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Caio Eduardo Zanardo

Diretor Presidente da Veracel

OpCP78

Futuro passa por pessoas, inovação e sustentabilidade
O setor florestal brasileiro vive um momento importante para consolidar sua posição de liderança na produção sustentável de recursos renováveis. Os números falam por si: mais de 10 milhões de hectares de florestas plantadas e investimentos projetados de R$ 102 bilhões até 2028, segundo a IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores, e associações estaduais. É uma questão de volume, assim como de qualidade e sustentabilidade, com forte aposta em inovação tecnológica e gestão responsável, garantindo nossa competitividade no mercado internacional.
 
Entre os principais desafios está a renovação da força de trabalho. O setor florestal e o agronegócio como um todo enfrentam uma lacuna preocupante: a média de idade dos trabalhadores rurais é elevada, enquanto o interesse dos jovens pelo campo diminui. Muitos enxergam as atividades rurais limitadas em oportunidades ou distantes das inovações que os atraem. 
 
Essa desconexão precisa ser revertida para que possamos atrair talentos e garantir a sustentabilidade do setor. A solução passa pela inovação, essa é a chave para transformar essa realidade. O Brasil pode liderar a inovação no setor florestal, mas isso depende de investimento em infraestrutura, capacitação e modernização tecnológica. 

Tecnologias como automação, robótica e inteligência artificial têm o potencial de alavancar as operações florestais, aumentando a produtividade, reduzindo custos e promovendo a segurança. Já utilizamos drones para monitoramento, modelagens para projetar o crescimento das árvores e planejar o abastecimento e sensores para detectar focos de incêndio. No entanto, precisamos avançar no cerne das operações florestais. 

Hoje, nossas máquinas de plantio funcionam bem, mas ainda estão longe da eficácia de sistemas automatizados ou de um ser humano. O desenvolvimento de sistemas robóticos para tarefas repetitivas e perigosas é possível, mas exige esforço coordenado. 

Parcerias com instituições são essenciais. Aqui, na Veracel, estamos próximos do Cimatec, uma das principais instituições de pesquisa e inovação do Brasil, com um histórico de soluções avançadas para a indústria. Com essas parcerias, temos a oportunidade de desenvolver soluções específicas para o setor florestal, assim como a indústria de óleo e gás fez com sucesso.

Também é necessário enfrentar as ameaças que comprometem nossa produtividade. Entre 10% e 20% das perdas no setor são causadas por pragas e doenças. O manejo integrado, aliado ao uso de sensores que avaliem a saúde das plantações em tempo real, pode ajudar a mitigar esses problemas. Isso contribuirá para a redução do uso de químicos, avançando no conceito de "jardinagem", onde máquinas realizam tarefas hoje impensáveis. 

Um exemplo disso foi quando, em 2004, “Nelsinho”, o coordenador de colheita da Veracel Celulose e Papel na época, sugeriu um robô para desrama de florestas; hoje é algo totalmente factível.

Além disso, o avanço em bioinsumos abre novas possibilidades. Assim como a adubação florestal enfrentou ceticismo no passado e hoje é um pilar da produtividade, os bioinsumos representam uma nova fronteira tecnológica que precisa ser integrada à prática e ao ensino.

O fortalecimento da educação técnica é outro pilar dessa transformação. As escolas técnicas precisam ser revitalizadas com currículos alinhados às demandas do setor e do mercado. Conselhos consultivos com empresas, instituições de ensino e governos podem assegurar uma formação prática e aplicada. O Sistema S – como SENAI e SENAR –  deve ser incentivado a oferecer cursos voltados às tecnologias emergentes. 
 
Além das competências técnicas, habilidades socioemocionais como liderança, empatia e trabalho em equipe são indispensáveis para formar profissionais preparados para os desafios de um setor em constante evolução. Ainda não podemos ignorar a importância de investimentos em infraestrutura digital para destravar o potencial do setor. Conectividade é essencial para incorporar inovações no campo; precisamos de políticas públicas que promovam isso. 
 
Sem acesso à internet de qualidade, inovações como sensoriamento remoto e automação perdem seu impacto. Ao mesmo tempo, a infraestrutura viária continua sendo um gargalo crítico, tanto para a segurança das pessoas quanto para a eficiência operacional. Milhões de quilômetros são percorridos anualmente, muitas vezes em condições precárias. Melhorar essas rotas aumentará a segurança e a produtividade.

Para tornar o setor de florestas plantadas atraente para os jovens, precisamos ir além. É necessário tornar claro que trabalhar com florestas plantadas é muito mais do que operar máquinas: é estar na linha de frente do combate às mudanças climáticas, promovendo o uso sustentável dos recursos e contribuindo para uma economia mais verde. 

Mostrar que o setor é inovador e que possui propósito e um papel essencial no futuro do planeta pode ser a chave para reverter a falta de interesse e renovar a força de trabalho. A história do setor de florestas plantadas no Brasil é marcada pela superação de desafios, pela resiliência e pela capacidade de se reinventar. 
 
Temos a oportunidade de, mais uma vez, sermos pioneiros. Com uma visão estratégica que une inovação, capacitação e sustentabilidade, podemos não apenas enfrentar os desafios do presente, mas construir um futuro ainda mais promissor para o setor. O Brasil tem tudo para ser líder global em florestas plantadas - e esse futuro pode começar agora.