Cristiane de Pieri e Maria Fernanda Simões
Bióloga e Engenheira Florestal, respectivamente, Consultoras da Dinagro
O plantio de espécies florestais cultivadas, no Brasil, alcançou o patamar de 10,2 milhões de hectares, o que corresponde a um crescimento no setor de 3% em comparação ao ano passado. Dentre as espécies plantadas, 7,8 milhões de hectares são destinados para o cultivo de Eucalipto (76% da área total); 1,9 milhão de hectares para Pinus (19%) e os outros 500 mil hectares restantes destina-se aos plantios de Teca, Seringueira, Acácia e Araucária, de acordo com a IBA (2024).
Tais plantios estão distribuídos por todo o território brasileiro com a maior representatividade da região sudeste, destacando-se o Estado de Minas Gerais (63% dos plantios), seguido da região Centro-oeste.
Sabe-se que a produtividade de uma cultura depende de fatores abióticos como temperatura, umidade, solo e material genético, mas também de fatores bióticos nos quais se concentram as pragas e doenças. Com isso, medidas mitigadoras no controle de pragas e doenças fazem parte das estratégias de manejo para contornar as perdas e danos e atingir assim, grande produtividade.
As plantações florestais de eucalipto no Brasil têm problemas com pragas nativas e exóticas, que ocorrem em populações elevadas e arrasam centenas de hectares de plantas em períodos relativamente curtos. As principais pragas para a eucaliptocultura são as formigas cortadeiras, lagartas desfolhadoras, percevejos, psilídeos, gorgulho, entre outros.
Dentre as pragas nativas, o complexo de lagartas desfolhadoras tem aumentado sua ocorrência nos últimos cinco anos. O complexo é formado por 10 espécies, sendo as mais importantes: Thyrinteina arnobia, Glena unipennaria, G. bipennaria (Geometridae), Sarsina violascens (Lymantriidae), Nystalea nyseus (Notodontidae), Euseudoosoma aberrans, E. involuta (Arctiidae), Iridopsis panopla , Lonomia sp. e Hylesia spp.
A lagarta parda (Thyrinteina arnobia), típica da Mata Atlântica, é considerada o principal lepidóptero desfolhador das florestas de eucalipto podendo desfolhar completamente as plantações em situação de surto; Glena sp. (Lepidoptera, Geometridae) é considerada uma praga desfolhadora de grande importância econômica do eucalipto mas, utiliza Pinus elliottii, por exemplo, como hospedeiro; Iridopsis panopla vem crescendo sua densidade populacional desde 2017 e a área atacada por esta espécie atingiu mais de 860 mil hectares em 2021 nos Estados do MS e SP.
O desfolhamento afeta o crescimento das árvores, fundamentalmente pela diminuição da área fotossintetizante, o que implica na redução da produtividade primária das árvores, podendo em caso de ataques sucessivos paralisar o seu crescimento. O controle das lagartas desfolhadoras em áreas de florestas de eucalipto é complexo, devido principalmente à grande extensão dos plantios e à altura das árvores.
As lagartas desfolhadoras são manejadas com aplicações aéreas de bioinseticidas à base de Bacillus thuringiensis, liberações de parasitoides de pupas e ovos de Trichogramma pretiosum e de percevejos predadores como a espécie Podisus nigrispinus e por inseticidas. Os principais desafios no controle das lagartas desfolhadoras são aumentar a produção de parasitoides e predadores para a escala massal, aumentar a oferta de inseticidas químicos e biológicos registrados.
Neste contexto a Dinagro, que é pioneira na fabricação de iscas formicidas e líder absoluta no mercado, expande seu portfólio de produtos com o objetivo de oferecer aos produtores de todo o país soluções mais eficientes no combate de pragas.
Matrine é um defensivo agrícola inovador. O novo Inseticida-Acaricida da Dinagro a base de extrato vegetal da espécie Sophora flavescens é um produto natural, sem carência e resíduo zero. O produto conta com o selo de certificado do IBD para uso em culturas orgânicas.
É um produto multiculturas, multipragas e multisítio, isso significa que conta com registro para recomendação agronômica de aplicação em mais de 58 culturas, mais de 13 pragas e tem 2 modos de ação: por contato e por ingestão. Além da sua ação em várias pragas agrícolas, Matrine é eficaz e registrado também para uma das principais pragas do eucalipto, a espécie de lagarta Glena bipennaria bipennaria.
Em um dos testes realizados pela Dinagro, em parceria com empresa do setor florestal no Estado do MS, o Matrine foi utilizado para controle aéreo de 3 espécies de lagartas desfolhadoras, juntamente com outros 7 produtos (entre biológicos e químicos). Na amostragem foi considerado um Nível de Dano Econômico (NDE) de 5 lagartas/100 folhas em parcelas alocadas a cada 10 ha. A área total do experimento foi de 700 ha, sendo 26 ha para tratamento com Matrine. As três espécies de lagartas: Thyrinteina arnobia, Glena sp. e Iridopsis panopla foram consideradas como alvos no experimento.
Neste teste utilizamos um volume de calda de Matrine de 1,5 L/ha e as avaliações foram realizadas aos 5 e 12 dias após a aplicação (d.a.a), comparando-se o número de lagartas vivas nestas avaliações com o número de lagartas no primeiro dia de avaliação (dia da aplicação dos produtos).
Com 5 dias após a aplicação (d.a.a), houve redução de 18,2 para 1,1% de lagartas e ao final de 12 d.a.a, Matrine teve eficiência de 100% quando comparado aos outros produtos, sendo o Matrine o melhor resultado do experimento e uma opção sustentável e eficaz no controle das lagartas desfolhadoras do eucalipto.