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Luciana Di Ciero

Gerente de Assuntos Governamentais da ArborGen

Op-CP-29

A biotecnologia no melhoramento florestal

Em 2011, a área ocupada por plantios florestais de Eucalyptus e Pinus no Brasil foi de 6.515.844 ha, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Desse total, 74,8 % corresponderam a plantios de Eucalyptus, e 25,2 %, aos plantios de Pinus.

O setor de florestas plantadas é de extrema importância para a economia do Brasil, contribuindo para a geração de empregos e renda, estimando-se 645.207 empregos diretos e 1.475.283 indiretos. Esse setor contribuiu com R$ 7,6 bilhões em tributos, correspondendo a 0,51 % da arrecadação brasileira.

A indústria de papel e celulose e chapas de fibra, bem como o setor energético de siderurgias, são os setores que utilizam as plantações florestais, sobretudo por espécies exóticas de Pinus e Eucalyptus. Tais plantações também substituem as espécies nativas para o uso da madeira para movelaria e construção civil.

Essas espécies vem sendo, ao longo do tempo, selecionadas pelos programas de melhoramento florestal para a obtenção de árvores mais produtivas, com características adaptadas às diversas regiões do País, e com resistência a fatores bióticos e abióticos.

No melhoramento florestal por técnicas convencionais clássicas, há dificuldade de controle nos processos de polinização e fecundação devido à complexidade na análise dos descendentes, muitos anos para que essas plantas atinjam a maturidade reprodutiva e fenotípica, além da necessidade de uma grande área para o plantio, inibindo, assim, os programas de melhoramento de espécies de ciclos longos.

Para minimizar essas barreiras, as indústrias de base florestal vêm, ao longo dos anos, desenvolvendo e utilizando técnicas avançadas que permitiram o aumento da base florestal e o ganho de competitividade da indústria, pela adoção de práticas silviculturais modernas e pelo uso de tecnologia da propagação vegetativa ou da clonagem de árvores “superiores”, provenientes de cruzamentos controlados e melhoradas geneticamente, uso de marcadores moleculares e embriogênese somática.

Nesse processo, partes vegetativas da planta − e não suas sementes − são usadas para reproduzir clones que conservam toda a informação genética da árvore-mãe. Essa técnica proporciona melhorias de qualidade e do desempenho ambiental na produção da madeira a ser usada na fabricação de celulose e papel e auxilia na seleção eficiente de árvores superiores e mais padronizadas.

O objetivo é selecionar as árvores com as melhores características florestais e industriais, tais como vigor, forma, resistência a doenças e pragas, qualidade da madeira e rendimento industrial, entre outras. A partir daí, surgem as pesquisas da moderna biotecnologia com o objetivo de introduzir características desejadas nos clones superiores que não foram contempladas com o melhoramento convencional.

As empresas do setor estão investindo em novas técnicas de melhoramento genético e biotecnologia arbórea, que serão essenciais para suprir a demanda crescente de madeira, garantir a sustentabilidade e a competitividade do uso das fibras na indústria de papel, celulose, chapas e energia.

Com o advento da tecnologia do DNA recombinante, a transformação genética de árvores foi possível e tornou-se uma ferramenta essencial para a resolução dos problemas que dificultam os programas de melhoramento, favorecendo o crescimento volumétrico, a tolerância a estresses ambientais (frio, salinidade e estresse hídrico), a resistência a pragas e doenças e o uso racional dos recursos naturais.

Atualmente, no Brasil, há diversos grupos de pesquisa, públicos e privados, desenvolvendo eucalipto e pinus geneticamente modificado (GM) e estudando genes de interesse para usar a ferramenta da biotecnologia para o melhoramento genético dessas espécies.

Assim como outros produtos desenvolvidos pela engenharia genética, o cultivo do eucalipto GM e também de outras espécies arbóreas passa por criteriosas avaliações para a identificação de riscos potenciais de impacto ao meio ambiente, cuja regulamentação vem com a Lei 11.105/2005, chamada de Lei de Biossegurança.

Para tanto, são realizados diversos estudos e estabelecidos procedimentos e medidas que permitam o uso da biotecnologia de forma segura para o meio ambiente e para a saúde humana e animal. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) estabeleceu regras claras para a instalação de experimentos de eucalipto GM no Brasil.

Tais normas garantem a biossegurança das pesquisas, antes de sua aprovação comercial. Atualmente, há, aproximadamente, 24 experimentos em campo com eucalipto  (GM), cujas avaliações de desempenho e biossegurança determinarão quais serão os materiais ideais para a comercialização futura.