Consultor Jurídico Ambiental da Pöyry Tecnologia
Op-CP-16
Consideramos a sustentabilidade ambiental um dos principais marcos do século XXI. A palavra “sustentabilidade” deriva do verbo sustentar, presente nos meios profissional, social e familiar. Segundo o Dicionário Aurélio, sustentar é: “1. Segurar para que não caia, suster, suportar. ... 8. Impedir a ruína ou queda de. ... 11. Defender com argumentos ou razões ...”.
Transpondo a definição denotativa, entendemos que a sustentabilidade ambiental revela-se intrinsecamente relacionada a quesitos de ordem financeira e social, e afeta diretamente investimentos, projetos e, principalmente, atividades que demandam matéria-prima florestal. Ora, a sustentabilidade ambiental é vetor regente de alternativas e, por consequência, fator determinante nos estudos desenvolvidos pela consultoria.
Uma vez reconhecida a possibilidade de ocorrência de impactos ambientais da silvicultura ou os processos produtivos que utilizam a floresta como matéria-prima, torna-se importante a adoção de novos paradigmas. Nossa missão de consultor ambiental é tornar viável a concepção do empreendimento, com base em premissas de ordem financeira, sempre aliadas às questões ambientais e sociais, desde a fase de planejamento do projeto até sua operação, atendendo às demandas dos stakeholders.
Essas, por sua vez, consolidadas em marcos históricos como Conferência de Estocolmo, Cúpula da Terra, Conferência de Johanesburgo, Rio+10, etc, não podem ser desprezadas, pois o mercado consumidor exige do empresário sua parcela de responsabilidade ambiental. O setor florestal, especialmente a indústria de celulose e papel, vem fazendo sua lição de casa ao longo das últimas décadas e dando exemplos de sustentabilidade ambiental.
Logo, a consultoria técnica especializada tem acompanhado essa tendência e trabalha em parceria, certos da importância estratégica de recursos naturais por eles utilizados, essenciais à indústria de celulose e papel. Paralelamente à necessidade de elaboração de estudos ambientais (EIA/RIMA e outras figuras) para empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental, há exigências internacionais, muitas vezes representadas por barreiras técnicas ambientais, que mobilizam a indústria para atendimento de rígidos padrões e intrincadas certificações.
Vislumbrar o futuro cenário concorrencial, onde a competitividade de mercado extrapola limites econômicos e adentra a dinâmica cultural, é essencial à sobrevivência de qualquer empreendimento. O papel do consultor deve ultrapassar a fronteira do planejamento e operar em parceria com seu cliente, envolvendo o empreendimento sob a égide da sustentabilidade.
Sua relevância é reconhecida até mesmo no planejamento para embasar critérios de requerimento a financiamentos e avaliação de créditos por entidades financeiras. Recentes exemplos são análises de EIA/RIMA por entidades financeiras, como BNDES, Banco Mundial, etc. Reflexo disso é que os setores usuários da matéria-prima florestal procuram cada vez mais adequar toda sua cadeia produtiva à sustentabilidade, exigindo respaldo de critérios técnicos e ambientais.
Em nossos recentes trabalhos, identificamos hot spots que vêm se tornando tendência para projetos de silvicultura: atenção a diferentes espécies de Zoneamento Ambiental e Econômico Ecológico; reciclagem e reposição de nutrientes, manutenção de fertilidade do solo; manejo florestal sustentável e certificado; medidas de restauração e preservação de Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais; emprego de melhores tecnologias disponíveis; avaliação do impacto paisagístico, etc.
Igualmente, são objeto de preocupação: emissões atmosféricas e qualidade do ar, com foco na saúde humana; possibilidades de geração de créditos de carbono desde a fase conceitual; alternativas de mitigação e neutralização de emissões, de negociações em mercado de emissões, e emprego de novas fontes de energias com menores impactos socioambientais.
Portanto, ao se deparar com a concepção de novo empreendimento, ou expansão de um já existente, há necessidade de superação de parâmetros de mercado. A sustentabilidade está além da gestão ambiental; agrega valor ao projeto e se traduz nos índices como Dow Jones Sustainability Index, Índice de Sustentabilidade BM&FBovespa, que geram valorização das ações de empresas comprometidas com a sustentabilidade. Considerar a variável ambiental é imprescindível para evitar atrasos de cronograma, reduzir custos socioambientais e juros financeiros. Agir sustentável é impedir a ruína e evitar a queda; é prover segurança ao empreendimento.