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Eduardo da Silva Lopes

Professor de Colheita e Transporte do Unicentro e Coordenador do Cenfor

Op-CP-27

Colheita de baixo volume individual

O setor de florestas plantadas no Brasil vem crescendo de forma significativa desde a última década. A área ocupada por plantios florestais totalizou 6.510.693 ha, sendo que 73% com eucalyptus e 27% com pinus. No que diz respeito à economia nacional, gera 4,7 milhões de empregos diretos e indiretos e um valor bruto de produção de R$ 51,8 bilhões. 

Dentro do setor, os segmentos de colheita e de transporte representam mais de 50% do custo final da madeira, por serem influenciados por diversos fatores técnicos, ambientais e ergonômicos que interferem na execução das operações. Com o crescimento da economia nacional, a estabilização  monetária e a abertura do mercado, as empresas florestais intensificaram a mecanização de suas atividades, buscando novas técnicas, maior produtividade, menor custo e que sejam ambientalmente corretas.

Como tendências para os próximos anos, temos o aumento significativo dos plantios florestais, a substituição do pinus pelo eucalipto nas regiões Sul e Sudeste e o desenvolvimento de novos mercados e produtos, destacando-se as florestas energéticas.

Fatores estruturais, como o aumento da renda da população, oferta de crédito, políticas públicas habitacionais, demanda por móveis e a implantação ou expansão das unidades industriais, poderão influenciar na redefinição do regime de manejo e do sistema de colheita de madeira, podendo ser mais viável, econômica e ambiental, a colheita de florestas de curta rotação e de menor volume por árvore. Atualmente, predominam dois sistemas (toras curtas e árvores inteiras).

O primeiro é caracterizado pelo harvester e forwarder, em que as árvores são derrubadas e processadas no interior do talhão e, em seguida, extraídas para a margem das estradas. Esse sistema acarreta menor impacto ambiental (baixa exportação de nutrientes e compactação do solo), porém limita o aproveitamento da biomassa residual da colheita e acarreta maiores custos operacionais.

O segundo é caracterizado pelo feller buncher, skidder e processador, em que as árvores são derrubadas e extraídas até a beira das estradas ou pátios intermediários para o processamento final. Esse sistema possibilita o melhor aproveitamento da biomassa residual, deixando a área limpa e reduzindo os custos de preparo do solo. Porém exige um maior planejamento e causa maiores danos ambientais, principalmente em termos de compactação do solo.

Diversos estudos realizados com sistemas de colheita mecanizados mostram que a produtividade dos povoamentos tem influência direta sobre o desempenho das máquinas, sendo mais eficientes aquelas que atuam em povoamentos de maior rendimento volumétrico.

Entretanto há a necessidade de novos estudos em povoamentos de baixo volume, possibilitando a definição de sistemas alternativos de colheita de madeira que proporcionem maiores ganhos técnico,  econômico e ambiental.

Essa situação é evidente na região Sul, com o aumento do plantio de eucalipto, enquanto, por outro lado, existe ainda a tradição por sistemas de colheita com uso de máquinas de grande porte atuando em florestas de maior volume, causando um processo de degradação do solo, afetando os recursos hídricos, os valores estéticos da floresta, o potencial produtivo e a sustentabilidade florestal. 

Em função da expansão do setor, dos novos usos dos produtos florestais, da colheita de baixo volume e das diversas máquinas e equipamentos de colheita de madeira disponíveis, fica a pergunta: qual o sistema de colheita de madeira mais eficiente para os plantios de baixo volume por árvore, que contemple, simultaneamente, os aspectos técnicos, econômicos e ambientais?

Tal reposta somente será obtida por meio de estudos técnico-científicos, que permitam comparar ambos os sistemas de colheita nas mesmas condições de trabalho. Por fim, após a definição do sistema de colheita, temos que ressaltar a necessidade das empresas em investir no tripé: planejamento, manutenção e treinamento.

Com o avanço tecnológico das máquinas e equipamentos e os elevados custos da colheita de madeira, fica evidente a necessidade das empresas florestais em investir na contratação de mais engenheiros florestais que possam atuar no planejamento e no controle das operações florestais com maior eficiência.

Outro aspecto refere-se à necessidade da busca de meios e métodos para capacitar mecânicos que sejam aptos a realizar as manutenções preventivas e preditivas das máquinas e dos equipamentos para o aumento da disponibilidade mecânica.

Por fim, é necessário maior investimento no ser humano, por meio da capacitação de operadores de máquinas, com treinamentos de formação e reciclagens operacionais periódicas, permitindo o máximo aproveitamento das máquinas para o aumento de produtividade, melhor qualidade do produto e do serviço, aumento da segurança e redução dos custos de produção.