Diretor Florestal da Eco Brasil Florestas
Op-CP-19
A silvicultura brasileira tem sido marcada por realizações que mudaram rumos e deixaram lições de vida para muitas gerações. Uma história que soma ciência e arrojo empresarial. As grandes realizações foram respostas à importância econômica, social e ambiental que a atividade foi alcançando. O sucesso foi o resultado da visão e da credibilidade dos profissionais envolvidos nos processos de criar, de mudar e de encontrar as melhores alternativas para a produção de madeira.
Nesses anos, a madeira deixou de ser o incômodo do setor de compras, para se tornar diretriz estratégica das empresas. Essa valorização, no entanto, tem tido altos e baixos. Há até casos em que o “homem da floresta” sumiu das organizações! Algumas realizações serão sempre lembradas. Além do que as contribuições promovidas foram exemplos de profissionalismo de quem as promoveu. Destaque a profissionais de empresas, de universidades e de instituições governamentais.
Deram lições “de tudo” para a história da silvicultura. Foram exemplos de ética, respeito, humildade e paixão pelo que faziam. Um privilégio para quem teve a felicidade de conhecê-los e de conviver com eles. No final da década de 60 e início de 70, foram criadas as bases da silvicultura brasileira: o atual Código Florestal, o surgimento do IBDF, a política de incentivos fiscais, a formação dos primeiros cursos de engenharia florestal e das principais instituições de pesquisa.
De 70 a 90, o Brasil triplicou a produtividade de suas florestas plantadas. Um período riquíssimo, marcado por grandes programas de reflorestamento, muitas pesquisas, intensa participação e estreita colaboração entre universidades, empresas e organizações governamentais. Tivemos o privilégio de conviver, em Piracicaba, com mestres como Helládio do Amaral Mello, Paulo Galvão, Luiz Barrichelo, Celso Foelkel, Walter Suiter Filho, Mario Ferreira, João Walter Simões, Paulo Kageyama, Fábio Poggiani, dentre outros.
Um time de professores, que se doou de corpo e alma à formação de profissionais. Participaram da criação e desenvolvimento do IPEF, com a colaboração de respeitáveis diretores empresariais. Algumas realizações, por suas peculiaridades, privilegiaram ainda mais aqueles que delas participaram - Antonio Rensi Coelho e Ronaldo Guedes Pereira promoveram um salto gigantesco no melhoramento genético com a introdução de sementes de E. grandis, colhidas na Austrália; Leopoldo Brandão revolucionou a silvicultura com a utilização comercial de clones; Osmar Zogbi transformou sua empresa florestal numa referência em inovações tecnológicas.
Foram memoráveis também as contribuições de Roberto Alvarenga, Laerte Setúbal, dos irmãos Geraldo e Raul Speltz, dos irmãos Gualter e Geraldo Moura, Luiz Ramires, Rubens Tocci, Pieter Prange, Francisco Bertolani, Amantino de Freitas, Mauro Reis, Lamberto Golfari, Carlos Eugênio Thibau.
Tive a satisfação de conviver e de aprender com profissionais extraordinários: Edson Balloni, Arnaldo Salmeron, Walter Jacob, Joésio Siqueira, Sebastião Machado, Gilmar Bertolloti, Admir Lopes Moura, José Maria Mendes, Ademir Cunha Bueno, Ubirajara Brasil, Carlos Alberto Guerreiro, Lineu Wandouski, José Zani, José Luiz Stape, Maria José Zakia, José Geraldo Rivelli, Claudio Cerqueira, dentre muitos companheiros de equipe.
Nesse mesmo período, iniciaram os movimentos sociais e ambientais, questionando a monocultura de eucalipto e pinus. Essas discussões, que continuam vivas dentro do setor, foram enriquecidas pelas contribuições do respeitável Walter de Paula Lima. Novo importantíssimo marco surge na década de 90, com os sistemas de certificação florestal em que se destacou a competência e a dedicação de Rubens Garlipp e colaboradores para a estruturação do CERFLOR, através da SBS.
Nos anos de 2005/2006/2007, os programas de plantio aumentaram significativamente e com um ingrediente especial: a participação significativa do fomento florestal. A silvicultura encontrava, de fato, a forma de se integrar com suas comunidades e parceiros vizinhos. De 2008 até hoje, surpresas e novidades: uma profunda crise, que abalou o setor e ainda não se afastou de algumas empresas, e o surgimento de novos investidores interessados na formação de ativos florestais.
Surgem novas fronteiras da silvicultura, e estamos diante de mudanças e grandes desafios. Há lições de sobra para superarmos eventuais dificuldades e fortalecermos ainda mais a silvicultura. E o mais importante: há silvicultores brilhantes se destacando nesses novos tempos. Com certeza, as lições de comprometimento não foram esquecidas e serão perpetuadas por gerações.