Como forma de melhor compreender a participação das mulheres na cadeia produtiva florestal brasileira, foi realizada uma consulta ao Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF) do Serviço Florestal Brasileiro, em que foi possível obter a série histórica de 2010-2021 dos vínculos formais ativos de empregos ocupados por mulheres e homens (vide gráfico).
Esses dados fazem parte da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia, que contém informações sobre a atividade trabalhista no País. Esse acervo é baseado em atividades elencadas segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAEs), sendo algumas delas reagrupadas pelo SNIF. Essas informações são essenciais para melhor compreensão da realidade da cadeia produtiva florestal e embasar estratégias visando à equidade de oportunidades entre mulheres e homens.
Em 2021, foram contabilizados 738.522 vínculos na cadeia produtiva florestal, o que correspondeu a 1,5% da totalidade de 48.728.871 empregos formais ativos gerados no Brasil. Pela série histórica, nota-se que a maior proporção de mulheres ocorreu em 2014 (22,41%) e a menor em 2010 (20,08%).
No decorrer de 12 anos, o percentual médio anual de empregos ocupados pelas mulheres foi 21,37%. Em 2021, as mulheres ocuparam 22,2% dos postos formais de empregos. Essas informações corroboram que essa cadeia produtiva, historicamente, emprega mais homens que mulheres.
Observou-se também que, em 2021, 73,09% dos empregos ativos (mulheres e homens) tiveram remuneração variando de um a três salários-mínimos. Os maiores percentuais de mulheres se concentraram nas faixas salariais mais baixas (até 0,50 salário-mínimo: 39,7%; 0,51 a 1 salário-mínimo: 27,5%; 1,01 a 1,5 salários-mínimos: 27,4% e 1,51 a 2 salários-mínimos: 23,7%), ao passo que os maiores percentuais de homens se concentram nas faixas salariais que receberam acima de três salários-mínimos (superiores a 81%).
No que se refere à escolaridade, 92,23% dos empregados (mulheres e homens) tinham formação igual ou inferior ao superior incompleto no ano de 2021. Aproximadamente metade destes vínculos formais estavam relacionados a empregados com ensino médio completo. Esses resultados ajudam a explicar o fato de que 73,08% dos empregados ativos receberam remuneração abaixo de três salários-mínimos, já que os maiores salários estão normalmente associados a um maior nível de escolaridade.
O percentual de funcionários com ensino superior completo e com formação complementar de mestrado e doutorado não alcançou 8%. A média de vínculos ocupados por mulheres no decorrer das diferentes faixas de escolaridade foi 24,7%. Essa média foi superada pelos seguintes níveis de escolaridade: superior incompleto (36,9%), superior completo (40,3%), mestrado (34%) e doutorado (40,9%).
Em 2021, o percentual médio de mulheres ocupadas nas diferentes faixas etárias foi 20,5%. Nota-se que os percentuais de mulheres com vínculos ativos formais de empregos foram relativamente semelhantes entre as faixas etárias de: 24 anos ou menos (22,9%), 25 a 29 anos (23,4%), 30 a 39 anos (24,4%) e 40 a 49 anos (21,8%). As faixas etárias mais elevadas, 50 a 64 anos e acima de 65 anos, tiveram 17,4% e 13% de mulheres empregadas.
Os percentuais de mulheres e homens ocupados em 13 segmentos dentro da cadeia produtiva florestal brasileira são apresentados na tabela exposta na página anterior. Em 2021, os quatro segmentos com maiores números de empregos, em ordem decrescente, foram: fabricação de móveis, fabricação de produtos de papel, fabricação de produtos de madeira e atividade de impressão, totalizando 66,1% dos empregos formais da cadeia produtiva ?orestal brasileira.
A automatização, que visa acelerar processos, garantir maior segurança dos colaboradores e otimizar a produção, mostra-se presente também nos segmentos com maiores percentuais de mulheres empregadas. Em especial, o segmento de impressão se destacou por ter o maior percentual de mulheres empregadas, 33,9%. Esse segmento engloba a impressão de jornais, livros, revistas e outras publicações periódicas, além de materiais de segurança e impressão para diversos outros fins. É notável a presença da automatização neste segmento, proporcionando maior eficiência e qualidade nos processos e produtos.
A indústria de fabricação de produtos de papel apresentou a segunda maior porcentagem de mulheres formais ativas, atingindo 26,6% do total. Dentro deste segmento, englobam-se diversas atividades, tais como a produção de chapas e embalagens de papelão ondulado, embalagens de cartolina e papel cartão, outras embalagens de papel, formulários contínuos, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, produtos de papel para uso doméstico e higiênico-sanitário não especificados anteriormente, entre outros.
A automatização neste segmento desempenha um papel fundamental na otimização de processos, na melhoria da eficiência operacional, na redução de custos e no aumento da segurança dos empregados. O segmento de fabricação de móveis está na terceira posição, com mulheres ocupando 24,9% dos vínculos formais de empregos. Este segmento é composto por indústrias de mobiliários de madeira ou com predominância de madeira, envernizados, encerados, esmaltados, laqueados, recobertos com lâminas de material plástico, estofados, para uso residencial e não residencial.
Abrange também a fabricação de móveis embutidos ou modulados de madeira, a fabricação de esqueletos de madeira para móveis e o acabamento de móveis (envernizamento, esmaltagem, laqueação e serviços similares). A automatização também tem sido ampliada nos processos industriais deste segmento, além de abrir novas oportunidades para gerar produtos ainda mais inteligentes, com maior valor agregado e com redução no desperdício de matéria-prima.
O segmento de produção de produtos de madeira, cortiça e material trançado alcançou a quarta posição em termos de porcentagem de ocupação pelas mulheres, atingindo 22,2%. Esse segmento engloba a fabricação de diversos produtos, como madeira laminada; chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada; estruturas de madeira para construção e de artigos de carpintaria; fabricação de artefatos de tanoaria e embalagens de madeira, além de artefatos feitos de madeira, palha, cortiça, vime e material trançado.
Neste caso, a automatização também já se faz presente em vários dos processos industriais ora relatados. Do exposto, embora haja maior percentual de mulheres nos segmentos com consideráveis níveis de automatização, é evidente a necessidade de ampliar a participação das mulheres nas diferentes faixas etárias, na cadeia produtiva florestal.
Como o percentual de funcionárias nas maiores faixas salariais ainda é pequena, o estímulo e o investimento na capacitação profissional consistem em estratégias pertinentes de promoção de desenvolvimento profissional. Clique no link abaixo para acessar a íntegra deste estudo com download gratuito.

VÍNCULOS FORMAIS ATIVOS DE EMPREGOS OCUPADOS POR MULHERES E HOMENS, NA CADEIA PRODUTIVA FLORESTAL BRASILEIRA - 2010–2021
DISTRIBUIÇÃO DOS VÍNCULOS FORMAIS DE EMPREGOS OCUPADOS POR MULHERES E HOMENS POR SEGMENTO DE ATIVIDADE EM 2021