A característica única do momento que estamos vivendo, em consequência da pandemia causada pelo novo coronavírus, nos dá uma oportunidade singular de repensar os negócios e, nesse contexto de recomeço coletivo, fazer evolui-los. A crise tem sido dificílima para todos nós.
Ainda assim, considero importante refletir sobre as janelas de oportunidade que ela acaba propiciando para que possamos evoluir como sociedade. Observo que as pessoas têm exigido mais das empresas e, segundo especialistas, esse cenário de ativismo do cidadão vai se consolidar em um período pós-pandemia.
Diante disso, cabe às empresas (se é que ainda não fizeram) endereçar compromissos reais e legítimos com os desafios que compartilhamos coletivamente. Acredito que, para definir compromissos que fazem sentido para todos, é preciso ouvir, pois as respostas não estão somente dentro da empresa.
O processo de escuta ativa das partes interessadas também é fundamental para conferir legitimidade aos objetivos que são estabelecidos. Foi assim, com os ouvidos e a mente abertos, que fizemos, em 2019, o processo de construção coletiva da estratégia de sustentabilidade da Suzano.
Como envolvemos a sociedade, considero importante compartilhar o resultado, como uma devolutiva sobre essa jornada. Ouvimos, em entrevistas, ONGs, investidores, parceiros, no Brasil e no exterior, além de executivos da própria Suzano; coletamos percepções em uma pesquisa on-line; e realizamos encontros presencias. Por fim, consolidamos os principais temas apontados.
O resultado foi a definição de nossas metas de longo prazo, divulgadas em fevereiro de 2020, pouco antes da chegada da pandemia ao Brasil. Analisando esses compromissos sob a ótica do momento atual, entendo que temos endereçados temas relevantes para nosso País. Assim, gostaria de destacar quatro deles.
As metas são ambiciosas, uma vez que exigem evoluções na gestão e até mesmo na cultura da empresa. Ao mesmo tempo, os resultados serão bons para nós, como companhia, e bons para a sociedade. Por isso, considero que essas metas são transformacionais e merecem nossa atenção neste momento.
A distribuição desigual de renda no Brasil é um grande obstáculo no processo de evolução da nossa sociedade, pois afeta o ser humano no que há de mais essencial. Assim, vamos direcionar esforços para tirar 200 mil pessoas da linha da pobreza nas áreas de atuação da Suzano, até 2030, intensificando e diversificando frentes estruturais, como a geração de renda e a melhoria da qualidade da educação, nas quais já investimos há um bom tempo.
Com uma base florestal de aproximadamente 2,2 milhões de hectares de árvores, que capturam carbono, entendemos o nosso papel no combate ao desafio climático. Hoje, já somos climate positive e queremos ser ainda mais. Nossa proposta é remover adicionalmente 40 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, além da neutralização das nossas emissões diretas e da cadeia, até 2030.
A questão das mudanças climáticas tem sido ofuscada pela urgência da pandemia, mas é importante jogarmos luz, pois ela é latente. E queremos contribuir mais a partir da substituição de plásticos e de derivados do petróleo, ofertando 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável, até 2030.
Acreditamos que cultivar a diversidade nos fortalece. Por isso, entendemos que trabalhar a diversidade e inclusão é, além de um dever, uma estratégia de negócio. Dessa forma, assumimos os compromissos de garantir 100% de acessibilidade às pessoas com deficiência, alcançar 100% de ambiente inclusivo e zero preconceito presenciado ou vivido por pessoas LGBTI+, alcançar 30% de negros e 30% de mulheres em cargos de liderança, até 2025.
Entendo que o caminho que temos a percorrer é longo. Isso não me desanima, pois tenho a convicção de que vamos encontrar parceiros que vão contribuir para essa jornada, nos ajudando a desenvolver as soluções para alcançar esses objetivos: uma construção conjunta. Esse é um plano em desenvolvimento, e queremos ouvir mais sobre como podemos evoluir como sociedade. Seguimos juntos?