Desafios: Sou formada há 33 anos. No ano de minha graduação, em 1990, a concentração de GEE (gases de efeito estufa) na atmosfera era 354 ppm (partes por milhão). O CO2, o dióxido de carbono, o mais dominante destes gases, aumentou 65 ppm, passando a ser, hoje, 419 ppm. Nos trinta e três anos anteriores a minha formatura o aumento tinha sido de 40 ppm. Com uma curva de aumento de temperatura exponencial, intensificam-se os impactos de GEE nas diversas regiões do planeta.
Entre os diversos impactos, dois chamam mais atenção: 1) Aumento do nível de mar até um metro nesse século, causando mais chuvas fortes e inundações, aumentando o risco de morte para cerca de 200 milhões de pessoas. 2) Para cada 1 grau Celsius de aumento da temperatura global, um bilhão de pessoas serão afetadas pelo calor extremo, tendo que migrar para áreas com temperaturas mais amenas. Esses impactos aumentam a tensão social que, somada ao crescimento populacional, potencializam mudanças significativas (e impactos diferenciados) na sociedade, economia e empresas em geral.
Riscos: O momento de transição com cenários futuros não previsíveis é desafiador para todos (e o mercado mostra isso a cada dia com previsões impossíveis) mas, ao mesmo tempo, cria oportunidades para os que estão dispostos a encontrar soluções inovadoras, transparentes, mais inclusivas e integradas ao meio ambiente. Para a redução de riscos, não é mais suficiente que empresas cuidem exclusivamente de sua pegada direta – impactos ambientais e sociais em suas operações e comunidades em que atuam. O momento atual demanda maior responsabilidade e colaboração ampliada com a sociedade civil, a cadeia de valor e os governos para que impactos ambientais e sociais possam ser positivos e econômicos.
Oportunidades: Essa atuação possibilita oportunidades para inovação e economia baseada em uma cultura mais inclusiva, conectada e com propósito claro. Empresas com essa visão melhoram a vida de todos os seus clientes, fornecedores, funcionários e comunidades, com maior retorno aos investidores no longo prazo. Consumidores são mais fiéis a empresas com atuação ambiental positiva, aumentando a vantagem para soluções sustentáveis. O mesmo acontece com funcionários. Organizações internacionais de trabalho observam maior interesse por empresas mais sustentáveis. Além disso, recente pesquisa global nos países participantes do G20 mostrou que 74% das pessoas apoiam reforma de sistemas econômicos que incluem, também, aspectos ambientais e sociais. No mesmo sentido, temos visto o capital financeiro também mover-se: em novembro de 2021, durante a COP26, mais de quatrocentos e cinquenta instituições financeiras, com um total de 130 trilhões de dólares, assinaram o objetivo “net-zero”. Isso significa, aproximadamente, 40% do capital total financeiro global. Esse valor de capital será, progressivamente, realocado para oportunidades mais sustentáveis.
Oportunidades para liderança: Essa ampla mudança, tanto nas sociedades como nas economias que respeitam os limites de nosso planeta, tem se mostrado cada vez mais evidente em todas as áreas. Esse entendimento não é mais exclusivo de segmentos específicos, como acontecia em 1972, quando o Clube de Roma publicou Limites do Crescimento, ou mesmo em 2015, quando governos assinaram o histórico Acordo de Paris na Conferência Climática das Nações Unidas (COP21).
Necessidade: A velocidade das ações e o impacto das políticas implementadas ainda apontam para um aumento de temperatura em torno de 2.7°C no final do século. A necessidade de novas lideranças é evidente – desde governos a empresas. Ela passa por uma oportunidade única para todos os que desejam fazer diferença onde quer que estejam, trazendo soluções para a sociedade de modo mais amplo, real, inclusivo e significativo. Em 33 anos (2053), nossa sociedade precisará ter atingido um aumento de temperatura de apenas 1.5°C sobre a época pré-industrial. Isso significa eliminar aproximadamente 50 bilhões de toneladas das emissões atuais da atmosfera.
Colaboração: Temos algumas soluções, mas para viabilizá-las é fundamental que colaborações, de diferentes perspectivas e inclusão, sejam agilizadas. Você faz parte dessa jornada e, a cada dia, pode ser o líder que faça a diferença.