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Germano Aguiar Vieira

Diretor Florestal da Masisa do Brasil

Op-CP-23

A gestão florestal

Um projeto florestal baseado na plantação de pinus, que responda positivamente a uma taxa WACC (weighted average cost of capital) de 10%, precisa estar dentro de certos limites de alguns fatores de produção e comercialização, como nesse exemplo: Preço da terra útil até R$ 4.500/ha total ou R$ 8.000/ha útil, custo de implantação até R$ 5.500/ha para o ciclo de 16 anos, uma produtividade na ordem de 35 m³/ha/ano e ser remunerado com valores de madeira em pé entre R$ 35 para o m³ de madeira de processo e variações de R$ 50, R$70 e  R$100/m³ em pé para serraria e laminação, dependendo do diâmetro.

Deve também ser conduzido para que gere um maior valor da floresta, utilizando-se manejos específicos, como desbastes e podas, de acordo com os produtos requeridos pelo mercado local. Resultado: 10,7% de taxa de retorno.

Já outro projeto com plantações de eucalipto, com o propósito de obter grande quantidade de volume em um menor intervalo de tempo, ou seja, um ciclo de 6 ou 7 anos, com as mesmas premissas de preço de terra,  preços de madeira, um custo de formação da floresta de R$ 4.500/ha no ciclo de 7 anos e tendo um IMA (incremento médio anual) de 40 m³/ha/ano, não alcançará uma taxa de retorno maior que 7%, o que deverá ser compensado por outros fatores estratégicos associados à indústria.

Isso significa que, tanto para a implantação de pinus, como para o eucalipto, as taxas são muito apertadas e necessitam de um gerenciamento de altíssima qualidade para que o projeto não perca valor e atenda a seus objetivos preliminares.

Daí a importância de uma boa gestão florestal, que começa com um planejamento adequado e deve ser desenvolvido em bases consistentes, seguindo premissas estabelecidas pelos acionistas. Vários cenários devem ser desenhados e testados em quantidades suficientes para que se tenha a segurança necessária para o início das fases subsequentes do projeto.

O sistema de manejo a ser empregado dependerá do ambiente mercadológico e das possibilidades técnicas. Alguns fatores de produção são mais representativos para o sucesso de um projeto florestal e podem interagir para aumentar a sua taxa de retorno. Preço da terra, produtividade do site, preço da madeira, custo de produção, distância até os centros consumidores são fatores que interferem de forma significativa no resultado sustentável do projeto e por isso devem ser monitorados com atenção.

Além de um bom planejamento, devemos investir atenção na definição de sistemas e métodos, para que a rotina tenha seu curso na direção dos resultados esperados, e o destaque deve ser dado para a busca de lideranças capazes de conduzir com segurança todo o projeto.

Sistemas de gestão de projetos florestais podem ser encontrados de diversas formas no mercado através de softwares específicos, mas devem conter controle de: produção, financeiro, capital humano, qualidade, saúde e segurança, comercial, logístico e suprimento, social e ambiental e desenvolvimento (investimentos e projetos).

A metodologia aplicada deve ser adequada aos propósitos e objetivos do negócio florestal e ter o dinamismo necessário para se ajustar, conforme a evolução dos tempos, alterações ambientais e aprendizado da organização. Cada procedimento técnico-operacional, eleito para as atividades florestais, deve ter respaldos técnicos consistentes e monitorados de forma segura.

Esses procedimentos que formarão o conhecimento da empresa devem ser guardados em ferramentas apropriadas e alterados quantas vezes forem necessárias, para traduzir a melhor expressão de valor para a empresa. Materiais genéticos desenvolvidos e a tecnologia aplicada às atividades de plantio, manutenção e colheita florestal passam a ser guardados e comandados por um corpo técnico, evitando-se alterações provenientes de crenças e hierarquia.

O conhecimento técnico e específico de cada fazenda pelos seus gestores é fundamental, e inventários periódicos de qualidade mostrarão os ajustes necessários para correção do futuro. A sustentabilidade de um projeto florestal tem muitas vertentes, desde aspectos econômicos, macro e microeconomia, até aspectos sociais, passando por impactos ambientais, segurança jurídica, segurança política, mercado, substituição de produtos e qualidade das lideranças envolvidas, mas uma dessas devemos destacar, que são as interfaces com ambientes e sociedades.

Normalmente, projetos florestais envolvem grandes quantidades de terras, espalhadas por diversos municípios, comunidades, bacias hidrográficas e biomas. Isso se desdobra na necessidade de criação de controles inteligentes para cada interface e deve ser liderado por profissional com sensibilidade e conhecimento específico para conduzir esse processo.

Monitoramento de percepção das diversas comunidades envolvidas com o negócio é fundamental, e controles de impactos ambientais são necessários para compor o plano de sustentabilidade. Concluindo, podemos resumir que um projeto florestal é bastante complexo, envolve impactos diversos, possui taxas de retorno geralmente baixas e, apesar de ser investimento de menor risco, deve ser suportado por uma excelente gestão de planejamento, sistemas, métodos e, principalmente, possuir lideranças adequadas para conduzi-lo.