Me chame no WhatsApp Agora!

Till Neeff

Consultor para Sequestro de Carbono Florestal da EcoSecurities da Inglaterra

Op-CP-07

Plantios industriais no Brasil como solução para a proteção das florestas nativas, através do MDL

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, aparece como uma nova oportunidade para o financiamento de plantios florestais no Brasil. As plantações florestais armazenam carbono na biomassa e assim contribuem para a diminuição das taxas de dióxido de carbono na atmosfera. Este é o principal gás de efeito estufa que o Protocolo de Kyoto está regulamentando, para combater o aquecimento global.

Através do MDL, países desenvolvidos estão investindo em projetos que diminuem gases de efeito estufa em países com economias emergentes, para cumprir com os compromissos de redução de emissões na Europa, no Japão e no Canadá. Se um projeto de reflorestamento for registrado sob as regras do MDL, ele gera créditos de carbono, que podem ser usados para cumprir metas de redução de emissões – e conseqüentemente, a venda desses créditos gera uma fonte de inversão adicional para o setor florestal no Brasil.

Entre outros setores, as atividades florestais de grande escala para a produção de celulose e no setor siderúrgico têm celebrado os primeiros sucessos, atraindo financiamento adicional, pela venda dos créditos de carbono. A EcoSecurities, operando mundialmente no mercado de carbono, está no Brasil desde 1999, trabalhando em uma série de projetos florestais, para empresas como a Cosipar, Plantar, Jari, Mannesmann e Araupel.

De forma geral, o setor florestal industrial brasileiro está reconhecendo o potencial do MDL, como uma nova fonte de financiamento para as atividades de reflorestamento de grande escala. As primeiras transações de créditos de carbono de projetos florestais foram realizadas em 2006, assim como os primeiros registros destes projetos.

Por este motivo, em 2007, empresas comercializadoras de créditos de carbono e desenvolvedores de projetos MDL estão intensificando as atividades florestais no Brasil. Os projetos que têm o potencial de registro sob o MDL (ou então sob o âmbito de outros esquemas alternativos de comercialização de créditos de carbono), devem satisfazer uma lista de critérios.

Primeiro, os projetos de reflorestamento têm um padrão bastante alto de manejo florestal sustentável. Segundo, do ponto de vista econômico, somente são viáveis os projetos de maior extensão, em áreas com, no mínimo, 3.000 hectares. Terceiro, as regras do MDL resultam em uma restrição para áreas que não apresentavam vegetação no ano de 1990.

Além disso, tais áreas deveriam estar desmatadas ao iniciar o projeto de MDL. De um modo geral, é mais fácil trabalhar com áreas que têm pouca atividade econômica antes de plantar, e que, portanto, na prática, estão restritas a terras inativas e pastagens com pouca atividade. Deste modo, as empresas florestais não precisam concorrer pela terra com comunidades locais.

Do ponto de vista do desenvolvimento das atividades florestais, o registro de projetos sob o MDL apresenta várias vantagens: incentiva a melhoria das atividades de gerência florestal, melhora o fluxo de caixa e contribui para atingir objetivos colaterais como a conservação de ecossistemas e o envolvimento de comunidades locais. Concluindo, através do MDL, existe um aumento na contribuição para a sustentabilidade local e, conseqüentemente, melhoria das imagens públicas das empresas desenvolvedoras do projeto.

Como exemplo, a EcoSecurities está desenvolvendo projetos, junto a indústrias siderúrgicas, cuja operação envolve o estabelecimento de plantações florestais. O carvão vegetal funciona como agente redutor do minério de ferro, durante a produção do aço. No passado, o carvão vegetal, adquirido nos mercados regionais, foi usado primordialmente, e dado que não se tinha controle da origem do carvão, parte dele poderia ser produto da tala de florestas nativas.

Para se ter mais controle sobre a sustentabilidade da produção de carvão, deve-se aumentar a quantidade de carvão vegetal produzida através de plantios, assim como o estabelecimento de novos plantios futuros. Já que os retornos financeiros da produção de carvão vegetal por plantios florestais são relativamente baixos, pretende-se registrar essas atividades sob o âmbito do MDL, para melhorar a viabilidade econômica da atividades de reflorestamento.

Trabalhamos junto com as empresas florestais e siderúrgicas com tal objetivo em mente, além de ajudar na obtenção de registro para tais atividades. Os plantios florestais industriais, sob o âmbito do MDL, contribuem para a conservação de ecossistemas e proteção das matas nativas do Brasil. Os novos plantios - e, portanto, o MDL, criam uma fonte alternativa de produtos florestais – alternativa ao uso das florestas nativas.

Considerando a enorme área florestal do Brasil, historicamente, ecossistemas nativos têm fornecido os produtos florestais que o país precisava. Conseqüentemente, tais ecossistemas têm sido degradados a taxas preocupantes: como, por exemplo, a Mata Atlântica, o Cerrado e também as florestas Amazônicas. Atualmente, a principal fonte de produtos florestais encontra-se nas matas nativas, porque o país ainda não apresenta quantidade suficiente de plantios florestais, como fonte alternativa desta matéria-prima.

Enquanto não houver quantidade suficiente de plantios florestais no Brasil, as matas nativas continuarão sendo alvo de exploração desta matéria-prima. Finalmente, os plantios florestais, estabelecidos através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, devem diminuir a pressão sobre as florestas primárias, contribuindo para a proteção de ecossistemas que, uma vez destruídos, nunca poderão ser recuperados.