Gerente de Meio Ambiente da Monsanto do Brasil
Op-CP-16
De acordo com o Programa das Nações Unidas, o meio ambiente, “é o conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vivem o homem e os outros organismos”. O ser humano é parte desse sistema assim como outros trinta milhões de espécies, atuais e futuras gerações, e é fundamental que a questão ambiental seja integrada ao desenvolvimento econômico, como já colocava na ONU, em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente no Relatório Brundtland.
Critérios ambientais e sociais começaram a fazer parte do desenvolvimento econômico de uma forma mais estruturada a partir dessa época. Considerando-se que nos últimos cinquenta anos a demanda mundial de grãos cresceu 2,7 vezes, nos próximos cinquenta, deve-se produzir quantidade de alimentos equivalente à dos últimos dez mil anos.
Até hoje essa produção tem utilizado cerca de 70% de toda a água doce do mundo. O desafio está colocado para todos: como aumentar a produção de alimentos, para atender à demanda crescente, preservando o meio ambiente? Na escala atual, seria necessário o dobro de área para atender a essa demanda e aumento do uso da água em cerca de 20%.
A questão de recursos naturais e produção tem sido uma das causas de grandes embates e muitas vezes se perdem em discussões improdutivas. Ainda que não seja fácil, esse diálogo envolvendo os diversos setores da sociedade é fundamental para que se encontrem soluções factíveis e que ajudem a conservar mais, mantendo a produção suficiente para atender a demanda por alimentos e energia, que deve dobrar nos próximos 40 anos.
O setor florestal brasileiro tem sido um dos mais avançados no diálogo com a sociedade, sendo o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica um bom exemplo dessa atuação com governos estaduais, ONGs, associações diversas e empresas florestais, buscando atingir um objetivo comum. Nesse cenário, as ações demandadas estão em várias esferas:
Nas práticas das empresas: que seus processos produtivos sejam mais sustentáveis (menor emissão de CO2 e menor consumo de água, para citarmos as principais), dialogando com as comunidades no entorno de suas operações, em busca de alternativas que tragam o menor impacto possível ao meio ambiente.
Na incorporação da questão: conscientizando colaboradores e suas cadeias produtivas para a necessidade de repensar os modelos atuais com o olhar sistêmico e envolvendo todos os setores da sociedade, de modo a encontrar soluções além das fronteiras de nossas empresas.
No olhar sistêmico de sua relação com a sociedade: integrando soluções e trabalhando de forma conjunta com a sociedade civil, de modo a manter e repor hábitats importantes, as vezes não diretamente relacionados com o negócio, mas indiretamente sempre.
E, finalmente, nas soluções apresentadas aos clientes, as quais devem ser sustentáveis: economicamente interessantes, respeitando o meio ambiente e levando-se em conta aspectos sociais. E nesse cenário, saber dialogar com todos os setores da sociedade é fundamental para se construir as necessárias novas formas de fazer negócio.
Uma das maneiras práticas de dialogar no dia a dia com a sociedade tem sido os Comitês de Sustentabilidade com participação representativa de todos os setores externos e internos às empresas, discutindo soluções viáveis e importantes nos três aspectos. Nessa ótica, a oferta de produtos sustentáveis para o setor agrícola e florestal deve possibilitar que ambos produzam mais, utilizando menos recursos naturais em uma mesma unidade de terra, evitando, assim, avanço no desmatamento e preservando importantes áreas.
Assiste-se ao crescimento da produtividade das lavouras ao longo dos últimos anos por meio do melhoramento genético e de boas práticas agronômicas e florestais. Mas, para transpor a barreira de maior produção com menor uso de recursos naturais, é necessário dispor de tecnologias modernas, como a biotecnologia, que tem possibilitado aos produtores de alimento, fibra, ração ou energia utilizarem cada vez menos recursos naturais e, mesmo assim, produzirem mais.
De 1996 a 2006, a biotecnologia reduziu quase 224 mil toneladas em herbicidas e inseticidas (o equivalente a 40% do volume atual de defensivos nas lavouras da União Europeia) e 15% de redução de CO2 (dióxido de carbono), segundo Graham Brookes e Peter Barfoot. Além do meio ambiente, essa tecnologia tem ajudado a inclusão social, fazendo com que comunidades agrícolas com pouco acesso ao manejo de ervas ou pragas possam viabilizar suas produções.