Diretor-geral da Semana Florestal Brasileira - Malinovski Florestal
Op-CP-35
O conhecimento se dá pelo estudo, pela pesquisa, pela informação e, basicamente, pela transferência de tecnologia. No Brasil, o segmento florestal, principalmente o que está relacionado com plantações florestais, teve início nos idos de 1960, quando se fundou a primeira Escola de Florestas, por meio de uma cooperação com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).
Mas a história mostra que o grande conhecimento na área realmente se fortaleceu com o acordo de cooperação firmado com a Universidade de Freiburg - Alemanha e a UFPR (Universidade Federal do Paraná), o qual perdurou por mais de uma década. Foi nesse período que se iniciaram os cursos de pós-graduação, incentivos às pesquisas, criação de centros de pesquisas nas universidades e empresas e a criação da Embrapa Florestas.
Também nessa fase, várias empresas organizaram seus departamentos de pesquisas. No início, era pouca a relação de troca de informações entre as empresas, mas, com o passar dos anos, iniciaram-se os encontros de atualização de diversas áreas. A busca do conhecimento se deu pelas áreas mais básicas do segmento: sementes, viveiro, plantio, inventário e manejo.
Com a maturação das florestas plantadas, se iniciou a fase da “colheita”, que, na época, chamava-se “exploração”, e também o fator “custo” das operações, item preponderante nas decisões de trabalho. Foi nessa época, mais especificamente em 1977, que se iniciou o evento de colheita e transporte de madeira – de lá para cá, já ocorreram 16 edições.
Esse evento sempre teve cunho técnico-prático-científico, pois, desde o primeiro evento, contou com palestras técnicas e um dia de campo, onde se apresentavam, in loco e de forma dinâmica, máquinas e equipamentos destinados à colheita e transporte de madeira. O evento cresceu, se modernizou e, na última edição, contou com mais de 550 participantes. Pode-se dizer que ele é um dos poucos que têm longevidade e edições ininterruptas no Brasil.
A evolução do conhecimento florestal no Brasil está acontecendo de acordo com as necessidades de mercado interno e externo, pois, à medida que ocorre a globalização de mercados, mais fácil fica o benchmarking entre empresas e, consequentemente, a internacionalização de produtos para exportação.
Anteriormente, dizia-se que “o Brasil tem solo, água e mão de obra altamente competitivos em relação aos mercados externos”; hoje, já não se pode dizer o mesmo. O Custo Brasil está correndo contra nós. Daí vem a pergunta: como podemos manter nossa competitividade? A resposta só pode ser: pela evolução tecnológica.
Essa alavanca é aquela que mantém o Brasil competitivo. Mas como poderemos manter a hegemonia na produção de florestas plantadas, principalmente na produção de eucalipto? Uma das alternativas é evoluir cada vez mais nos conhecimentos que norteiam a produção de madeira, ou seja, deter tecnologia de silvicultura e colheita de precisão.
Dessa forma, estaremos falando em plantar cada vez mais volume por hectare – e não, simplesmente, hectares plantados – e com sustentabilidade de produção. Essa reflexão direciona o foco de discussão dos Eventos Técnicos da Semana Florestal Brasileira, assim como a grade de palestras do Seminário de Atualização em Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal e também do Encontro Brasileiro de Silvicultura.
As palestras têm cunho técnico-prático-científico e abordam temas relevantes, que norteiam as empresas em seus direcionamentos de trabalho. Os blocos de assuntos sempre foram cuidadosamente organizados, sempre buscando, no mercado, o que há de novo em tecnologia estudada e aplicada.
A abordagem dos temas conduz para a formação de opinião e network dos participantes, facilitando o conhecimento e a integração de técnicos que labutam no setor. O que faltava para integrar o segmento produtivo florestal? Uma feira que pudesse apresentar ao mercado as tecnologias disponíveis para se produzir madeira proveniente de florestas plantadas.
Assim nasceu a Expoforest - Feira Florestal Brasileira, que, pela sua forma de organização, apresenta máquinas, equipamentos, insumos e tecnologia para a produção de madeira, de forma estática e dinâmica. Dessa maneira, os visitantes têm a oportunidade de presenciar, de forma real, o trabalho de cada uma delas.
A expectativa de público para a edição que será realizada de 21 a 23 de maio, em Mogi Guaçu (SP), é superior a 10 mil pessoas. Mais de 195 expositores, das principais empresas de máquinas e equipamentos do Brasil e de países que detêm tecnologia desse segmento estarão presentes no evento. Já para os eventos técnicos, que acontecem nos dias 19 e 20 de maio, em Campinas-SP, são esperados em torno de 1.200 participantes.
Os temas que serão abordados nos eventos técnicos e a tecnologia apresentada na Expoforest, com certeza, contribuirão para a evolução do conhecimento técnico dos profissionais do setor florestal e, como consequência, nas plantações florestais brasileiras.