Presidente da Abraf
Op-CP-13
A silvicultura no Brasil está em um momento muito especial de crescimento, principalmente em função da forte demanda proveniente dos grandes investimentos em curso nos setores de papel e celulose, madeira processada (sólida e painéis) e energia (especialmente carvão). Estes setores, em conjunto, deverão investir, até o ano de 2015, um montante superior a US$ 30 bilhões, sendo que, praticamente, a metade deste investimento será no segmento de papel e celulose.
O produto bruto da cadeia de transformação florestal no Brasil é da ordem de US$ 50 bilhões anuais. Sendo US$ 24 bilhões do setor de papel e celulose, US$ 17 bilhões do setor de madeira processada - inclusive móveis, e US$ 9 bilhões do setor de ferro-gusa e aço. A única maneira de diminuir as pressões sobre a mata nativa é plantando árvores, sendo inúmeras as vantagens de se investir em florestas plantadas, a saber:
1. A grande produtividade das florestas plantadas no Brasil, com crescimento anual superior a 40 m³ por hectare/ano para o eucalipto, e 30 m³ por hectare/ano para o pinus, é 7 vezes superior aos tradicionais produtores da Escandinávia e do Canadá;
2. Países como Japão, China e Estados Unidos, que possuem grandes áreas de florestas plantadas, não têm mais terras disponíveis para o plantio, enquanto que o Brasil, com 850 milhões de hectares, possui somente 5,5 milhões em florestas plantadas, equivalendo a apenas 2,8% das florestas plantadas no mundo;
3. O crescimento do plantio de florestas no Brasil não implica em competição com outras atividades agrícolas, uma vez que existem ainda mais de 100 milhões de hectares de terras degradadas, que podem ser ocupadas pelo plantio de árvores;
4. Devido à baixa exigência quanto à qualidade da terra disponível para plantio, o preço por hectare está entre os mais competitivos do mundo, próximo a US$ 2.000/hectare. Inferior ao preço da terra nos países tradicionalmente produtores, o que, combinado com a grande produtividade das florestas plantadas, implica em vantagens comparativas de custo por m³ de madeira produzida;
5. O Brasil tem tecnologia avançada e mão-de-obra especializada disponíveis, o que implica em menor tempo gasto entre a decisão de investimento e o início da produção;
6. Das grandes ocupações de terras no Brasil, as pastagens utilizam 178 milhões de hectares (M/ha), a agricultura 58 M/ha, a cana 6,5 M/ha e a floresta plantada 5,5 M/ha. Considerando-se o aumento de produtividade marginal, em setores como pecuária, poderíamos acrescentar milhares de hectares às áreas disponíveis.
Sem esgotar o tema das vantagens competitivas do Brasil, algumas listadas acima, gostaria de citar também as ameaças ao setor de florestas plantadas. Um dos principais entraves ao desenvolvimento do plantio de árvores em nosso país é, sem dúvida, a burocracia. Há uma grande confusão, principalmente nos órgãos ambientais, que tratam a floresta plantada como se fosse nativa, excluindo, politicamente, o pequeno produtor da atividade florestal.
São exigidos inúmeros documentos para a obtenção do licenciamento para o plantio e, novamente para a colheita, enquanto para a atividade pecuária ou qualquer outra atividade exercida na propriedade nada é exigido. Outro grande obstáculo ao crescimento do setor está na insegurança jurídica. A propriedade rural, no Brasil, é questionada a todo momento, sob as mais diversas alegações. Decisões são tomadas violentando direitos e práticas adquiridos há mais de 50 anos.
Os movimentos sociais, as ONGs, a questão das terras indígenas, as chamadas comunidades quilombolas, todos com legislação deficiente e mal estruturada, são empecilhos ao desenvolvimento do setor e do país. As áreas indígenas ocupam hoje 107 milhões de hectares, mais do que toda a área utilizada pela lavoura e pela silvicultura.
Do mesmo modo, a distribuição agrária referente aos assentamentos rurais é equivalente às áreas ocupadas com os plantios de ciclo anual, como o feijão, o milho, o trigo, a soja, etc, somados ao café, à cana-de-açúcar e às florestas plantadas, perfazendo o montante equivalente a 77 milhões de hectares. Creio, finalmente, que as vantagens brasileiras para o plantio de árvores são tão grandes, que enxergo o futuro do setor no Brasil com muito otimismo e com a certeza de que os desafios serão superados no curto prazo, prevalecendo o bom senso e o equilíbrio das autoridades responsáveis.