O maior desafio do manejador florestal é a regulação de sua floresta de forma otimizada, ou seja, apresentar um povoamento florestal com classes de idade que vão do zero até a idade ótima de corte. A regulação florestal está intimamente relacionada com a competitividade da empresa, pois, além de minimizar os custos de produção de madeira, garante o uso contínuo da terra e o abastecimento da unidade fabril.
Para superar tal desafio, é necessário um planejamento robusto e confiável, que leve em consideração as mais diversas variáveis técnicas, econômicas, ambientais e sociais em seus modelos. Para esse fim, tanto o planejamento quanto as operações florestais se munem de dados e informações gerados por geotecnologia.
Para prognose florestal, dados obtidos de estações climáticas são interpolados para toda a extensão do povoamento, e áreas susceptíveis a maior compactação do solo são mapeadas a partir de modelos digitais do terreno de alta precisão. Esses dados são importantes para prever o comportamento da floresta.
O inventário florestal também utiliza interpoladores espaciais e sensoriamento remoto para estratificação de povoamentos e otimização da amostragem. Além disso, os drones com câmeras espectrais e aeronaves adotadas com o sensor LiDAR (do inglês Light Detection and Ranging) têm uso potencial na obtenção de características verticais de todo o povoamento. Assim, a coleta de dados dendrométricos poderá ser na forma de censo, trazendo um ganho de exatidão e custos menores.
Com a tecnologia LiDAR, um perfilamento é realizado a fim de se obter altimetria de precisão, possibilitando a identificação de classes de inclinação do terreno essenciais para microplanejamento operacional em relevo ondulado a montanhoso. A partir daí, torna-se possível melhor dimensionamento de equipamentos de silvicultura e colheita.
Restrições ambientais e sociais também são consideradas a partir do uso do LiDAR, que se mostrou útil na caracterização do estágio sucessional de florestas nativas, bem como na detecção de estratos de sub-bosque em povoamentos comerciais. Associado ao uso do Sistema de Informações Geográficas (SIG), permite mapear áreas mais susceptíveis a erosão e até mesmo a bacia de contribuição de nascentes e pontos de captação de água que abastecem tanto as comunidades vizinhas quanto as atividades operacionais.
A revolução tecnológica transformou os meios de produção, proporcionando o aumento da eficiência operacional ao romper obstáculos associados às limitações humanas. Nesse contexto, os desafios inerentes à operação florestal demandaram a utilização de geotecnologia. A mecanização dos processos, a silvicultura de precisão e a regularização fundiária são exemplos de necessidades que impulsionaram esse quadro.
O grande número de satélites lançados na última década viabilizou a utilização do sensoriamento remoto como uma ferramenta chave na gestão florestal, pois permite a fotointerpretação em diversas resoluções espaciais, espectrais e temporais. Desse modo, facilitaram-se as análises de alterações do uso e ocupação do solo, o acompanhamento de áreas efetivamente colhidas e os ajustes de perímetros de plantios. Já no âmbito da gestão fundiária, é possível a obtenção de informações confiáveis de localização e a demarcação de imóveis, evitando divergências e conflitos, o que torna o processo célere e com custos reduzidos.
De modo similar, o aumento de satélites em órbita aperfeiçoou a via de transmissão de dados, incentivando o uso da telemetria. Essa inovação facilita a tomada de decisão dos gestores com o monitoramento em tempo real das máquinas de colheita, permitindo, assim, melhor controle da jornada de trabalho, comunicação direta com operadores, localização das máquinas e redução dos boletins a serem digitados em escritório.
Com a adoção desse sistema, dados que chegavam à empresa em até três dias passaram a chegar a cada 5 minutos, trazendo agilidade às rotinas de fechamento mensal, à geração dos relatórios e à informação de estoque de madeira. Com o propósito de viabilizar a comunicação entre o campo e o escritório, as empresas têm adotado o uso de tecnologia de mobilidade, uma vez que, para tomar decisões diárias in loco, é necessário disponibilizar dados e cruzar informações, como histórico da realização das operações, caracterização do relevo, inventário florestal e localização.
Além disso, é imprescindível a inserção e a atualização de dados espaciais no cadastro florestal, o que proporciona agilidade para os usuários, minimizando as possibilidades de erros. No cenário de drones, seu uso na aplicação de defensivos agrícola é uma inovação na Cenibra, pois ele opera em qualquer tipo de relevo e tem alta mobilidade entre frentes de trabalho.
Para atender às demandas específicas da empresa, foi preciso utilizar sistemas de sensor de relevo do tipo sonar para detecção da superfície do terreno inclinado e garantia da altura de voo para aplicação. Os principais ganhos do processo são a redução de custos e a mecanização de áreas com inclinação superior a 17°, além da redução dos insumos, do consumo de água e maior segurança na realização da atividade. Hoje, o projeto está em escala operacional, com previsão de mais de 4.000 hectares para 2019.
Tendo em vista os aspectos mencionados, faz-se evidente que os avanços alcançados com o uso das geotecnologias tornam seu emprego indispensável para manejo e operação florestal, otimizando os recursos humanos, materiais e financeiros. Essas tecnologias estão disponíveis em diferentes custos e precisões, algumas, inclusive, gratuitas, dando ao gestor flexibilidade para aderir àquelas que atendam às necessidades do processo.