Deputado Federal
Op-CP-18
O Brasil, há vinte anos, tinha uma pecuária e uma agricultura artesanal. Em consequência disso, uma demanda interna por alimentos incapaz de ser atendida: parte da sociedade passava fome, outra se alimentava mal, e somente os ricos tinham condições de se alimentar adequadamente. Atualmente, a agricultura brasileira é uma potência em tecnologia e qualificação de pessoal, e isso gera melhor aproveitamento do solo e rapidez nos resultados.
Preservar o meio ambiente e produzir alimentos são atividades intimamente relacionadas, ambas se complementam em seus fins. A maior valia dessa discussão não está entre produzir ou preservar, mas em seus fins sociais, pois é possível produzir e preservar; no entanto, preservar sem produzir é inconcebível, porque não atende a ninguém.
Por isso, reformar o Código Florestal é algo inadiável. Precisamos de uma legislação eficiente, que desburocratize a fiscalização e dinamize a produção. A dificuldade em fazê-lo está no radicalismo dos setores envolvidos, a produção e o meio ambiente são problemas da humanidade, e não apenas deste ou daquele setor.
Nesse cenário, os produtores estão entrincheirados, têm sofrido com o atraso da lei, com os ataques das ONGs ambientalistas e do MST, ambos financiados pelos cofres públicos. É preciso desmistificar essa visão maniqueísta de que ambientalistas e produtores rurais possuem interesses diversos. Defender os produtores deste país, principalmente os produtores rurais, tornou-se missão de guerra.
Para piorar, os deputados que defendem esses produtores são estigmatizados de "bancada motosserra", em vez de bancada do arroz, do feijão, do leite, da carne e do emprego. Forças externas têm sufocado o debate desse tema no Congresso, com o objetivo de prevalecer a visão míope de que os ambientalistas são os donos da verdade; isso é um erro.
A produção do campo, ao longo desses vinte anos, saiu do amadorismo para a eficiência. Temos excelência em produzir quantitativa e qualitativamente grãos e carne. Com essa realidade, os pequenos municípios do país se tornaram economicamente independentes, e o processo migratório inverteu o curso: trabalhadores dos grandes centros urbanos estão indo para o campo em busca de trabalho.
Esse fenômeno, por motivos diversos, passa despercebido por parte daqueles que se intitulam ambientalistas. Um dos maiores problemas ambientais do país é a falta de saneamento básico. Isso tem acabado com praias e rios, impedindo a exploração de atividades como o turismo e causando prejuízos à saúde pública. Mesmo assim, não se tem notícia de que essas ONGs concentram seus esforços no sentido de resolver o problema.
Então se conclui que essa discussão é político-partidária. Essas ONGs juntamente com o MST representam interesses que não são os da agricultura e do meio ambiente brasileiro. Os produtores rurais têm sido responsáveis, há décadas, pelo acesso da população mais pobre à alimentação. A nossa realidade reflete os investimentos nesse setor, capaz de atender às demandas interna e externa.
Passamos de importadores a exportadores. Vejam que o Bolsa-Família, há vinte anos, seria inviável, devido à carestia e à escassez dos alimentos. Tínhamos uma economia fragilizada e uma demanda por alimentos incapaz de ser atendida. Outro equivoco é a falsa acusação de que o setor agrícola é o grande vilão do meio ambiente.
O governo não possui uma política para promover o transporte público adequado, mas incentiva a compra de carros; as grandes construtoras instaladas em áreas urbanas recebem incentivos fiscais sem exigência de contrapartida ambiental, e, além disso, o governo gastou, em 2008, apenas 25% da previsão orçamentária para o saneamento básico.
Portanto é bom que se diga que todos, inclusive o homem do campo, dependem de um ecossistema equilibrado, mas ele não é o único responsável por essa conquista. A sociedade precisa de investimentos e de um meio ambiente equilibrado. Esses interesses são convergentes, o que falta é acertar o tom do debate, e isso acontecerá sem demora. Produzir e preservar é essencial para o Brasil, que mudou sua realidade ao longo desses últimos vinte anos por meio do trabalho e com a força do homem do campo.