Coautora: Carolina da Silva Saraiva, Chefe da DIPOI, Divisão de Prospecção de Oportunidade de Fomento para Inovação, do Ministério da Agricultura e Pecuária
O Marco Legal das Startups e do empreendedorismo inovador, instituído pela Lei Complementar nº 182, de 2021, apresenta medidas de fomento ao ambiente de negócios e ao aumento da oferta de capital para investimento em empreendedorismo inovador.
O Marco reconhece o empreendedorismo inovador como vetor de desenvolvimento econômico, social e ambiental; incentiva a constituição de ambientes favoráveis ao empreendedorismo inovador, com valorização da segurança jurídica e da liberdade contratual como premissas para a promoção do investimento e do aumento da oferta de capital direcionado a iniciativas inovadoras.
Ele facilita a modernização do ambiente de negócios brasileiro, à luz dos modelos de negócios emergentes, e fomenta o empreendedorismo inovador como meio de promoção da produtividade e da competitividade da economia brasileira e de geração de postos de trabalho qualificados.
Ele possibilita o aperfeiçoamento de políticas públicas e instrumentos de fomento ao empreendedorismo inovador; a cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre empresas, com a conformação de ecossistema de empreendedorismo inovador e promoção da competitividade das empresas brasileiras, e da internacionalização e atração de investimentos estrangeiros.
Neste ambiente, foi criada a Forest Startup Conecta, uma iniciativa desenvolvida em conjunto pela Embrapa Florestas, pelo MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária e pela Malinovski. Seu objetivo é promover a visibilidade das startups, colaborando para que soluções tecnológicas inovadoras (produtos e processos) atendam às demandas e viabilizem novos negócios no setor brasileiro de base florestal, para tornar as cadeias produtivas mais eficientes, gerar empregos e renda.
Como parte das ações da Forest Startup Conecta, junto com os eventos técnicos da Expoforest 2023 (5° Encontro Brasileiro de Silvicultura e 19° Simpósio de Colheita e Transporte de Madeira), foi promovido o 1º Prêmio Expoforest de Startups no Setor de Plantações Florestais.
Assim, tecnologias apresentadas por startups contemplaram o segmento de árvores plantadas em monocultivos e em integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), envolvendo áreas técnicas apresentadas na Tabela 1, em destaque na página seguinte, definidas com base na classificação de Startups do Radar AgTech Brasil da Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens, com ajustes para o setor de plantações florestais.
Os cases apresentando as Tecnologias foram avaliados por diversos representantes do setor florestal, envolvendo empresas florestais, associações estaduais e instituições públicas e privadas. Para avaliação, foram considerados os itens: 1. Viabilidade técnica, 2. Diferencial da Tecnologia, 3. Potencial de impacto técnico, 4. Potencial de impacto econômico, 5. Fase de desenvolvimento da tecnologia, 6. Expectativa de prazos e 7. Visão de futuro.
As tecnologias selecionadas passaram a compor o Portfólio “Forest Startup Conecta - Tecnologias com elevado potencial de contribuições para o setor florestal”. O Portfólio, a ser publicado no formato digital, apresentará informações enviadas no Formulário de Inscrição envolvendo itens sobre a Tecnologia como: viabilidade, diferencial e potencial de impacto. Tem ampla divulgação no setor de plantações florestais, de forma a promover visibilidade para parceiros e clientes potenciais.
Nesta primeira edição do Prêmio, foram selecionadas como finalistas 27 tecnologias (descritos na Tabela 2). Com base na indicação
de seus autores, estas tecnologias destacaram-se com forte amplitude de áreas de atuação, apresentando sinergia com 22 das 26 áreas técnicas estabelecidas na Tabela 1.
As três tecnologias mais bem classificadas para cada uma das categorias, Geral e Estudantes, receberam troféus no bloco final dos Eventos Técnicos. Uma tecnologia, que tinha uma mulher como responsável, recebeu da organização Rede Mulher Florestal o troféu “Destaque Startup Mulher Florestal”.
As startups vencedoras desta edição foram, na categoria geral, a Quanticum, a Quiron Digital e a Radaz. Na categoria Estudantes, foram a Peephole e a Smart Timber. A Radaz também recebeu o troféu “Destaque Startup Mulher Florestal” da Rede Mulher Florestal.
O prêmio contou com o apoio de: Associação Baiana de Empresas de Base Florestal (Abaf), Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abinci), Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Associação dos Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta), Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), Cubo Itaú, Associação Paulista de Produtores, fornecedores e consumidores de florestas plantadas (Florestar), Homo Ludens, Radar AGTech, Rede Mulher Florestal, Associação Sul-Mato-Grossence de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore), SP Ventures e Vbio.
Pesquisa científica, startups e os recursos florestais dos biomas brasileiros:
Forest Startup Conecta constitui um portfólio de tecnologias desenvolvidas por startups para o todo o setor florestal brasileiro. Nos eventos técnicos da Expoforest, apenas o segmento de plantações florestais foi objeto de premiação. Entretanto, na sua continuidade, a Forest Startup Conecta passa a envolver Startups que desenvolvam tecnologias para os componentes de todas as formações florestais, em todos os biomas, suas restaurações e proteção, seus produtos e serviços ambientais.
No âmbito do potencial econômico, com preservação dos recursos florestais dos biomas brasileiros, há um gigantesco espaço para trabalhos envolvendo biodiversidade.
O pesquisador da Embrapa Dr. Alfredo Kingo Oyama Homma, em seu livro “Extrativismo, biodiversidade e biopirataria na Amazônia”, destaca, com muita propriedade, a necessidade de entender as limitações da economia extrativista e de estabelecer metas concretas de incorporar novos produtos da biodiversidade ao processo produtivo, conectadas com o setor empresarial, e de programas de crédito, assistência técnica e associações com países desenvolvidos com garantias mútuas, obedecendo ao ciclo de vida dos produtos. Uma lista de patentes requeridas por diversos países sobre produtos de plantas da Amazônia (descritos na Tabela 3), apresentada por este autor, evidencia os interesses econômicos de países desenvolvidos na biodiversidade brasileira. Castanha-do-pará, por exemplo, teve 73 patentes requeridas nos Estados Unidos.
Nota-se que são patentes envolvendo produtos ou processos que poderiam ter sido desenvolvidos pelo Brasil, com potencial para a geração de emprego e renda, a partir de propostas inovadoras e investimentos em pesquisa científica e em viabilização de startups no País.
O portfólio Forest Startup Conecta será mantido ativo, com divulgação permanente, promovendo a visibilidade das tecnologias que dele participam, conectando startups com parceiros, investidores e clientes, de forma a viabilizar negócios no setor florestal.