Quem nunca participou de uma conversa sobre uma vaga de emprego e ficou impressionado com a quantidade de requisitos necessários? Essas questões são comuns e fazem parte do setor de recursos humanos. Mas antes de tirar conclusões, precisamos entender que, dependendo das atividades exercidas, existem formações mínimas exigidas pela legislação para atender às responsabilidades e atributos que os profissionais terão de assumir.
Nesse contexto, temos diversos níveis de escolaridade, como ensino médio, técnico, tecnólogo, nível superior e pós-graduação. Tão fundamental quanto a escolaridade, o nível de experiência do profissional conta muito. O setor de árvores plantadas está inserido neste cenário e busca cada vez mais pessoas qualificadas para atuar nas operações, já que a base para o sucesso é normalmente determinada pela sua produtividade por área.
Consideremos as áreas cultivadas de eucalipto em diferentes estados do Brasil, com destaque para o Mato Grosso do Sul. Esse setor demanda profissionais de diversas áreas, especialmente na Proteção Florestal, que envolve especialistas em: insetos-pragas, doenças, plantas daninhas, incêndios florestais, fisiologia de plantas, produtos para manejo, legislação federal, estadual e municipal, além dos requisitos das certificadoras.
Pode parecer simples a atuação de cada profissional dessas áreas, mas há uma complexidade de fatores intrínsecos e correlatos, que exige um entendimento abrangente para tomar decisões informadas e estar extremamente familiarizado com as condições climáticas.
Em outubro de 2023, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef) e a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS) publicaram uma síntese diagnosticando a demanda por recursos humanos para atuar em operações florestais. A pesquisa revelou uma necessidade mínima de 9.350 profissionais para diversas funções. A maior demanda foi para líderes-supervisores nas operações de plantio, totalizando 4.350 pessoas distribuídas em cinco principais grupos, incluindo combate a pragas e doenças (975 pessoas), plantio (900 pessoas), irrigação (775 pessoas), controle de matocompetição (400 pessoas) e aplicação de fertilizantes (400 pessoas). Esta pesquisa considerou apenas o Mato Grosso do Sul, não incluindo a demanda de outros estados brasileiros e países vizinhos na busca de profissionais.
Para suprir suas demandas de mão de obra, as empresas do setor florestal têm fortalecido parcerias com diversos órgãos e instituições, como a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (Ipef), a Sociedade de Investigações Florestais (SIF), a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Social da Indústria (Sesi), sindicatos rurais, universidades, prefeituras e empresas privadas.
Essas instituições estão preparadas para formar tecnicamente os profissionais e reciclar os já inseridos no mercado. Novas tecnologias estão sendo introduzidas, como o desenvolvimento de softwares, aplicativos mobile e inteligência artificial, utilização de veículos não tripulados e tecnologias de aplicações. Em breve, espera-se a integração de robótica nas operações florestais, transformando ainda mais o setor.
Compreendemos que as habilidades técnicas necessárias para a execução das atividades podem ser desenvolvidas, mas o perfil comportamental é crucial. Competências como trabalho em equipe, liderança, comunicação eficaz, resiliência, proatividade, adaptabilidade e empatia são fundamentais. A palavra-chave aqui é comprometimento, e, para alcançá-lo, algumas estratégias podem ser utilizadas nos treinamentos:
1. Alinhar os Treinamentos com os Objetivos Pessoais e Profissionais
• Identificar Necessidades: Realize avaliações para identificar as necessidades de desenvolvimento de cada colaborador.
• Objetivos Personalizados: Estabeleça objetivos de treinamento que estejam alinhados com as metas de carreira dos colaboradores e as necessidades da organização.
2. Tornar o Treinamento Relevante e Aplicável
• Conteúdo Prático: Foque em conteúdos que os colaboradores possam aplicar imediatamente em seu trabalho.
• Exemplos Reais: Use exemplos e estudos de casos reais que sejam relevantes para o setor e para a função dos colaboradores.
3. Utilizar Diversos Métodos de Treinamento
• Aprendizagem Mista: Combine métodos de treinamento, como e-learning, workshops presenciais, webinars e treinamento no local de trabalho.
• Interatividade: Inclua atividades interativas, como simulações e exercícios práticos.
4. Incentivar a Participação Ativa
• Discussões e Feedback: Promova discussões em grupo e sessões de feedback onde os colaboradores possam compartilhar suas experiências e aprender uns com os outros.
• Projetos Colaborativos: Incorpore projetos em equipe que permitam aos colaboradores aplicarem o que aprenderam de maneira colaborativa.
5. Reconhecer e Recompensar o Engajamento
• Certificações e Selos: Ofereça certificações ou selos de conclusão que os colaboradores possam adicionar aos seus perfis profissionais.
• Recompensas e Incentivos: Ofereça recompensas, como prêmios, bônus ou oportunidades de desenvolvimento de carreira para os colaboradores que se destacarem nos treinamentos.
6. Facilitar o Acesso ao Treinamento
• Flexibilidade de Horários: Ofereça treinamentos em horários flexíveis que permitam aos colaboradores participarem sem comprometer suas responsabilidades diárias.
• Acessibilidade: Utilize plataformas que permitam acesso fácil e remoto ao material de treinamento.
7. Criar um Ambiente de Aprendizagem Positiva
• Cultura de Aprendizagem: Promova uma cultura organizacional que valorize e incentive o aprendizado contínuo.
• Apoio da Liderança: Garanta que os líderes e gestores apoiem e participem dos programas de treinamento, mostrando seu valor para a equipe.
8. Solicitar e Implementar Feedback
• Avaliações Pós-Treinamento: Solicite feedback dos participantes após cada sessão de treinamento para entender o que funcionou bem e o que pode ser melhorado.
• Ajustes Contínuos: Use o feedback recebido para ajustar e aprimorar continuamente os programas de treinamento.
9. Utilizar Tecnologia para Melhorar a Experiência de Treinamento
• Plataformas de E-learning: Utilize plataformas de e-learning que ofereçam uma experiência de usuário intuitiva e recursos interativos.
• Gamificação: Incorpore elementos de gamificação, como pontos, níveis e competições amigáveis, para tornar o treinamento mais envolvente.
10. Comunicação Clara e Eficaz
• Divulgação Antecipada: Comunique claramente os objetivos, benefícios e detalhes logísticos dos treinamentos com antecedência.
• Reminders e Follow-ups: Envie lembretes e follow-ups para manter os colaboradores informados e engajados.
Engajar colaboradores em treinamentos e qualificações requer uma abordagem multifacetada que combine relevância, interatividade, reconhecimento e apoio contínuo. Ao alinhar os treinamentos com os objetivos dos colaboradores, o aprendizado torna-se mais amigável, garantindo um envolvimento no processo evolutivo de todos.