Brasil, com seu tamanho continental e onde a floresta cresce 10 vezes mais que no Hemisfério Norte, significa muito, pois se alcançarmos 10 ou 12 milhões de hectares de florestas plantadas no estado-da-arte, equivale a 120 milhões de hectares de florestas na Europa, por exemplo.

Área inatingível e impensável naqueles países de diminuto território agricultável. No Brasil, os benefícios ambientais, sociais, científicos e econômicos serão extraordinários. A começar pela diminuição da devastação da Floresta Amazônica, do Cerrado brasileiro e dos últimos resquícios da Mata Atlântica. Para cada hectare de árvores plantadas, evita-se o corte de 30 a 40 ha de mata nativa.

Para um programa florestal sustentável, cuidados são necessários, começando pela questão ambiental, que já está sendo bem equacionada nos plantios empresariais, e agora de uma forma mais ampla, alcançando o pequeno e médio produtor, através do fomento florestal integrado. A perfeita definição da capacidade de suporte das bacias hidrográficas, a proteção das nascentes, das áreas de preservação permanente, a fragilidade de alguns ecossistemas, enfim como plantar e colher árvores preservando e melhorando o ambiente.

No Rio Grande do Sul, está em fase de conclusão o Zoneamento Ambiental, em parceria público/privada, que definirá parâmetros para o licenciamento ambiental. As empresas que adotam processos internacionais de Certificação Ambiental já plantam dentro de critérios ambientais, seja em forma de mosaicos, deixando corredores biológicos e ainda recuperando áreas degradadas, replantando matas ciliares e colaborando com o estado na institucionalização de parques e reservas.

Na verdade, no Rio Grande do Sul, para menos de 2 hectares de floresta plantada, cria-se 1 hectare de preservação permanente. A chegada do florestamento trouxe, no bojo, a solução para a necessária preservação ambiental proposta por todos, seja governo, sejam entidades da sociedade civil organizada. A proposta gaúcha é na forma da integração agrossilvipastoril.

Assim, o plantio de árvores não exclui a atividade agrícola principal, ao contrário, preserva os cultivos tradicionais (arroz, trigo, soja, milho ou criação animal), podendo fazer um plantio, ocupando parcialmente seu imóvel rural, ou integrando silvicultura, seja na lavoura, seja no pastoreio, ou todas as atividades juntas. Obviamente, são planos de manejos diferentes, porém de boa aceitação cultural entre os agricultores.

Tudo dentro da visão da produção com sustentabilidade. Evidentemente, dentro de uma sociedade pluralista e democrática, como é a Riograndense, há algumas poucas vozes contrárias. Porém, o cenário é favorável técnica, social e politicamente. As posições contrárias estão sendo removidas, através de argumentos científicos e esclarecimentos à população.

Na questão social, as demandas comunitárias são esclarecidas junto às comunidades envolvidas. Isso é fundamental para o sucesso dos empreendimentos florestais em todos os níveis, seja na base florestal, seja na transformação da madeira. Nem todos, logicamente, vão aderir a programas de fomento florestal, porém a comunidade deve ter seus questionamentos respondidos de forma transparente. Isso demanda conhecimento de aspectos culturais, políticos e sociais sobre as mesmas. Deve anteceder ao programa de plantio.

Os gaúchos querem um novo cofrinho para sua poupança, muito bem-vinda após duas secas seguidas e baixo preço de mercado para seus produtos. As condições alimentares, habitacionais, educacionais e de segurança rural têm benefícios imediatos, assim como a movimentação no comércio e serviços locais. Isso já é sentido em municípios da Zona Sul do estado. Por isso, o estado do Rio Grande do Sul lançou o Programa de Financiamento Florestal Gaúcho - Proflora CaixaRS, hoje principal suporte financeiro do programa florestal do estado, que tantas atenções tem recebido, por parte de toda a sorte de empreendedores.