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Eduardo da Silva Lopes

Professor Colheita e Transporte Florestal do Unicentro e Coordenador do Cenfor

Op-CP-20

Capacitação profissional frente às inovações tecnológicas

O processo de inovação tecnológica na colheita de madeira iniciou-se no País, de forma significativa, a partir da década de 90, com a abertura do mercado brasileiro à importação. Nessa época, muitas empresas, fabricantes nacionais e internacionais, disponibilizaram máquinas e equipamentos de alta tecnologia e produtividade, originadas dos países escandinavos e norte-americanos.

O avanço da mecanização trouxe vários benefícios às empresas florestais, como redução da dependência de mão de obra, melhoria das condições de trabalho, fornecimento regular e em quantidade crescente de madeira, aumento de produtividade e redução de custos. Atualmente, a colheita de madeira em plantios florestais é considerada uma das principais atividades na definição do custo final da matéria-prima, representando, em média, 50% ou mais dos custos da madeira colocada nos pátios das indústrias.

Além disso, trata-se de uma atividade complexa, que é influenciada por diversos fatores que interferem diretamente na forma de execução das operações.
No processo de inovação tecnológica aplicada à colheita de madeira, devem-se destacar os avanços ocorridos na indústria de máquinas e equipamentos, que passou a disponibilizar modelos cada vez mais produtivos, confiáveis, automatizados e ambientalmente adequados.

Além disso, os processos inerentes à manutenção preditiva e preventiva e os sistemas informatizados de planejamento e controle das operações têm contribuído para o sucesso da colheita de madeira. Entretanto, o maior desafio para a efetivação dessas novas tecnologias é a carência de profissionais qualificados, particularmente de mecânicos e operadores.

Como a profissionalização da mão de obra é parte básica dos processos de desenvolvimento de novas tecnologias, a capacitação dos operadores de máquinas se constitui a principal fonte identificadora de melhorias e inovações. Os programas de capacitação da mão de obra ainda não são reconhecidos como fundamentais por muitos empresários, e, como consequência, ainda não é oferecida uma qualificação que permita o máximo aproveitamento tecnológico das máquinas e equipamentos.

É comum encontrarmos operadores sendo capacitados diretamente na máquina por outro operador; assim, a premissa inicial de redução de custos acarreta, a longo prazo, maiores custos de formação, menor disponibilidade mecânica dos equipamentos, maior exposição a acidentes, transferência de técnicas inadequadas de operação, acompanhamento inapropriado e tempo insuficiente para a formação de um profissional qualificado.


Outro aspecto a destacar é a dificuldade na identificação de pessoas que tenham potencial para serem capacitados na ocupação de operadores de máquinas florestais. Muitas vezes, elevados recursos financeiros são aplicados na capacitação de futuros operadores, que, na realidade, não possuem tal potencial, acarretando baixa produtividade, riscos de acidentes e elevados custos.

É fundamental um processo de seleção, capaz de identificar pessoas que tenham perfil e potencial para participarem dos programas de capacitação e se tornarem futuros operadores de máquinas florestais. É importante adotar modelos eficientes de treinamento, que possam não apenas formar operadores, mas profissionais preparados para a gestão e operação das máquinas de colheita de madeira.


Como a capacitação de um operador é um investimento significativo, deve-se utilizar de toda a tecnologia disponível, permitindo a formação de um operador de qualidade. É necessário que os futuros operadores recebam conhecimentos sobre procedimentos operacionais, segurança do trabalho, manutenção preventiva básica, simbologia de painel, etc.

Em seguida, sejam treinados com o apoio de simuladores de realidade virtual, equipados com joysticks semelhantes àqueles utilizados nas máquinas, cuja ferramenta é comprovadamente eficiente na capacitação de operadores. Por fim, devem aprender executar manutenção preventiva e corretiva básica das máquinas e a operação em situação real de campo.


Considerando a expansão do setor, a elevada demanda por operadores e o nível tecnológico das máquinas, torna-se de fundamental importância o trabalho desenvolvido pelos Centros de Formação de Operadores existentes no País. Tal iniciativa, além de contribuir para o desenvolvimento do setor florestal brasileiro, tem possibilitado a redução dos custos de treinamento para os fabricantes e empresas florestais, ganhos de produtividade, redução dos custos de produção e melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores florestais.